quarta-feira, agosto 31, 2022

Mircea Cartarescu: "Por su falta de utilidad, la poesía es lo único incorruptible que existe".

"Dentro del Secreto" de José Luís Peixoto (Revuelta Ediciones, Perú, trad. Pedro L. Cuadrado y Luis Leal)

En 2012, es decir, hace una década, José Luís Peixoto inició este viaje de “Dentro del Secreto”. La posibilidad que tuvo de conocer la vida cotidiana de Corea del Norte ha llevado a muchos lectores de habla portuguesa a tener una perspectiva única sobre la sociedad y el régimen dictatorial de Pyongyang a través de su escritura. Pedro L. Cuadrado y yo nos embarcamos después en “Dentro del Secreto” y tuvimos el privilegio de acompañar al autor a cruzar la frontera a España (en la editorial Xórdica) y, ahora, al otro lado del Atlántico, en Perú, bajo el sello de Revuelta Ediciones. José Luís, también creemos que este “Dentro del Secreto” (y todos los demás) seguirá su viaje más allá de estos dos idiomas y de estos 10 años...


Em 2012, isto é, há uma década, o José Luís Peixoto iniciou esta viagem de “Dentro do Segredo”. A possibilidade que teve de conhecer a vida quotidiana da Coreia do Norte levou muitos leitores de língua portuguesa a terem uma perspectiva única da sociedade e do regime ditatorial de Pyongyang através da sua escrita. O Pedro L. Cuadrado e eu embarcámos mais tarde em “Dentro del Secreto” e tivemos o privilégio de acompanhar o autor a passar a fronteira para Espanha (na editorial Xórdica) e, agora, já do outro lado do Atlântico, no Perú, sob a chancela da Revuelta Ediciones. José Luís, também acreditamos que este “Dentro del Secreto” (e todos os outros) continuará a sua viagem para além destas duas línguas e destes 10 anos...



Uma foto para o Cat Stevens

O presente tem destas coisas impossíveis em 1975, ano de comercialização e edição desta cassete audio original de Cat Stevens. Quero dizer, seria impossível enviar ao próprio cantor uma foto e uma mensagem (via redes sociais) em que lhe conto a história por detrás desta k7 herdada do meu pai e que fez parte da banda sonora da vida dos seus filhos. Hoje é uma relíquia, um pequeno tesouro que guardo com mais do que carinho. Será que receberei resposta? É-me indiferente, desde que a consiga pôr a tocar durante muito mais tempo.

 

Luis Leal - "Alma de 127 - 50 anos de um amigo irrequieto", Diário do Sul, 28/II/2022 (transcrito em "O Eco da AAAEICE")

Su(d)ir e/y T(i)erra

quarta-feira, agosto 24, 2022

Facto.../Hecho...

Facto (mais do que) provado: Ninguém é imune ao efeito Baby TV.
Hecho (más que) comprobado: nadie es inmune al efecto Baby TV. 

O desespero...

O desespero é guloso, alimenta-se à base de açúcar em busca de prazer paliativo e a aumentar a gordura... Quando há uma crise económica os produtos à base de açúcar não sofrem tanto com a inflação como uma maçã. 

quarta-feira, agosto 17, 2022

Danielle Verbeeten

 



Danielle Verbeeten - Pensador (Fernando Gilgado)

This model was on my list for a long time. It was a pleasure to fold :) Bi-colored Kraft paper


V. Danielle Verbeeten 


sexta-feira, agosto 12, 2022

Crónica: "Humildade na era da mediocridade" de Luis Leal (in "Mais Alentejo" nº161, p. 94) - texto integral

    "Humildade na era da mediocridade" - Luis Leal

    Quando faleceu Manuel Ferreira Patrício, antigo reitor da Universidade de Évora, a primeira coisa que pensei foi: “perdemos um homem humilde”. Conheci-o muito antes dos tempos universitários e dava gosto cumprimentar um ser tão educado e amável com quem partilhei o mesmo bairro e umas jornadas académicas, em que os professores faziam grupos com os alunos. Este foi o único momento em que aprofundei um pouco mais a conversa para além dos bons dias. Era um grupo informal no âmbito de uma cadeira de pedagogia, lembro-me de falarmos de Teixeira de Pascoaes e de eu ter dito uma barbaridade típica dos meus vinte anos. O sábio Prof. Patrício bem poderia ter humilhado o ego de um insensato a tentar impressioná-lo, mas apenas me convidou a acompanhá-lo por outro caminho através do seu raciocínio. Hoje agradeço-lhe a cura de humildade e a subtil martelada que deu na forja do meu carácter. 
    “Humildade” é uma herança da terra, do "húmus", e nós, que por aqui andamos, simples "transumantes”. Sabemo-lo através da etimologia, contudo, se indagarmos para além da raiz, somos cientes de se tratar, simplesmente, da virtude de alguém com um profundo conhecimento de si mesmo, isto é, que sabe de onde vem e qual a sua dimensão, bem mais próxima do menor do que do maior. É indubitável uma leitura cristã e o ecoar da minha educação católica na bem-aventurança “Felizes as pessoas humildes pois receberão o que Deus tem prometido”. Tão-pouco a desvinculo de outro valor particular que tem todo o ser humano como pessoa, como ser racional e livre. Por outras palavras, não concebo humildade sem dignidade. Eis o motivo pelo qual compreendo o irmão do “filho pródigo” que, ao queixar-se da injustiça do seu pai, mostrou ser filho de boa gente sem abdicar da sua dignidade. 
    Se já me conhece, o estimado leitor sabe que não sou afim a pensamentos oficiais, cinjo-me apenas ao pensamento e se por algum motivo o tenho de adjetivar fico-me por “cru” (o que já me vetou às brasas e me permitiu cheirar assados inquisitoriais). Conheço várias pessoas como o velho Reitor de Évora, pessoas brilhantes e discretas, gente magistral e trivial, seres capazes e necessários que num passado recente seriam tratados com mais atenção e, neste presente, por não abdicarem da sua dignidade optam por um “exílio interior” (expressão tão conhecida do mundo cultural espanhol).
    Ser-me-á apontada uma visão pessimista da actualidade. Seria soez da minha parte negá-la, porém, recorra-se aos dados, a investigações isentas a demonstrarem que, desde o início do século XXI, não existe um real avanço geracional, admita-se que uma geração não supera a anterior em âmbitos significativos da existência humana que, a pecar por incompletude, vão desde o QI médio (parece que estagnou nos anos 90), passa pelo empobrecimento da linguagem e o conhecimento lexical (fundamentais para elaborar e formular reflexões e emoções complexas), significativas lacunas lógico-matemáticas, desprestígio de qualquer fórmula memorística (confunde-se armazenamento computacional com a memória humana, viva), perda de direitos laborais e sociais e até mesmo regressão nas competências digitais tão em voga, pois programar e inovar não é fazer “scroll” no ecrã de um dispositivo online. 
    Culpar ou esperar que a verdade venha ao de cima é desnecessário. Ainda estamos a tempo de reverter esta situação, não permitamos que quem sabe e tem uma postura humilde perante o conhecimento sério seja exilada à força pela superficialidade desta era de individualismo extremo camuflada pelo entretenimento. Nivelar por baixo é falsa equidade, é promover o demérito, é visar apenas produção e consumo do que não advém do húmus, carente de raízes e desconhecedor do que é frutificar, esse verbo tão distinto de produzir. O produto da mediocridade, ao contrário do fruto da humildade, não retorna à terra, brotam em escombros como num qualquer cenário de guerra e devastação. 

Cartoon de Eneko in El Jueves, agosto, 2022.

Crónica: "Humildade na era da mediocridade" de Luis Leal (in "Mais Alentejo", nº161, p. 94) 2

Comparar eras talvez seja um absurdo, mas avaliar o seu impacto no mundo não o é. A actual era (egocêntrica e pouco dada à reflexão), se deixar de ter orgulho na sua ignorância, acredito ainda estar a tempo de compreender que a origem da humildade não é a mesma da mediocridade. Se quiserem compreender o porquê desta crónica (a par de uma homenagem ao Prof. Manuel Ferreira Patrício), aqui a têm à vossa disposição. Nas bancas já está uma nova revista, onde poderão ler mais uns "Trabalhos&Paixões" do vosso amigo e conhecer os candidatos para a próxima gala da "Mais Alentejo"! 

Comparar eras puede que sea absurdo, pero evaluar su impacto en el mundo no lo es. En la era actual (egocéntrica y poco reflexiva), si deja de estar orgullosa de su ignorancia, creo que aún está a tiempo de comprender que el origen de humildad no es el mismo que de mediocridad. Si queréis entender el por qué de esta crónica (a la par de un homenaje al Prof. Manuel Ferreira Patrício), aquí la tenéis a vuestra disposición. ¡Ya está en los quioscos una nueva revista, donde podéis leer más "Trabajos&Pasiones" de vuestro amigo y conocer a los candidatos para la próxima gala de "Mais Alentejo"!
Crónica: "Humildade na era da mediocridade" de Luis Leal (in Mais Alentejo, nº161, p. 94)



Eugénio de Andrade e o avô

Eugénio de Andrade por Louis Dourdil (1941)



Como longa despedida

Meu avô, aquele que construía casas, era de Castelo Branco. Fez habitações para toda a gente menos para ele. Não sei se alguma vez lhe passou pela cabeça que viria a ter um neto também construtor, construtor de coisas pequenas, frágeis, leves. Ele usava o granito como material, as suas casas estão ainda de pé; o neto trabalha com poeira, sem nenhuma pretensão de desafiar o tempo.

Eugénio de Andrade


Do seu livro À Sombra da Memória


quinta-feira, agosto 11, 2022

domingo, agosto 07, 2022

O "like" é importante?

O "like" é importante? Dizer que não é mentir, principalmente quando quem to pôs é alguém que admiras (ou admiravas).
¿Importa el "me gusta"? Decir que no es mentir, sobre todo cuando quien te lo pone es alguien a quien admiras (o admirabas).

"Feminismo: direito humanos."

"O feminismo não é contra os homens, e é importante que isto seja dito desta maneira. Para mim o feminismo é uma questão de direitos humanos, só. Resume-se a isto: direitos humanos." - Ana Luísa Amaral ("Expresso", 2019)

sábado, agosto 06, 2022

Triste notícia...

Triste notícia a do falecimento de Ana Luísa Amaral... Em Badajoz (local onde se casaram os seus pais) deixou gratas recordações em muita gente. Eu fui um deles e, para além de uma poeta extraordinária, guardo a imagem de um dos seres humanos mais interessantes com quem tive o privilégio de tratar. Os meus mais sentidos pêsames a toda a sua família e seres queridos. (Na gaveta tenho uma tradução feita com o seu incentivo que acabou por não conhecer edição mas que não está nem será esquecida.)
Triste noticia la del fallecimiento de Ana Luísa Amaral... En Badajoz (lugar donde se casaron sus padres) dejó gratos recuerdos en mucha gente. Yo fui uno de ellos y, además de ser una poeta extraordinaria, conservo la imagen de uno de los seres humanos más interesantes con los que tuve el privilegio de tratar. Mi más sentido pésame para toda su familia y seres queridos. (En el cajón tengo una traducción hecha con su ánimo que acabó sin editarse pero que no está ni será olvidada.)