sexta-feira, dezembro 31, 2010

Mais Bds clássicas, estas dedicadas ao "Reveillon" no final da 2ª Guerra Mundial

Vem aí 2011... nasce já velho!

Já lá vai 2010, está velho e decrépito, dando o último suspiro hoje dia 31 de Dezembro. Amanhã nascerá um novo ano, mas já velho em previsões e expectativas, pressionado ainda no ventre do calendário por mercados e por défices... Nascerá com cortes de apoios e investimentos, mas com aumentos (bem camuflados) da despesa de que nos governa...
Mais do mesmo, dizem alguns, outros, é preciso que tudo mude para que se mantenha tudo igual... Cá para mim, "que sou barbeiro", prosaico e sem sentido do politicamente correcto, apenas desejo que quem propõe medidas de austeridade a quem já nela vive, que alimente e vista uma família com o ordenado mínimo por si estipulado, estude com as mesmas oportunidades que estudam aqueles que se deslocam dezenas de quilómetros para os mega-agrupamentos, e tenham a assistência médica feudal e de taxa moderadora... poder-me-ia lembrar de mais umas quantas coisas, mas não quero. Prefiro pensar na ganância tacanha do Tio Patinhas e rir-me dumas vinhetas de bd, do que começar o ano com vontade de cuspir na cara de alguns gananciosos opulentos que nos vêm para aí falar de fome... Sem vergonhas! 

quinta-feira, dezembro 30, 2010

À espera no final da linha

Quando passamos ao lado do amor...

À beira do Tejo, vislumbrando uma ponte com nome de liberdade e uma estátua do Messias de braços abertos, só me ocorreu esta frase... que voou até aqui com o temporal que começava a fazer-se sentir.

terça-feira, dezembro 28, 2010

"Vinho do Alentejo" - Francisco Martins Ramos

O nosso Alentejo tem sido alvo de inúmeros estudos sociológicos que têm por base este "néctar" dedicado desde a antiguidade clássica a Dionísio.
Este pequeno livro é um excelente retrato antropológico que se lê de uma assentada da relação que o povo alentejano tem com esta bebida que caracteriza muito do seu estado de espírito que, quase sempre, está na base do esterótipo do que é ser e viver nestas terras além do Tejo.
Foi uma excelente prenda de um grande amigo, ele próprio um apreciador do tema, que "escorregou" bastante bem ao longo destas linhas...

segunda-feira, dezembro 27, 2010

Cantora soul Teena Marie morreu aos 54 anos

A cantora norte-americana soul e R&B Teena Marie morreu no domingo durante o sono, aos 54 anos, em Pasadena, nos Estados Unidos, revelou a imprensa local.
Conhecida como «Lady T» e «Rainha de marfim do soul», Teena Marie foi uma das poucas cantoras brancas a ter êxito e a ser respeitada no soul e R&B, com temas como «I Need Your Lovin`», «Lovergirl».
Teena Marie gravou ainda um tema, «Portuguese Love», com referência a Portugal.
Com Rick James, um dos pioneiros do funk e que Teena Marie considerava um mentor, gravou o álbum «Wild and Peaceful», em 1979, pela mítica editora Motown.
O disco não tinha a sua imagem na capa, o que levou a que muitos na comunidade afro-americana pensassem que fosse negra.
Em 1982 desvinculou-se e processou a Motown, num caso que fez jurisprudência na indústria discográfica, já que a partir do caso de Teena Marie as editoras deixaram de poder manter um artista sem editar música.
Ao longo da carreira, Teena Marie ficou conhecida por outros temas como «I`m a Sucker For Your Love», «Cassanova Brown» e «Fire and Desire», um dueto com Rick James.
Em 2009, depois de uma luta contra a dependência de medicamentos, Teena Marie andou em digressão com o álbum «Congo Square».
De acordo com a polícia, Teena Marie morreu aparentemente de causas naturais, durante o sono.
Diário Digital / Lusa

"Portuguese Love"


Hey, baby, how you doin'
Wow, huh, it's really been a long time
You know
Remember that night
You remember

On a starry winter night in Portugal
Where the ocean kissed the southern shore
There a dream I never thought would come to pass
Came and went like time spent through and hourglass

You made love to me like fire and rain
Ooh, you know you've got to be a hurricane
Killing me with kisses, oh, so subtly
You make love forever, baby
You make love forever

I ain't gonna let you go that easy
You've got to say you love me too
I ain't gonna let you go that easy
I'm gonna give it all to you

Portuguese love
Won't you say it to me, say it to me, say you love me, baby
Portuguese love
Won't you say it to me, say it to me, say you love me, baby
Portuguese love
Won't you say it to me, say it to me, say you love me, baby
Portuguese

Harbor nights, we made love till the morning star
Then you crooned a song to me on your guitar
Was it so familiar calling soft my name (Teena)
Sunlight dancing slowly through loves window panes

And you made love to me like sugar and spice
Hush my broken heart, this must be paradise
Killing me with kisses, oh, so tenderly
You make love forever, baby
You make love forever

I ain't gonna let you go that easy
You've got to say you love me too
I ain't gonna let you go that easy
I'm gonna give it all to you

Portuguese love
Won't you say it to me, say it to me, say you love me, baby
Portuguese love
Won't you say it to me, say it to me, say you love me, baby
Portuguese love
Won't you say it to me, say it to me, say you love me, baby
Portuguese

Amore Portuguese
Say you love me, baby
Amore Portuguese
Say you love me, baby

Yo quiero a la ser amor
A feeling too hard to ignore
Say amore Portuguese
You've got to say you love me

You knew that you felt good to me, oh, baby, oh
From the first kiss to the last I'm trembling
You made love to me like no other man
And if you please I'd like to go back there again
Killing me with kisses, oh, so tenderly
You make love like, wee
You make love forever

I ain't gonna let you go that easy
You've got to say you love me too
I ain't gonna let you go that easy
I'm gonna give it all to you

Portuguese love
Won't you say it to me, say it to me, say you love me, baby
Portuguese love
Won't you say it to me, say it to me, say you love me, baby
Portuguese love
Won't you say it to me, say it to me, say you love me, baby
Portuguese love

Amore, amore Portuguese
Aye, say you love me (Portuguese love)
Amore, amore Portuguese
Aye, baby, aye, aye Portuguese love

Amore, amore Portuguese
Say, say, baby, aye, aye, hey, hey (Portuguese love)
Portuguese amore, amore Portuguese
Say, say, say aye, say aye, aye, aye, hee

Portuguese love
Portuguese love
Portuguese love
Portuguese love
Portuguese love
Portuguese love
Portuguese love

Love me
Say you love me
Love, love me (I love you)
Portuguese amore
Say you love me, say, say
Say you love me, baby

You know what I'm sayin', baby
Maybe that will express what I've been going through (I love you)

"Caderneta de Cromos" de Nuno Markl

Sempre existiu, e existirá, um mercado para o saudosismo e para a nostalgia. Nem seque vale a pena dissertar muito sobre o tema porque em todo lado, todas as gerações, olham para o passado com um misto de saudade e busca de um tempo já perdido cronologicamente...
Este livro, baseado no programa de rádio homónimo (na Comercial), é um exemplo dessa nostalgia, mas com humor, longe desses sentimentos saudosistas que caracterizam muitos movimentos revivalistas.  Para dizer a verdade, é uma nostalgia baseada no ridículo das nossas existências nessa época... e que felicidade podemos encontrar nessa capacidade de nos rirmos de nós próprios! 
Esta foi uma prenda que o Natal me trouxe e mentir-vos-ia se dissesse que não me sinto um "cromo" dessa caderneta. Na realidade, eu, e quase todos os membros dos "senderos" (melhor, todos!), somos uns valentes cromos! Claro que uns mais discretos que outros!
Uma literatura leve, daquelas que ultimamente ainda consigo ter tempo (ou arranjar) para assimilar umas linhas...

domingo, dezembro 26, 2010

Carlos do Carmo e Bernardo Sassetti


De Carlos do Carmo nem vale a pena falar, é um senhor cujo fado natural me fez gostar e estudar este género tão português, mas de Bernardo Sassetti creio que merece a pena referir que foi há uma década que me cruzei com o seu teclar "jazzistico" ainda no "Carlos Barreto Trio". Digamos que, apesar do ambiente de "ópera" que o teatro Garcia de Resende de Évora tem, as melodias de Sasseti em perfeita harmonia com o contrabaixo de Barreto ficaram na minha memória acústica.
Desde então tenho acompanhado, à distância mas com atenção, a carreira deste pianista, desde a sua parceria com Mário Laginha (outro virtuoso das teclas) até à banda sonora do filme de Marco Martins, "Alice".
Agora outra grande parceria... este é um daqueles discos que merecem a pena estar na nossa "discoteca caseira"...
Eis algumas das canções presentes no disco:
Gracias a la Vida (Violeta Parra);
Avec Le Temps (Léo Ferré);
Lisboa que Amanhece (Sérgio Godinho);
O Sol (popular);
Porto Sentido (Carlos Tê / Rui Veloso);
Cantigas do Maio (José Afonso).
Gosto particularmente desta última do Zeca, inesgotável a sua obra será para sempre...

sexta-feira, dezembro 24, 2010

Feliz Natal!

Como diz o  Marco Horácio:
"Neste Natal quis comprar-te
Uma Prenda de Mil Encantos,
Mas levas só com esta mensagem
E agradece ao Teixeira dos Santos!"

Mesmo com a hipocrisia inerente a estas efemérides, porque razão é que não tentamos ser melhores pessoas, nem que seja uma vez ao ano, para fazer a vontade ao calendário?

quinta-feira, dezembro 23, 2010

Ronnie James Dio "Rainbow In The Dark" (Rock Palace)



O Dio, para alguns um verdadeiro "Dios" do Metal (remeto-vos para o filme "Tenacious D - Rock dos Infernos" com o Jack Black), morreu este ano, vítima de um cancro no estômago, mas deixou para a posteridade alguns clássicos do Heavy Metal, como este "Rainbow in the Dark" que, ultimamente, tem ecoado na minha cabeça...
Fica este video, com a pinta característica da época, de 1983...

Cien Años - Pedro Infante



"Pasaste a mi lado, con gran indiferencia
Tus ojos ni siquiera, voltearon hacia mi
Te vi sin que me vieras, te hable sin que me oyeras
Y toda mi amargura, se ahogó dentro de mi.

Me duele, hasta la vida,
Saber, que me olvidaste
Pensar, que ni desprecios
Merezca yo de ti.....

Y sin embargo sigues, unida a mi existencia
y si vivo cien años, cien años pienso en ti.

Pasaste a mi lado, con gran indiferencia
Tus ojos ni siquiera, voltearon hacia mi
Te vi sin que me vieras, te hable sin que me oyeras
Y toda mi amargura se ahogó dentro de mi.

Me duele, hasta la vida
Saber, que me olvidaste
Pensar, que ni desprecios
Merezca yo de ti.....

Y sin embargo sigues, unida a mi existencia
y si vivo cien años, cien años pienso en ti".

quarta-feira, dezembro 22, 2010

O Centenário do meu Tio...

2010 tem sido um ano marcante na minha vida. Têm sido tantos os motivos para que este ano fique para sempre marcado na minha memória que não os poderia aqui enumerar.
É já amanhã o aniversário (CENTENÁRIO!!!) do meu Tio António! Este meu tio, oriundo de Ansião, concelho de Pombal, distrito de Leiria, veio para o Alentejo onde marcou (e marca) a vida de muita gente. O mais interessante é que o meu tio, apesar do 100 anos, continua com uma lucidez e memória digna da sua longevidade...
A vida não me possibilitou abraçar a minha Tia Joana (e só Deus sabe como gostaria...), mas deu-me uma segunda oportunidade com o meu tio do coração, o meu Tio António que foi, e será, sempre, um dos meus exemplos de vida!
Parabéns Tio, obrigado por me ter ajudado a crescer e por ser um exemplo para todos nós!

Mais Bd's clássicas de Natal (DC/Action Comic)



Apenas para continuar a recordar a quadra natalícia na qual estamos. Abraços.

terça-feira, dezembro 21, 2010

1944 Superman’s Christmas Adventure

Uma BD clássica alusiva à época do ano em que vivemos! 
Podem crer que está bem cotada no mercado (e não fosse do ano de 1944, ainda em pleno esforço de guerra!)!

segunda-feira, dezembro 20, 2010

UM CASAQUINHO PRETO - Manuel António Pina


Como podia saber que vivia
num lugar tão distante
e numa casa tão grande?
Que a mãe me falava
de debaixo da terra,
e que o seu rosto era
uma sombra passada
sobre mim debruçada?
Que o seu nome me chamava
e eu já lá não estava,
porque tinha crescido
e porque tudo crescera comigo:
a casa, o quarto, os livros,
até o céu crescera
e se afastava;
e que eu próprio era
uma recordação
de que já mal me lembrava?

quinta-feira, dezembro 16, 2010

Ser pai...

"Ser pai é na verdade aquilo que de mais importante nos pode acontecer na vida. Ver nascer uma criança que é sangue do nosso sangue ,muda-nos a vida e aumenta-nos as responsabilidades pois o seu futuro depende em muito daquilo que lhe ensinarmos pela vida fora e o futuro deste mundo estará nas mãos daqueles que nasceram hoje. Por mais que se tente imaginar como será o momento do nascimento de um filho nunca nos passa pela cabeça o “cocktail” de emoções que realmente se sente naquele momento. "
Foram estas algumas palavras que escrevi neste mesmo Blog dias após o nascimento do meu primeiro filho o Bernardo. Penso que neste dia ao leres estas palavras já depois de seres pai pela primeira vez as irás interpretar de uma maneira completamente diferenta de á quatro anos atrás.
Amigo Luis muitos parabéns muitas felicidades e acima de tudo muita saude para ti para a tua esposa e para o Santiago..
Ser pai é.....

sábado, dezembro 11, 2010

sexta-feira, dezembro 03, 2010

"Uma Onda no Ar" - "Rádio Favela"



O cinema brasileiro tem afirmado a sua qualidade cm temas que para mim por vezes são demasiado recorrentes. É o caso da situação social de muitos habitantes das famigeradas favelas. No entanto, há casos de filmes que se afirmam para além dessa condição e são autênticas obras de referência. É o caso deste filme de 2002, baseado numa história real, que traz para o grande ecrã um caso excepcional de desenvolvimento comunitário, a criação, bem polémica e contestada, da "Rádio Favela".
Neste filme são abordados temas que vão para além da violência real exportada por filmes como "Tropa de Elite I e II", "Carandiru", ou a tão famosa obra de Fernando Meireles, "Cidade de Deus". Como fã confesso que sou da rádio, foi um prazer conhecer esta história que mostra o outro lado desta realidade, infelizmente tão bem conhecida no Brasil, tal como o dinamismo da gente do morro e a denúncia de uma sociedade que a muitos não convém mudar.
Sem dúvida, um excelente filme sem aquele tom do desgraçado que teve o azar de nascer aqui ou ali, algo que é bem justificado com as condutas e histórias de vida de Jorge, Ezequiel, Brau e Roque! Vai mais além disso e merece a nossa atenção. Como o slogan do filme: "Do morro para o mundo!".

"Cats in the Cradle" - Ugly Kid Joe


My child arrived just the other day;
Came to the world in the usually way
But there were planes to catch and bills to pay.
He learned to walk while I was away.
He was talkin' 'fore I knew it.
And as he grew he said,
"I'm gonna be like you, Dad.
You know I'm gonna be like you."

Chorus :
And the cat's in the cradle and the silver spoon,
Little boy blue and the man on the moon.
"When you comin' home ?"
"Son, I don't know when.
We'll get together then.
You know we'll have a good time then."

Well, my son turned ten just the other day.
He said , "Thanks for the ball, Dad. Come on, let's play.
Could you teach me to throw ?" I said, "Not today.
I got a lot to do." He said, "That's okay."
And he walked away and he smiled and he said,
"You know,
I'm gonna be like him, yeah.
You know I'm gonna be like him."

Chorus

Well, he came from college just the other day,
So much like a man I just had to say,
"I'm proud of you. Could you sit for a while ?"
He shook his head and he said with a smile,
"What I'd really like, Dad, is to borrow the car keys.
See you later. Can I have them please ?"

Chorus :
And the cat's in the cradle and the silver spoon,
Little boy blue and the man on the moon.
"When you comin home, Son ?"
"I don't know when.
We'll get together then.
You know we'll have a good time then."

I've long since retired, my son's moved away.
I called him up just the other day.
"I'd like to see you, if you dont mind."
He said, "I'd love to, Dad, if I could find the time.
You see my new job's a hassle and the kids have the flu,
But it's sure nice talkin' to you, Dad.
It's been sure nice talkin' to you."

And as I hung up the phone it occurred to me,
He'd grown up just like me.
My boy was just like me.

sábado, novembro 27, 2010

"É chato" - Beto



Beto anda por Londrina, no estado do Paraná. Da sua página no Flickr, retirámos estes quadradinhos. E tem um blogue, ALAIALAICA.



quinta-feira, novembro 25, 2010

"Hang'em High"

Una película más para mi colección dedicada al gran maestro del cine Clint Eastwood (o como dice la madre de mi amigo José "Clint Stanford").
Esta película es del año 1969 y lo mejor es el rostro del actor, una marca inolvidable en la historia de los Westerns.
Dennis Hopper también tiene un pequño papel en esta película.

O que se ouve por aqui... "Ugly Kid Joe"

Hoje estava a tomar o pequeno almoço e a falar com o meu amigo Jorge que explora o bar, sendo ele um dos maiores melómanos (em especial para o Heavy Metal) que conheço, quando no meio de uma das nossas amenas conversas sobre o baterista só de um braço dos "Def Lepard" (acho que é assim que se escreve!) nos lembrámos destes grandes malucos dos "Ugly Kid Joe"! Curiosamente ele tinha um cd original no bar e lá fomos curtir um som dos 90! Gostava particularmente de "The Cat's in Cradle" e "Milkman's son"...
Hoje à tarde é o que tem tocado por aqui.
Parece que estou a ver o vocalista a escarrar para o ar desde uma ponta do palco e a ir a correr para o outro lado e apanhar a "escarreta" como um cão apanha um disco! Às vezes não tinha tanta sorte e lá hidratava a longa juba da malta do Metal! Grandes malucos!!!

quarta-feira, novembro 24, 2010

Todas as cartas de amor são... Álvaro de Campos

Quanto de ridículo e irónico tem o amor... ridículo... ridículo... Hoje em dia já me é indiferente o "ridicularidade" de certas coisas, mas o amor nunca seria o mesmo sem estas coisas "fofas", "foleiras", "cuchicuchi", "cursi" (em espanhol)... nem o negócio dos dias dos namorados e afins... Hoje estou mais a dar para o esdrúxulo, nem grave, nem agudo, esdrúxulo efectivamente, mas mesmo assim lembrei-me do heterónimo de Pessoa...

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas. 

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas. 

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas. 

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas. 

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas. 

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas. 

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Álvaro de Campos, 21-10-1935

terça-feira, novembro 23, 2010

A Jangada do Futebol

              De “futeboleiro” tenho pouco, mas aprendi a gostar deste desporto ultimamente. Acho que teve que ver com uma época em que consumi muita imprensa desportiva e com a compra, num alfarrabista, da grande obra antropológica de Desmond Morris, “A Tribo do Futebol”. Comecei, de facto, a prestar mais atenção ao dito “desporto rei”, de massas e, talvez, em várias acepções da palavra, verdadeiramente popular.
                Tende-se a ver o futebol como objecto de alienação, de mãos dadas com o poder político (com os chamados “clubes do regime”), e, principalmente com o desdém intelectual por parte de algumas elites. O que não podemos desprezar nunca é que este jogo é um reflexo claro e evidente da sociedade portuguesa e espanhola que, sem querer ofender a memória metafórica de Saramago, se joga numa espécie de “jangada” em forma de campo de futebol.
                Podemos não nos identificar com esta primazia do futebol sobre outros desportos em Portugal (e até mesmo em Espanha, mas a outro nível), mas há que ter em conta este contexto que nos últimos anos elevou a península ibéria a potência máxima do futebol.
                Como é possível que esta “ibéria”, com apenas 50 milhões de habitantes se tenha tornado no habitat natural de grandes craques, estrelas mediáticas, treinadores emblemáticos e polémicos, ligas milionárias e de campeões da Europa e do Mundo? Nem vale a pena mencionar o palmarés de versões modernas e antigas de Ligas dos Campeões ou Ligas Europa que compartem clubes como o Barcelona, o Porto, o Real Madrid, ou, até mesmo, o meu Benfica… o que me leva a afirmar: Estes “iberos” são a autêntica tribo do futebol da actualidade! Para bem e para mal, claro!
                Depois da pseudo-vingança da selecção portuguesa marcando amistosamente quatro golos ao campeão do mundo espanhol, galardoado este ano em África do Sul, o que é que o futuro reserva à “jangada do futebol”? Não sabemos, mas pode ser que a FIFA tenha uma palavra a dizer no próximo mês de Dezembro.
                É já dia 2 que Joseph Blatter abrirá um envelope onde encontrará escrito o nome da candidatura que organizará o Mundial de 2018. Como se sabe, Espanha e Portugal aparecem irmanados numa candidatura que parece ter argumentos de peso na hora da decisão.
                Esses argumentos baseiam-se em alguns assuntos ainda bastante polémicos, como o TGV ou nos investimentos em infra-estruturas desportivas como os que foram feitos para o EURO 2004, alguns ainda vistos como inúteis e que têm eco na presente crise da dívida pública, aplicando-se o mesmo do outro lado da fronteira com situações análogas.
Mas mesmo tendo em conta estes motivos de polémica, se compararmos com a candidatura conjunta do Mundial de 2002, na Coreia e no Japão, portugueses e espanhóis reforçam o seu projecto com uma fronteira terrestre comum, excelentes relações e comunicações entre os dois países, uma cultura muito semelhante, em alguns casos mesmo comum, e a mesma moeda única (não augure o futuro nenhuma “desgraça” no vendaval da crise dos mercados internacionais!).
                Ambos países não necessitam de referências na hora de falar de grandes eventos, o Euro 2004, as Olimpíadas de 1992 e várias Expos falam por si, mas pelos vistos são os estádios os que podem influenciar mais esta candidatura e não, propriamente, a capacidade organizativa ibérica. Esta candidatura ostenta sete estádios cotados com a nota máxima pela FIFA. Falamos do Camp Nou, do Santiago Barnabéu, do Olímpico Lluis Companys, do Olímpico de Sevilha e dos nossos Estádios da Luz, do Dragão e do Estádio José de Alvalade.
                A par de toda esta cooperação transfronteiriça, imaginemos que as “nossas selecções” (esquecendo “Aljubarrotas” e “1ºs de Dezembro”) se defrontam na final, como seria e onde seria esse embate histórico?
                Em teoria, as selecções de Portugal e Espanha jogariam sempre, por decreto, no seu país, com excepção da final, prevista para o Santiago Bernabéu, no entanto o 3º e 4º lugar disputar-se-ão em território português, provavelmente no estádio do Dragão.
                Seremos capazes de aguentar esta candidatura e fazer face aos desafios com que Portugal e Espanha se deparam actualmente? Como será o investimento público-privado neste projecto?
                Se o Sr. Joseph Blatter abrir o envelope que contempla a península, espero que esta candidatura prime pela transparência e boa gestão, honrando a verdadeira cooperação transfronteiriça através do desporto. Se tal não for uma realidade, proponha-se outra candidatura irmanada, desta vez, entre Espanha, Portugal, Itália (e Grécia, já agora!). Assim não se investiria em marketing, seria sempre a candidatura do “Clube Med”, como já somos conhecidos em alguns sítios, não sei bem porquê…