quinta-feira, março 30, 2023

Nota do dia (depois de ver tanto fumo ser vendido)/Apunte del día (después de haber visto como se vende tanto humo)

Nota do dia (depois de ver como se vende tanto fumo): "A espontaneidade não tem segundas intenções".

Apunte del día (después de haber visto como se vende tanto humo): "La espontaneidad no tiene segundas intenciones".

quarta-feira, março 29, 2023

Uma fotografía de Eleni Vraka

 


Um canto da cidade grega de Salónica (Σαλονίκη / ou Tesalónica, Θεσσαλονίκη). A autora da fotografia é Eleni Vraka (Ελένη Βράκα). No sinal da parede pode ler-se em grego: “Não estacionem. Saída de parking”.



Penso que uma briga...

Penso que uma briga se dá quando dois brios pessoais se desentendem e decidem enfrentar-se para sobrepôr um brio ao outro. O verbo "brigar" , que não encontro na minha outra língua, talvez venha do celta atlântico, dado que "brigos" (apreço, dignidade, honra) originou o "brio" que herdou a língua portuguesa, enquanto que o espanhol, se decantou mais por "pundonor", de ares mais latinos, catalães e mediterrânicos...
Às vezes o nosso brio, para ser defendido, temos de pelejar, essa maneira já erudita de nos referirmos a brigar. Quer se ganhe, quer se perca, há brios que merecem a nossa entrega à luta... lembro-me do brio que o meu pai me tentou incutir.

terça-feira, março 28, 2023

Alma e IA

Hoy, hablando del Chat GPT con unos compañeros, mi amigo Carlos me dijo, después de haber visto este pantallazo, que pronto la Inteligencia Artificial tendrá sentimientos. No lo sé, hay un montón de perspectivas e incluso gente que niega la existencia del alma en las cosas. Yo era uno de esos, hasta que me di cuenta que estoy rodeado de objetos con alma y que conozco a demasiados desalmados...
Hoje, à conversa sobre o GPT Chat com alguns colegas, o meu amigo Carlos disse-me, depois de ver este printscreen, que a Inteligência Artificial em breve terá sentimentos. Não sei, existem muitas perspectivas e até pessoas que negam a existência de alma nas coisas. Eu era um desses, até que percebi que estou rodeado de objetos com alma e que conheço demasiados desalmados...


Ramón tiene siempre razón...

Ramón tiene siempre razón: "Los fotógrafos hacen constantemente fotografías a los gatos [¡entonces en las redes sociales!], pero los gatos son los que hacen las mejores fotos a los fotógrafos." 
Ramón tem sempre razão: "Os fotógrafos tiram constantemente fotografias aos gatos [então nas redes sociais!], mas os gatos são os que tiram as melhores fotografias aos fotógrafos."

segunda-feira, março 27, 2023

Goethe diz-me...

Goethe diz-me que "Prontamente nos curvamos à antiguidade, mas não à posteridade. Somos apenas um pai que não inveja o talento do seu filho.". Não sei que tipo de pai foi, porém, eu, que assumo a normalidade dos meus filhos, já vou admirando serem aquilo que são no presente. Quanto ao passado, gosto que não se curvem, mas que o entendam e, como a qualquer outra boa pessoa, que o tenham em consideração na hora de qualquer conclusão.

domingo, março 26, 2023

John Wick (IV)

26/IV/2023 "John Wick" (mais concretamente o IV): a inverossímil elegância de quase três horas de porrada e tiros coreografada ao pormenor. E mais do que sétima arte em acção, gosto de pormenores. O Keanu Reeves talvez nunca venha a vencer galardões de interpretação, mas há muito que figura no panteão inaugurado pelo Bruce Lee, também filósofo como Reeves, contudo com um carisma menos agradável, generoso e empático, e se é para a batatada pelo menos que o protagonista seja um dedicado esposo que gosta de cães...
"John Wick" (más concretamente la IV): la inverosímil elegancia de casi tres horas repartiendo leña y disparando coreografiada al detalle. Y aún más que el séptimo arte en acción, me encantan los detalles... Puede que Keanu Reeves nunca gane galardones de interpretación, pero desde hace mucho que figura en el panteón inaugurado por Bruce Lee, también filósofo como Reeves, sin embargo con un carisma menos agradable, generoso y empático, y si es para dar de hostias por lo menos que el protagonista sea un dedicado esposo a quien le gustan los perros...


sábado, março 25, 2023

Apresentação de “Criptopórtico” - Ruy Ventura (Portalegre, 24/III/2023, Fotos de Mila Mena)

Apresentação de Criptopórtico de Ruy Ventura (Portalegre, 24/III/2023)


Antes de mais, permitam-me saudar todos os presentes e agradecer ao Ruy Ventura a amizade e a consideração ao querer ter-me aqui, nesta cidade tão importante no percurso vital de ambos, a acompanhá-lo na apresentação deste seu Criptopórtico. É uma honra e uma responsabilidade, pois as minhas palavras são limitadas para a apreciação de um poeta como o Ruy Ventura, mas, como sabe, a estima que por ele tenho exige-me a tentativa de superar as minhas limitações.

Conheço a obra do Ruy Ventura desde 2015 e tive a privilégio de o conhecer pessoalmente, também no mesmo ano e, casualmente, também num mês de março, ao apresentá-lo em espanhol na Aula de Poesía Díez-Canedo de Badajoz, onde a figura do poeta se sobrepôs às facetas de investigador e de divulgador cultural (destacando-se como co-director da revista iberoamericana de cultura Devir), sendo parte integrante de uma lista de ilustres da lírica peninsular que merece a pena consultar.

Resgatei para português o que escrevi na época e parece-me pertinente voltar a partilhá-lo em público: “Não é o tempo cronológico que põe as vírgulas na poética de Ruy Ventura, quiçá alguns grãos de areia ou ramos podados de alguns momentos que enchem uma casa, cujos alicerces são uma espécie de raiz a suster uma arquitectura de silêncio. Desde o relevo encontramos a força telúrica da serrania, a escrever e a reescrever a sua voz. O poeta persegue imagens a caminhar com a lucidez do vate que não fecha os olhos, que fotografa tudo porém sem encontrar nada para revelar. E por que razão se tem de revelar o olhar? (...) Ao optar pela prosa, narra o poético que encontra no seu universo, com uma linguagem a deixar deslumbrar-se pelo seu próprio movimento, chegando ao ponto de permitir ferir-se pelas suas imagens. (...) Ao guardar nos olhos as sementes, o poeta logra abandonar a brevidade e as correntes que podem ser as nossas raízes, obturando, sempre, em gestos impregnados de nitrato de prata, a sombra da sua original voz poética.”

Hoje, volvidos oito anos, Ruy Ventura não é apenas esta poesia em prosa compreendida nas minhas limitações de leitor de então, esse lirismo narrativo cuja riqueza de léxico (e que riqueza, diga-se de passagem!) sobrepassa densidades, adjetivações e adentra-se num território vasto, possivelmente indecifrável, com exceção para aqueles que conhecem a agrestia desta serra e a solenidade destas vistas.  

Contudo, a herança do húmus, quer biográfico, quer da devoção a Raúl Brandão, afastam este Criptopórtico da exclusividade da mencionada solenidade, isto é, a erudição que o leitor encontra nos primeiros capítulos “Contramina” e “Arqueologia” (onde o poeta denota outras vocações e a presença da academia, que o reconhece como historiador da arte e intelectual) não é alicerce e dilui-se num tom intimista, desmorona-se em plena “Sismografia”, evidenciando a luta entre uma crença que não é impermeável à dúvida que, enquanto elemento de escuta, é também a voz de Ruy Ventura.

“Passagem”, por seu turno, não depende da dúvida e não questiona a redenção para a literatura de Judas Iscariotes, Simão Pedro ou Lúcifer, admite a poesia como via sacra e assume o poeta como peregrino, não só através do caminho, mas pelo desbravar da escrita. Admiro esta “Passagem” de um poeta que, num presente dessacralizado, tem a coragem de se ajoelhar perante um altar matriarcal, que muitos são incapazes de conceber para além de uma simples manifestação de “fé de Portugal”.

A arquitectura deste Criptopórtico leva-nos à base alicerçada da casa, da infância, do passado de um jovem poeta presente no “horizonte com cidades ao fundo” de um poeta adulto que, como tantos outros, saiu, da sua cidade sem jamais abdicar da honestidade para com o seu substrato.

“Apócrifos”, possivelmente o mais biográfico de todos os capítulos, encerra esta antologia com um poeta que, através da sua lírica, se compromete mais além da poesia, indagando sobre o monocultivo artístico, a frivolidade de um certa intelectualidade (se é que podemos mencionar intelectualidade) e se assume como cidadão livre e guardião de valores que esta pós-modernidade, líquida, carente de pensamento simbólico e deselegante, faria com que José Régio, provavelmente, reecrevesse o seu “Cântico Negro”, reivindicando transfusões de “sangue velho dos avós” para alguns que se autoproclamam poetas e que nem sequer lêem, muitíssimo menos poesia… 

Ruy Ventura pergunta-nos se “valerá a pena escrever?”. Atrevo-me a responder-lhe que escrever é uma necessidade à qual nos prostramos como seres marrecos que somos, ou, como ele próprio bem sabe, há quem seja como esses rebentos, esses pés de burro, que teimam em resistir à pode e ao herbicida, e, se vêem a sua sobrevivência ameaçada, têm a lucidez de se transplantar.

Caro amigo, não sei se te lembras, mas, no dia 24 de Julho de 2015, escreveste esta discreta entrada de diário que sublinhei sem imaginar que hoje, nesta bela cidade de Portalegre, ta ia recordar:

“Gosto de ler, pensar e escrever nesta espécie de jardim sem flores, fitando as oliveiras. Como eu, são alentejanas exiladas que, apesar do desterro, vão agarrando a terra com as raízes, produzindo rebentos, resistindo a podas sem tino, produzindo fruto que só alguns aproveitam. Sobreviveram ao deserto e à barragem, mas tiveram de migrar. Também eu, se me permitem.”

Migrar não se adapta a ti (e, se me permites, tão-pouco a mim), nem sequer esse transplantar típico das nossas oliveiras. As tuas raízes há muito que superam pedra, entulho e secas circunstanciais, têm a longitude da nossa Ibéria e bebem em vários mananciais… No entanto, nada como podermos saciar a nossa sede na terra que nos brindou generosamente com as primeiras gotas…  

Muito obrigado pela vossa atenção.


Luis Leal


Foto de Mila Mena

Foto de Mila Mena

Foto de Mila Mena

quarta-feira, março 22, 2023

Apresentação de "Criptopórtico" de Ruy Ventura (Portalegre, 24/III/2023, 17:30h)

Esta sexta-feira, dia 24 de março, acompanharei Ruy Ventura na apresentação do seu “Criptopórtico”, algo que, para este servidor, é uma dupla honra: acompanhar o poeta e estar em Portalegre, essa cidade que tanto significa no meu percurso vital... Será às 17:30h na antiga biblioteca da Escola Secundária de São Lourenço e todos são bem-vindos.
Este viernes, 24 de marzo, acompañaré a Ruy Ventura en la presentación de su "Criptopórtico", algo que, para este servidor, es un doble honor: acompañar al poeta y estar en Portalegre, esa ciudad que mucho significa en mi recorrido vital... Será a las 17:30h en la antigua biblioteca de la "Escola Secundária de São Lourenço" y sois bienvenidos.