quinta-feira, agosto 31, 2006

Pátrias...

Uma boa forma de passar o tempo nestes dias de maior calor será porventura a leitura e também a praia, porém quando está muito calor e os UV a apertar um livro é sempre boa companhia. Dei por mim a ler um do Saramago "Levantado do chão", uma leitura bem complicada sem oportunidades de desconcentração. O livro relata as vivências das gentes de Monte Lavre lá no concelho de Montemor-o-Novo na década de quarenta, no latifúndio como lhe chama Saramago. Tempos bem difíceis!
Apeteceu-me partilhar um parágrafo que achei bem contextualizado para a actualidade. Senão vejamos...

"Fez António Mau Tempo uma pausa, bebe um gole curto de vinho, para falar melhor, limpa a boca às costas da mão, não há guardanapo mais natural, e torna a dizer, Acham eles que passando nós fome nas nossas terras nos devíamos sujeitar a tudo, mas aí é que se enganam, que a nossa fome é uma fome limpa, e os cardos que temos de ripar, ripam-nos as nossas mãos, que mesmo quando estão sujas, limpas são, não há mãos mais limpas do que as nossas, é a primeira coisa que aprendemos quando entramos no quartel, não faz parte da instrução da arma, mas adivinha-se, e um homem pode escolher entre a fome inteira e a vergonha de comer o que nos dão, quando também é certo que a mim me vieram chamar a Monte Lavre para servir a pátria, dizem eles, mas servir a pátria não sei o que seja, se a pátria é minha mãe e é meu pai, dizem também, de meus verdadeiros pais sei eu, e todos sabem dos seus, que tiraram à boca para não faltar à nossa, e então a pátria deverá tirar à sua própria boca para não faltar à minha, e se eu tiver de comer cardos, coma-os a pátria comigo, ou então uns são filhos da pátria e os outros filhos da puta."
In, SARAMAGO, JOSÉ "Levantado do Chão" da editorial CAMINHO pág. 225 da 14ª edição.

terça-feira, agosto 29, 2006

O melhor lugar do Mundo...a seguir ao Alentejo.



Apesar de ter 30 anos confesso que sou um nostálgico incorrigivel, e digo isto por quê? Precisamente à um ano tive a oportunidade de ir ao Brazil de férias-destino; PIPA, no Nordeste do Brazil. Confesso aqui que até à altura este destino nunca me havia seduzido, fui depois de "alguma" insistência por parte da Idalete.
Quando cheguei dei com o paraiso; praias lindissimas,um hotel no meio da mata onde os Saguins vinham comer na nossa mão e principalmente a Vila de Pipa, uma pequena terra de pescadores onde impera a paz e o sossego, uma terra sem violência onde parece que todos são felizes com o que têem, emfim o paraiso.
As saudades são já muitas, saudades dos jantares no Restaurante "Panela de Barro", dos passeios de "Buggy" pelas dunas, da Fazenda "Bom Jardim"e principalmente saudades da simpatia daquele povo irmão.
"Moradia de golfinhos e tartarugas marinhas a praia de Pipa pertence ao município de Tibau do Sul, nome indígena que significa “entre duas águas” (já que é cercado pela Lagoa de Guaraíras e o Oceano Atlântico).
De “Orotapiry” - aldeia do homem branco em tupi, “Itacoatiara” - pedra principal de cor amarelada e “Ponta do Cabo Verde”– devido a belíssima vista da Mata Atlântica que os navegadores viam ao longe- a vila acabou sendo conhecida por Pipa porque a Pedra do Moleque (situada no ponto mais extremo da praia dos Afogados) parece ao longe como um barril de vinho ou cachaça. Talvez venha daí sua propriedade em “entontecer” os aventureiros e turistas do mundo desde a época em que piratas de todas as nacionalidades desembarcavam nas suas praias em busca do pau Brasil.

E é de entontecer mesmo! Aqui logo na chegada, ao longo da estrada você se depara com praias de águas claras e mornas, imensos coqueirais, piscinas e mirantes naturais, imponentes falésias ainda cobertas pela Mata Atlântica, dunas branquíssimas, enseadas, despenhadeiros. Localizada no maior santuário ecológico do Estado do Rio Grande do Norte, eleita pelo Guia 4 Rodas como uma das 10 mais belas praias do Brasil, a Pipa começou a ficar famosa nos anos 80 através dos amantes do surf.
Mas aqui pode-se fazer de tudo: passeios de barcos, de buggy, caique ou a cavalo, caminhadas e rally pelas trilhas da Mata Atlântica. Inclusive este é um de seus encantos: consegue conciliar um cenário deslumbrante e um roteiro de tirar o fôlego à uma infra-estrutura cheia de charme e conforto, com pousadas, bares, lojinhas e restaurantes de gastronomia com nível internacional.
A noite é uma atração à parte. Cosmopolita e agitada a balada pipense requer energia pois dura pelo menos até o sol nascer. E o melhor: ela é freqüentada por jovens do mundo todo que se entregam mesmo ao molejo do forró regional às batidas do techno.
Certamente foi essa efervecência o fator decisivo para a revista Viaje Mais eleger a noite pipense a “mais quente acima do Recife”. Mais do que vivenciar um dos points da badala nordestina, estar em Pipa é certeza de desfrutar “dias inesquecíveis de lazer e entretenimento ou simplesmente descanso e paz junto à natureza exuberante, sob as bençãos de São Sebastião, padroeiro e protetor do lugar”.

sábado, agosto 26, 2006

Uma outra forma de contar o 25 de Abril...


José Ruy, um dos grandes nomes da nona arte portuguesa, abordou, de uma forma bastante interessante, a história inerente a esse acontecimento marcante da cultura portuguesa da segunda metade do século XX, o 25 de Abril de 1974. A prova que o estudo da óptica é fundamental para a reflexão histórica, há que ver através de várias lentes! A oftalmologia e a história, de facto, são complementares...

Isto

É brando o dia, brando o vento.
É brando o sol e brando o céu.
Assim fosse o meu pensamento!
Assim fosse eu, assim fosse eu!

Mas entre mim e as brandas glórias
Deste céu limpo e este ar sem mim
Intervêm sonhos e memórias...
Ser eu assim, ser eu assim!

Ah, o mundo é quanto nós trazemos.
Existe tudo porque existo.
Há porque vemos.
E tudo é isto, tudo é isto!

Fernando Pessoa

sexta-feira, agosto 25, 2006

Frases com História


Este livro é um optimo acompanhante para todos aqueles que gostam de conhecer um pouco mais sobre o nosso país.
"Frases que fizaram a História de Portugal" é um fantástico livro onde podemos saber um pouco mais sobre todos aqueles que comtribuiram de alguma forma para que o tempo avance no nosso cantinho luso.

Rafael Burdalo Pinheiro, Camões, Cavaco Silva, entre muitos outros são citados nesta obra que contextualiza e explica as frases que fizeram história.
Quem sabe se poderá ser uma boa ajuda para os jovens se interessarem pela nossa história ou mesmo por literatura?
Apenas uma sugestão, embora se possa revelar bastante útil.

Ainda se vê nas estradas do Alentejo


Ao entardecer vi este retrato do trabalho bucólico. O trânsito parado, observava com ternura e paciência as ovelhas apressadas pelos cães e pelos pastores, e assim foi, justamente à entrada de Redondo.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Tabuletas no Churrasco


Com os fogos a desorientação é total, para além da paisagem, literalmente, a carvão, os acessos e direcções para algumas localidades do interior, como esta, no distrito de Castelo Branco, ficam totalmente ilegíveis e não orientam ninguém. O pior é quando as placas não são substituídas e há já alguns anos que ficam assim (vá lá, ainda há umas "almas caridosas" da cidadania que rabiscam os nomes das localidades sobre a "farrusca", como na foto à direita). Para quem gosta de percorrer os caminhos de Portugal é bastante mau, mas, vejamos o lado positivo da questão, os incendiários têm mais dificuldade a dar com as florestas e matas, pois perdem-se pelo caminho...

António de Andrade - A Última Fronteira


Poucos conhecem a aventura deste beirão de Oleiros que, nos idos de seiscentos, partiu de Agra, no Norte da Índia, e caminhou até Tsaparang, em pleno Tibete Central, onde estabeleceu uma missão. Aos alpinistas modernos, as condições da viagem do padre António de Andrade pelas montanhas do Himalaia não deixariam de causar arrepios. Levando apenas "um cambolim pera se cobrir, e um alforge com algua cousa pera comer", Andrade subiu aos píncaros mais altos do globo e atravessou a enorme parede do Himalaia pela portela de Mana, a mais de cinco mil metros de altitude. Pelo caminho, descobriu uma das nascentes principais do rio Ganges e passou tormentos indescritíveis.A notícia da descoberta do Tibete, publicada em Lisboa em 1626 e recentemente reproduzida numa obra de Hugues Didier, foi traduzida em várias línguas e causou grande sensação em toda a Europa. Uma vez mais, julgava-se estar perante o lendário reino do Grão Cathayo, que Marco Polo situara algures na Ásia e onde, supostamente, existiriam cristãos. Desde a Idade Média que circulavam na Europa notícias vagas dessas "cristandades perdidas"- a localização desses reinos deslocava-se nos mapas à medida que se exploravam novas terras, mas, em meados do XVII, uma boa parte do mundo estava ainda por descobrir.A 30 de Março de 1624, o padre António de Andrade partiu de Agra para acompanhar Jahangir, imperador mongol, a Caxemira. Em Deli, ao saber que uma caravana de peregrinos partia para um afamado templo, a mês e meio de caminho para nordeste, o jesuíta decidiu segui-los, ciente de que encontraria comunidades cristãs - ou que já o teriam sido em tempos - para além dos Himalaias.Andrade, o irmão Manuel Marques e dois criados deixaram a cidade disfarçados de muçulmanos, "com toucas e cabaias". Seguindo pelo rio Ganges, iniciaram a subida das primeiras montanhas do Himalaia. São elas as mais fragosas e altas, que parece haver no mundo. (...) Basta saber que depois de andar dois dias desde pela manhã até noite, não acabamos de passar ua." Nalguns trilhos só era possível caminhar pé ante pé. "São pela maior parte aquelas serras tão talhadas a pique, como se por arte estivessem a plumo', correndo-lhe lá no profundo como em um abismo o rio Ganges, que por ser mui caudaloso e se despenhar com notável estrondo por grande penedia entre serras tão juntas acrescenta com seu eco o pavor que a estreiteza do caminho causa a quem vai passando." Apesar da dureza do percurso, havia entre os peregrinos "muitos de crescida idade, já com os pés na cova, e muito inferiores a nós nas forças e na idade, que nos serviam de boa confusão".Em Srinagar, capital da província de Garhwal, "nos fizeram grandes exames de quem nós éramos, de nossa pretensão". Alguns dias e muitas perguntas depois continuaram, passando o Ganges várias vezes, "por cima da neve que o cobria por grandes tratos, indo ele fazendo por baixo seu curso com grande estrondo", e, "ao cabo de mês e meio chegamos ao pagode Badrid", ou Badrinath, a 3.170 metros de altitude. Andrade notou as fontes de água quente que brotavam no local, bem como os costumes daquele povo da montanha.A portela de Mana, a 5.604 metros de altitude, só permite a passagem durante dois meses do ano. Impaciente, Andrade fez uma primeira tentativa falhada que quase lhe custou a vida: "Nos pés, mãos e rosto, não tínhamos sentimento ( ... ) Aconteceu-me pegando em não sei quê, cair-me um bom pedaço do dedo, sem eu dar fé disso, nem sentir ferida, se não fora o muito sangue que dela corria. Os pés foram apodrecendo de maneira, que de mui inchados, no-los queimavam depois com brasas vivas, (...) e com mui pouco sentimento nosso."Durante o intento, descobriu uma das principais nascentes do Ganges, um tanque encravado na encosta do monte Kamet. Para lá da portela de Mana estendia-se o vasto planalto do Tibete, mas era impossível prosseguir com a vista dos olhos quase toda perdida (....), sem poder rezar o oficio divino, nem ainda conhecer uma só letra do breviário". Viu-se então obrigado a voltar para trás e a tentar novamente semanas mais tarde. Desta vez, mandaram avisar o rei do Guge, um dos reinos do Tibete, da sua chegada, e este enviou-lhes guias e cavalos para facilitar o último troço do caminho. No início de Agosto de 1624, o missionário entrava na cidade real de Tsaparang, na margem do rio Sutlej, e a população saía à rua para acolher aquela "gente muito estranha e nunca vista por aquelas terras". O rei do Guge recebeu os missionários com todas as honras. Espantava-o a fé inabalável deste homem que sofrera as piores agruras para lhe trazer a lei do seu deus. Andrade permaneceu quase um mês no Tibete e prometeu voltar no ano seguinte. Para trás deixou urna imagem de Nossa Senhora e crucifixos que a família real passou a usar ao peito.De regresso a Agra, Andrade apressou-se a escrever ao provincial da Companhia, em Goa, informando-o da sua viagem. O entusiasmo era notório. O rei do Tibete mostrara-se favorável aos missionários e ao cristianismo, e prometia até receber o baptismo. O ambiente era propício ao estabelecimento de uma missão, e Andrade partiu nos princípios de Junho de 1625 com o padre Gonçalo de Souza, de Matosinhos, e o irmão Manuel. Dois meses e meio depois chegam a Tsaparang e Andrade volta a escrever dando conta da nova missão. Fala dos reinos do Tibete - Guge, onde se encontram, Ladak e Rudok, para norte, e Utsang, para leste -, referindo que Katai não é o Grão Cathayo procurado pelos navegadores, mas uma cidade próxima do Sul da China. Relata a vida, a religião, as rotas comerciais, os costumes, a morfologia, a vegetação, o clima e as várias povoações das regiões dos Himalaias, fornecendo inúmeras informações sobre paragens até então desconhecidas.As semelhanças entre alguns aspectos da religião dos lamas e da religião cristã confunde o missionário, que vê na primeira uma forma deturpada da segunda. Andrade envolve-se em acesas discussões teológicas com os lamas mas, obrigados a comunicar em três línguas diferentes e dada a natureza dos assuntos discutidos, o entendimento era praticamente impossível. Conclui que os tibetanos não são cristãos, mas povos "mui diferentes de todos aos de que tivemos notícias até agora".A 12 de Abril de 1626, dia de Páscoa, foi colocada a primeira pedra da igreja dedicada à Virgem da Esperança. No início do Verão chegavam reforços à missão de Tsaparang. Desta vez, os missionários percorreram um caminho mais transitável a partir de Nova Deli, seguindo para norte e depois sempre ao longo do rio Sutlej para noroeste. No Natal desse ano a família real assistiu à missa na igreja, e visitou o presépio com grande deferência.Uma terceira carta escrita em Setembro de 1627 dava conta de três padres em Tsaparang, ocupados no estudo da língua. "A nossa igreja está de todo acabada, e tão graciosa e aprazível que não há mais que desejar." O padre António Pereira chegava nesse ano para estabelecer uma missão em Rudok, 200km a norte de Tsaparang, e, até 1629, outros missionários passariam por aquela missão. Em finais de 1629, Andrade regressava a Goa para ocupar o cargo de provincial da Companhia. Morreu envenenado a 19 de Março de 1634.Passariam quase 200 anos até os oficiais ingleses Webb e Raper percorrerem o mesmo caminho de Andrade, numa expedição às nascentes do Ganges, em 1807. A António de Andrade, missionário, explorador e diplomata português, cabe a glória de ter sido o primeiro europeu a subir ao tecto do mundo e a desbravar as fronteiras do que era até então conhecido. Um contributo indiscutível para o conhecimento do planeta e um justo lugar entre os heróis dos Descobrimentos.
Texto de Rosário Sá Coutinho, In "National Geographic", Maio 2002

segunda-feira, agosto 21, 2006

Terra Devastada


A páginas tantas, de um dos seus peculiares escritos, crónicas, ou artigos jornalísticos, Eça de Queirós, em finais do século XIX, apelidava a Serra D'Ossa como a "Serra das Mil Fontes". Decerto parecerá um pouco estranho para quem conhece a serra em questão desde há 20 anos, ou um pouco mais, para cá e não lhe reconhece quaisquer qualidades para mil fontes. Segundo consta, é verdade. A Serra D'Ossa fora um centro de riqueza natural que alimentou e agregou muita gente e deu origem a várias localidades e povoados.
Mas os interesses acabam sempre por falar mais altos, interesses esses que nada têm a ver com progresso e que pervertem muitos dos conceitos a ele inerentes. Após a era das "mil fontes", veio o primeiro apocalipse seguido da era da industria da celulose, com eucaliptos, espécie, segundo creio, oriunda de terrenos secos e pobre como os do interior da Austrália, e o seu braço legal e institucional, a Portucel. As fontes secaram, a paisagem também...
Hoje, após os incêndios de há uma semana, não sei em que era entramos, não sei quem lucra com a terra devastada e, sinceramente, entristece-me ver o rumo que leva o património natural do meu Alentejo. A história repete-se, isso já é um dado adquirido, mas os incêndios acabarão, pois, num futuro muito próximo, é impossível arder o deserto, devastar o que já está devastado.
(Fotos tiradas dia 21/08/2006)

domingo, agosto 20, 2006

Safira, a pedra preciosa esquecida...


Com nome de pedra preciosa, encontra-se esquecida, no meio da planície e de vales alentejanos, a antiga freguesia de Safira. Localizada do lado esquerdo da estrada nacional que liga, no respectivo sentido, Montemor-o-Novo a Vendas Novas, Safira respira a interioridade do esquecimento, coabitando com a paisagem escondida pela modernidade das infra-estruturas rodoviárias que trilham o asfalto ali mesmo ao lado.
As ruínas das casas, escola, igreja, o cemitério persistem até à última derrocada ou ao derradeiro acto de vandalismo…
A realidade é esta. Portugal afunda-se na sua lateralidade litoral e as pedras preciosas de outrora ficam ao Deus dará.

Parabéns fora de horas...


Como é apanágio da minha pessoa, esqueci-me de saudar um grande amigo, colaborador honorário deste blog, pelo seu aniversário. Trata-se do nosso querido Jorge Neto, que, neste mês de Agosto, nos costuma prendar com mais uma "Primavera"!
Para ele votos de "muitos e bons, na companhia de quem mais desejar" (como a tradição popular nos habituou), com vontade de, em breve, de lhe poder dar um abraço pessoalmente!
Como prenda, amigo "Jojó", um imagem daquilo que tanto amamos e que está tatuado no nosso íntimo... o nosso querido "Além Tagus". Um abração.
P.S
Perdoa o esquecimento, já sabes como sou!

As "boas" das Bifanas de Vendas Novas


Eis o que para alguns é um ritual gastronómico, as famosas bifanas de Vendas Novas. Terra de artilharia pesada (com a EPA, Escola Prática de Artilharia), Vendas Novas é mais conhecida pelas suas populares e deliciosas bifanas, de tempero peculiar no belo do papo-seco trinchado ao meio. Gente de toda a região, e inclusivamente de vários pontos do país, deslocam-se a esta localidade alentejana, a meio caminho entre Évora e Lisboa, Setúbal ou Montijo, a fim de se deliciarem com uma, ou várias (depende do apetite, estômago e gula), bifanas...
E assim foi no passado Sábado. Juntamente com a minha família, rumámos a Vendas Novas e deliciámo-nos, felizmente, com umas boas bifanas repletas de mostarda. Uma bela tarde a quem o colesterol não agradeceu. Fica o repto feito e a reportagem fotográfica! Só de me recordar fico com água na boca!
Perdoem mais este “post” mundano, mas não resisiti!
Não perdoem, não! O blog é mesmo para isto! Um abraço!

As festas do Minho



No Norte de Portugal esconde-se uma das grandes tradições do nosso património cultural: a romaria minhota de Ponte da Barca, nomeadamente as festas em honra de S. Bartolomeu.
Não podia deixar de partilhar a maior festa do Alto Minho. Gosto especialmente de ver os processos artesanais da produção do linho, da broa de milho,do azeite, do vinho verde que são retratados no cortejo etnográfico e as rusgss populares que percorrem a nossa avenida principal, não esquecendo os ranchos folclóricos. O Minho é especial pois é uma terra carregada de verde com tradições dignas de património cultural.
Terra da Nóbrega como antigamente se chamava donde são naturais os grandes poetas Frei Agostinho da Cruz e Diogo Bernardes convida-o a participar nesta grande festa que ocorre em Ponte da Barca entre os dias 19 e 24 de Agosto. O património cultural ainda ninguem nos pode roubar e nem se paga impostos para viver a alegria nestes dias de festa. Portugal é um grande país, os nossos emigrantes assim o descrevem.
Sejam bem-vindos e "façam o favor de serem felizes"!

quinta-feira, agosto 17, 2006

As Aventuras de Dom Fonsarilho


Há já alguns anos que não conseguia aceder a estes livros que marcaram o meu imaginário infantil e que, hoje, à luz da minha experiência de vida, considero brilhantes. Trata-se da colecção do início dos anos 80 (1984), da autoria (textos e ilustração) de Vítor Mesquita, relacionada com as aventuras, de índole quixotesca e com uma pitada do universo de Sir Walter Scott, de Dom Fonsarilho.
Esta personagem, dotada de um queixo proeminente, apesar de ter histórias vocacionadas para um público infantil, tem um contexto subliminar de análise cultural brilhante e hilariante! Não é de estranhar que, a par de D. Fonsarilho, existam personagens como Santa Pança (o "sidekick" à maneira do "Cavaleiro da Triste Figura"), D. Tesa, Leonardo do Vício (inventor português, homem de ciência, que via na emigração a única forma de vingar na sua área do saber - onde é que eu já vi ou ouvi isto?) ou um espião galego coxo e apaixonado.
Esta forma de brincar com a história, de a transmitir com humor, é sempre uma mais-valia em termos pedagógicos e humanos. Felizmente consegui, num alfarrabista ambulante, comprar por "tuta-e-meia" a colecção que tanto marcou a minha infância e que na altura só podia aceder na rubrica, em contexto de sala de aula, "Biblioteca de Turma". A minha professora da primária, D. Mª de Lurdes Varandas, irmã do célebre cantor Francisco José (imortalizado com "Olhos Castanhos" e "Nem às Paredes Confesso") encontrava nesta estratégia um meio eficaz para incentivar os seus alunos à leitura e abordar a história de Portugal, à maneira do Estado Novo, de forma a me deixar sempre boquiaberto e a imaginar contextos heróicos, que afinal nada tinham a ver com a realidade... mas mesmo assim lhe agradeço a capacidade que me deu para sonhar com história e lendas.
Deixo-vos com umas digitalizações do volume "O Cavaleiro da Bolota Azeda" e com uma sinopse das características das personagens… espero que se divirtam!

Einstein


De todos os grandes cientistas que li tenho de fazer uma vénia a um dos maiores génios que o mundo conheceu. Falo do físico Albert Einstein autor da célebre teoria da Relatividade e da fórmula famosíssima E=mc2. Bem não venho aqui explicar a sua teoria, até que eu não sou a pessoa mais indicada, mas referir duas frases da sua autoria que me despertaram especial interesse. Vamos lá ver se concordam!
"Não acredito na Matemática" Albert Einstein
"Considero que há duas realidades infinitas: a estupidez humana e o Universo. Quanto a esta última ainda tenho algumas dúvidas" Albert Einstein
O que é que eu posso dizer? Depois de ter o livro onde vinham publicadas estas frases fiquei ainda mais intrigado somente com a primeira porém com a segunda eu assino por baixo.

quarta-feira, agosto 16, 2006

O Saddam das Flores (estilo "Nazi das Sopas")


Há pouco tempo vivi uma situação que me lembrou um episódio de uma célebre série de humor, hoje em dia de culto, denominada “Seinfeld”. Esse episódio introduzia uma personagem, que passara de relance pelas vidas fictícias de Jerry, Elleyne (acho que não é assim que se escreve, mas o que interessa é a referência), George e Cosmo Kramer, e que ficara conhecida como o “Nazi das Sopas”.
Não acredito na xenofobia e abomino o racismo, apesar de, na qualidade de ser humano imperfeito, acabar por ter os meus preconceitos, não deixo que eles me turvem o discernimento, isto é, por enquanto e até à data e espero que assim continue. No entanto, lá estava eu, jantando à beira mar, quando vejo um enorme árabe irromper pelo pequeno restaurante, com um ar intimidador que acho que, a par da desconfiança geral que existe do que aparenta ser oriundo do mundo islâmico, não o irá ajudar na sua profissão de vendedor ambulante de flores e outros artigos propícios a ambientes românticos. Enfim, aquele cenário, aquela cara, que fotografei sem autorização, só me fez lembrar o dito episódio e também eu inventei um apelido: “O Saddam das Flores”!

terça-feira, agosto 15, 2006

Canto da Terra


Com o intuito de se divertirem e divertirem as pessoas que os ouvem, "Canto da Terra" é um grupo de amigos que traz à memória antigas melodias da música tradicional portuguesa que atravessaram gerações, com arranjos originais e uma energia contagiante.
Este grupo de amigos, que tive o prazer de assistir a uma das suas actuações na Praia da Vieira, prenda-nos com a alegria da música e o orgulho das tradições portuguesas. Sem dúvida um projecto digno de destaque. Remeto-vos para o site do grupo em: www.cantodaterra.net (aqui podem ouvir alguns dos temas e, inclusivamente, fazer download dos mesmos, como também aceder a inúmera informação inerente à tradição portuguesa em todos os seus meios de expressão e difusão).
Entretanto deixo-vos com umas fotografias que imortalizaram esse belo serão de música tradicional portuguesa e maresia.
http://www.cantodaterra.net

O MELHOR CÃO DO MUNDO



Desde muito novo sempre fui um apaixonado por cães, principalmente quando o meu pai me ofereceu uma cadela da raça LABRADOR ,já lá vão 13 anos.
De todas as raças, o Labrador é o cão mais perspicaz, OBEDIENTE e com o maior desejo de servir.
O Labrador é um retriever por natureza, ou seja, um cão que actua em dupla com o Homem. Nas caçadas, por exemplo, acompanha o Homem em todo o percurso. Ele espera que o dono atinja a ave, coelho, o que for, e, depois, sob comando, vai buscá-la(o) com rapidez, entregando a presa intacta ao caçador, enfrentando qualquer tipo de obstáculo para cumprir a missão, ou seja, na terra ou na água.
Simplesmente seria impossível um cão ter êxito em todas estas tarefas se não tivesse as qualidades descritas pelo padrão. A inteligência instintiva do Labrador envolve não apenas a habilidade de ir buscar a caça e marcar posição, mas também a capacidade de prestar muita atenção ao dono o que faz dele um cão com grande capacidade de comunicação com o Homem.
Não, não estou a exagerar, e se a isto acrescentar a sua natureza gentil, sem qualquer indício de agressividade e a sua indesejável timidez, penso estar perante a raça perfeita ... pronto, ok , talvez com esta do cão perfeito tenha exagerado, vou colocar as coisas de outra maneira, ele é a mais perfeita tradução de "melhor amigo do Homem". Assim ficou bonito!!! Quem? ... Não!!! A afirmação!!!

A Garraiada em Vaiamonte



O Verão português tem destas manifestações, quanto a mim interessantes, juntamente com os arraiais que trazem emigrantes e oriundos das povoações em festa durante uns dias às suas raízes. Assim foi em Vaiamonte, em que, na qualidade de transeunte, pude assistir a esta manifestação de pseudo-valentia com momentos dignos de um humor popular e brejeiro que é digno dos 2,50€ que pagámos para beneficência do Centro de Dia local.
Apesar de serem bastante contestadas pelos defensores dos animais, contestações essas que não discuto e nem sequer são para aqui chamadas, estas garraiadas do povão são restos de manifestações culturais populares que restam num deserto demográfico e de tradições. A par dos fogos, e dos foguetes, da quermesse e do cantor pimba, ainda é um prazer ver o "Ti Manel Tuareg" (citando um bom amigo) a correr em frente dos cornos da vaca que já está ensinada a subir para a camioneta após cumprir com os seu dever de marrar nos heróis alcoolizados...

Navegador Solitário


A história:
Trata-se de um diário em que o protagonista, Solitão Francisco Fernandes (de 15 anos), narra, obrigado pelo avô Aquilino (já há muito falecido), pela madrinha Mª Preciosa e pela mãe, o desenrolar da sua existência.
Relatando a sua vida, curiosamente "lixada", Solitão vai mostrar como é a sua relação com a família, com os amigos, com as mulheres, com a escola e com o seu próprio "eu". Nas várias passagens do diário, surgirão momentos de "escrita automática", um fenómeno de carácter parapsicológico, provocado pelo avô.
Ao longo da narrativa, o leitor acompanha o doloroso e por vezes hilariante crescimento da personagem.

Este livro foi um sucesso nos bancos da minha antiga escola secundária, eu e o Gonçalo que o digamos! Talvez todos tivessemos um pouco de Solitão em nós próprios. Ainda bem que o fenómeno da leitura não nos era alheio, nem que fossem livros cujos títulos fossem "Orgasmos de Elite", "Polvos numa Garagem", "Zero à Esquerda", "Fernando Pessoa Vs Homem-Aranha", ou, à maneira do Solitão, "A Bola", cortesia do nosso César Catapeta!
Após tantos anos, quase dez, não conheço ninguém que tenha ficado indiferente à leitura desta obra que, certamente, poderia ser uma mais-valia, na promoção da leitura entre os mais novos, ou até mesmo entre os "cotas".

Rumble Fish


A preto e branco, este simbólico filme de Francis Ford Coppola remete o espectador para a delinquência urbana e para o declínio dos gangs tipo "West Side Story". Baseado no livro de S.E. Hinton, que, por acaso, já li duas vezes, "Rumble Fish" é uma metáfora para condicionalismos que nunca saberemos ao certo discernir. "The Motorcycle Boy" é um louco dos tempos modernos e, seu irmão, Rusty James, um inadaptado delinquente que faz jus às teorias de Rousseau...
A narrativa visual, quanto a mim, simplesmente brilhante, e o que Spielberg fez, em termos de fotografia, na "Schindler's List" é um óbvio, mas eficaz, eco desta influência de Coppola.
Também vale a pena ver Nicholas Cage, Diane Lane, Tom Waits e Lawrence Fishburne no início das suas carreiras... Pena o rumo que Mickey Rourke tomou, apesar de um futuro tão promissor nos 80's...

segunda-feira, agosto 14, 2006

"Footprint in the Sand"


“I wish I was a fisherman
tumblin' on the seas
far away from dry land
and it's bitter memories
castin' out my sweet line
with abandonment and love
no ceiling bearin' down on me
save the starry sky above
with light in my head
with you in my arms...”
The Waterboys - Fisherman's Blues

domingo, agosto 13, 2006

Fuga para a Vitória


Em 1981, sob a batuta do já idoso John Huston, Stallone, Caine e Pelé figuravam num cartaz que homenageava os fãs de futebol. Era bastante criança quando vi este filme, mas guardei durante anos a imagem do “rei” a marcar contra a equipa do 3º Reich de “bicicleta” e de um “Rambo” na baliza dos aliados. Os críticos desfizeram em pedaços este filme, hoje no baú das recoradações, e ridicularizavam os heróis de acção de então… o que é facto é que algo ficou no meu imaginário e, hoje, volvidos quase 20 anos, tive o enorme prazer de o rever. Quanto aos críticos remeto-vos para algo que o, já extinto, João César Monteiro (famigerado realizador português) dizia: “eu quero que os críticos se fo…”.
Saravá e vejam este filme que para mim é um verdadeiro tributo ao jogo em que 22 doidos correm atrás de uma bola! E o que seria da vida sem doidos!?

Há mar e mar, há ir e voltar...


Recorrendo a um intertexto claramente de "Baywatch" e de "Mitch Bacano", esta foto, na praia de S. Pedro, o seu enquadramento remeteu-me, mais uma vez, para o grande Alexandre O'Neill, que, apesar do nome, não era surfista...

quarta-feira, agosto 09, 2006

E o depois...


O Sonny Crockett e o Ricardo Tubbs já são outros... e bem ao jeito do início do século XXI... O realizador, esse, é o mesmo, mas melhor (com o curriculum enriquecido por "Heat", "Ali" e "collateral")!

O antes...


O "Miami Vice" dos 80's... lembro-me de ser transmitido bem tarde no Canal1 (um dos dois únicos na época). Já na altura era bastante bem realizado... dando a Hollywood Michael Mann.

terça-feira, agosto 08, 2006

Incêndios


Antes de mais quero agradecer o convite do Luís a fim de poder dar a minha opinião sobre o mundo de hoje. Li com atenção os artigos em especial este último onde se faz referência ao preço que se paga para poder entrar no Convento de Cristo em Tomar. De facto, recentemente também fiz uma visita e fiquei bastante perplexo com o preço que pediam: 4,5€. Por curiosidade questionei a senhora se havia desconto para estudantes ou cartão jovem e nada...(Apesar de eu não estar nestas condições) Quem quer ver paga! O que mais motivou a minha visita? A janela do estilo manuelino, que nos aparece nos livros da escola. Gostei imenso de visitar o Convento e fiquei surpreendido com a nave da igreja! Dou toda a razão ao artigo do Gonçalo.
Depois desta opinião o meu principal tema tem a ver com os incêndios! Isto mais parece demagogia pelo facto de nos estarmos a vitimizar acerca de um país ardido. O país arde é um facto e as campanhas de prevenção mais parecem ser ouvidas por uns mercadores. Não vale a pena queixarmo-nos, entre nós há quem queira ver o país a arder, as empresas madeireiras esfregam as mãos de contente, os privados deitam as mãos à cabeça quando vêem o fogo aproximar-se. Porque é que não cortam o mato num raio de 400 metros em volta das habitações?
Enfim um país que continua em chamas!
Um forte abraço de solidariedade aos soldados da paz que todos os anos entregam a sua vida para minimizar a extensão da floresta ardida!

domingo, agosto 06, 2006

A motivação do conhecimento


Nos bancos da escola aprendemos as mais diversas matérias sobre os mais variados assuntos. Nem todos eles são do nosso inteiro interesse, mas a motivação faz maravilhas, e mesmo os mais alienados alunos aprendem os conteúdos de forma facilitada.
È então esta a razão pela qual existem as benditas visitas de estudo, onde toda a gente se mete num autocarro e vai a vomitar o caminho todo até ao ansiado destino em Carqueijas de Sº. Eulália.

Com o avançar da idade, a cultura torna-se imprescindível, e o desejo de conhecer um pouco mais do nosso país é evidente.
A história deixa de ser um longo rol de datas e passa a ser a nossa pátria e as nossas origens que teimamos a conhecer com orgulho.

Desta forma, vou tentar ensinar-vos um pouco mais das nossas raízes.


Há algum tempo, peguei no carro e fui até ao famigerado convento de Cristo em Tomar em busca da história do meu país, da sua génese, no fundo da minha identidade.
A visão era linda, deslumbrante, um edifício descomunal erguia-se na minha frente e a minha motivação era agora maior que nunca.
Olhei, aproximei-me e vi! Vi com toda a clareza! “Visitas 4.50 Euros”.
Paguei. Nove euros (ia com a minha cara metade).
“A visita não é guiada. O guia (de papel, um desdobrável) é mais um Euro…”.

Mais tarde passei por Constância, bonita vila ligada a Camões. Possui um belo jardim onde junto de cada planta está colocado um verso de Luíz Vaz de Camões. – 1 Euro a entrada!

No Mosteiro da Batalha foi a mesma visão. Deslumbrante! Magnifica! Descomunal! 4.50 Euros por pessoa!
Eu pago impostos, não devo nada a ninguém. Quero conhecer o meu país e só o que obtenho é: “são 4.50 Euros. A visita não é guiada.”
Assim não Há motivação que Aguente!!!!

sexta-feira, agosto 04, 2006

La Valise en Carton


Linda de Suza foi uma das mais reconhecidas cantoras portuguesas em França. Tendo fugido das dificuldades económicas e opressivas de um Portugal fascista, percorreu a fronteira "a salto" e, através da sua coragem, transformou-se num importante símbolo da comunidade portuguesa imigrante em França.
A sua chegada a França, com uma criança dos braços, e falta de dinheiro, dificilmente faziam antever que, poucos anos depois, através da voz melodiosa e melancólica, Linda de Suza esgotava plateias sucessivas no Olympia de Paris e conquistava milhares de admiradores que atribuíram à sua discografia imensos galardões de ouro e platina. Amada pelos franceses, chegou mesmo a ser chamada Amália de França por uns, ou Linda Portuguesa por outros (no entanto, hoje insere-se, perfeitamente, num tipo de música ligeira portuguesa denominado "pimba"). O facto é que nunca negou as suas origens, mantendo nas letras das canções a história da sua vida e características do seu país natal.
Publicou um romance biográfico intitulado “A Mala de Cartão”, que deu origem a uma mini-série nos anos 80, com Irene Papas e Raúl Solnado, e deu a conhecer ao mundo a sua história e um olhar peculiar sobre a emigração portuguesa para terras gaulesas.

“Ei-los que partem”


Velhos e novos, foram milhares os portugueses que partiram para o estrangeiro em busca de melhor sorte. Deixavam tudo para trás, família e sorrisos, arriscavam o que tinham por um destino incerto. E avançavam.
Ei-los Que Partem pode ser então, segundo os autores do projecto, a chave que faltava para abrir a história. Ao todo, são cinco os documentários que exploram os traços fundamentais da emigração. Jacinto Godinho realizou Primeiros Emigrantes, Fortunas Americanas e Sonho e Desespero, a trilogia que abre a série e incide sobre o ciclo transoceânico, de meados do século XIX até à década de 30 do século XX. EUA e Brasil eram destinos de referência. O jornalista teve que se debater com "uma imensa falta de informação" até agarrar os contornos definitivos desta emigração, com a epopeia no Oeste americano e nos cafezais e a criação de colónias.
Ontem, em repetição na TV2, Fernanda Bizarro contou como foi A Sangria da Pátria, entre o fim de 1950 e 1973/74. A França atraía como nenhum outro país, mais de milhão e meio de portugueses saíram para trabalhar na indústria, escrevendo o período de êxodo que mais se colou ao imaginário colectivo nacional.
Sem dúvida, trata-se de um trabalho cabal, digno de muitas análises sociológicas de índole académica.
Ao vermos o presente de Portugal, tendo em conta este passado recente, não é de estranhar que o fenómeno da emigração, com moldes distintos dos de outrora, volte a estar na ordem do dia.
Novos Bidonville e Champigny se formarão, e muitas lágrimas correrão em estações, tal como acontecera há bem pouco tempo em Austerlitz... A diferença é que os sonhos são distintos e já não vão numa mala de cartão.

quinta-feira, agosto 03, 2006

A Busca da Felicidade


Já realizado por Gabriele Muccino, com a interpretação de Will Smith, promete ser uma boa adaptação do livro de Chris Gardner, livro esse que, segundo consta, é uma excelente lição de vida e de perseverança. É interessante, nos dias que passam de excessivo consumismo, olhar para a luta pelos nossos sonhos como algo que nunca devemos esquecer e desistir. Recomendo a visualização do trailler. Fiquei com bastante curiosidade pela temática e não pelo facto de a personagem principal ser um afro-americano.

Al Otro Lado del Río - Jorge Drexler


Clavo mi remo en el agua
Llevo tu remo en el mío
Creo que he visto una luz al otro lado del río

El día le irá pudiendo poco a poco al frío
Creo que he visto una luz al otro lado del río

Sobre todo creo que no todo está perdido
Tanta lágrima, tanta lágrima y yo, soy un vaso vacío

Oigo una voz que me llama casi un suspiro
Rema, rema, rema-a Rema, rema, rema-a

En esta orilla del mundo lo que no es presa es baldío
Creo que he visto una luz al otro lado del río

Yo muy serio voy remando muy adentro sonrío
Creo que he visto una luz al otro lado del río

Sobre todo creo que no todo está perdido
Tanta lágrima, tanta lágrima y yo, soy un vaso vacío

Oigo una voz que me llama casi un suspiro
Rema, rema, rema-a Rema, rema, rema-a

Clavo mi remo en el agua
Llevo tu remo en el mío
Creo que he visto una luz al otro lado del río

Do Uruguai para o Mundo... Vá lá, Hollywood soube reconhecer-lhe o devido valor ao atribuir-lhe o Óscar de Melhor Banda Sonora em 2004!