sexta-feira, agosto 12, 2022

Eugénio de Andrade e o avô

Eugénio de Andrade por Louis Dourdil (1941)



Como longa despedida

Meu avô, aquele que construía casas, era de Castelo Branco. Fez habitações para toda a gente menos para ele. Não sei se alguma vez lhe passou pela cabeça que viria a ter um neto também construtor, construtor de coisas pequenas, frágeis, leves. Ele usava o granito como material, as suas casas estão ainda de pé; o neto trabalha com poeira, sem nenhuma pretensão de desafiar o tempo.

Eugénio de Andrade


Do seu livro À Sombra da Memória


1 comentário:

Ahmed BARDEAU disse...

É no entanto, obviamente, seu trabalho atravessa o tempo. Este pequeno texto me faz querer ler sua poesia... mesmo que até agora eu nunca tenha apreciado poesia em geral