quarta-feira, dezembro 29, 2021

«En mi opinión, el artista no debería tener fronteras» Oscar Isaac

Paradoxos da mobilidade sustentável e da demografia em Portugal...

Paradoxos da mobilidade sustentável e da demografia em Portugal: é o maior produtor europeu de bicicletas e tem a maior fábrica do mundo a fazer cadeirinhas de bebé para duas rodas (a Polisport, a exportar 98% do que produz), no entanto, em 2021, houve menos de 80 mil nascimentos no país e malta a utilizar a bicicleta pelas ruas das cidades portuguesas continua a ser um acto de resistência (que não é propriamente aeróbica.) A foto é holandesa, com certeza...

Paradojas de la movilidad sostenible y de la demografía en Portugal: es el mayor productor europeo de bicicletas y tiene la mayor fábrica del mundo de sillitas de bebé del mundo (Polisport, exportando 98% de lo que produce), sin embargo, en 2021, hubo menos de 80 mil nascimentos en el país y la gente utilizando la bici por las calles portuguesas sigue siendo un acto de resistencia (que no es propiamente aeróbica). La foto es holandesa, seguramente...

quinta-feira, dezembro 23, 2021

Natal (com sentido)/Navidades (con sentido) – Luis Leal

Natal (com sentido) – Luis Leal

    Depois de ouvir uma entrevista à filósofa Emily Esfahani Smith, fiquei curioso com a sua investigação sobre “viver uma vida com sentido” e a vista de olhos que pensava dar às suas páginas acabou por se tornar numa leitura atenta e enriquecedora. Quero dizer, fui prendado pela ocasião e isso, hoje, faz-me pensar nos presentes que gostaria de ver distribuídos nesta época festiva. Portanto, vou aproveitar a rede e o algoritmo do Sr. Zuckerberg (e outras às quais estou subscrito), que me permite divulgar as minhas divagações e aquilo que vou fazendo, para escrever este “miniensaio” e, em simultâneo, vos desejar quatro presentes para além do mais importante de todos: a saúde. Vamos lá a eles:
    Presente nº1: Pertença. 
   Sintamo-nos valorizados e valorizemos os demais. Em casa, no carro, no trabalho, no Facebook (ou no Meta – que mal que me soa... –), no estábulo, numa manjedoura, onde quer que seja, saibamos que, a qualquer escala, em todos existe singularidade e importância, algo bem mais relevante do que simples utilidade no seio de uma qualquer instituição. (Nota pessoal: tens de voltar a ver o filme Um Lugar no Mundo!)
    Presente nº2: Propósito. 
    Por outras palavras, objetivos, causas, motivações, estímulos que sejam o motor e o combustível da nossa acção. Note-se que todos os propósitos são dignos e não se medem nem por prestígio, nem por significância. Logo, tão respeitável é o desígnio de encontrar a cura para a Covid, como a vontade de deixar melhores seres humanos num planeta a precisar de melhoras.
    Presente nº3: Transcendência. 
    E não é que somos minúsculos! Simples vestígios de poeira cósmica! Sejamos como o astronauta quando, sem gravidade, é invadido pela total humildade de saber-se uma partícula microscópica num vasto e incompreensível universo. Ser conscientes da pouca importância da nossa pessoa no cosmos é, paradoxalmente, um sentimento poderoso e profundo. Há quem reze, há quem medite, há quem dance... há quem se transcenda porque sabe perfeitamente o que é e não é.
    Presente nº4: Narrativa. 
    Charles Dickens (esse mesmo do Conto de Natal!) perguntava, através de David Copperfield, “serei eu o herói da minha história ou qualquer outro tomará esse lugar?”. Isto é, que história de vida contamos a nós próprios? Miguel Torga escrevia diários (e não só), o imperador Marco Aurélio meditações, o Zé Manel no Twitter (eu num blog), o António Aleixo quadras populares e Claudio Rodríguez poesia, quando “estava poeta”. Escrever a nossa vida ajuda a retirá-la da fragilidade do nosso corpo, do efémero dos nossos dias, e, com ou sem artifícios, permite editá-la perante os nossos próprios olhos. Decidir organizar os capítulos da nossa existência, decidir pontuar parágrafos, recorrer a vírgulas e pôr pontos finais é o livre-arbítrio na nossa história que, como bem lembrou Victor Frankl, nos pode salvar e este neuropsiquiatra austríaco, formado pelo Holocausto, sabia empiricamente do que nos lembrava. Em resumo, porventura o sentido da vida não será muito diferente da sintaxe numa frase, quanto mais coerente é, mais sentido tem.
    Estes são os quatro pilares para viver uma vida com sentido, segundo Emily Esfahani. Admito existirem mais nos quais possamos apoiar a carga que, por vezes, é viver e encontrar sentido onde não existe. Neste segundo Natal em pandemia, com novas variantes de vírus (e de vidas), contudo com máscaras e vacinas assumidas no quotidiano, tenho a sorte de ainda ter estes quatro pilares edificados: pertenço a uma família inserida numa comunidade, tenho uns quantos propósitos, transcendo-me sempre que possível e vou-me escrevendo, vou pontuando este texto desorganizado que sou e necessita de ter sentido para, por enquanto, não ser apagado.
    Votos de um Natal (com sentido).


    "Navidades (con sentido)" – Luis Leal

    Después de escuchar una entrevista a la filósofa Emily Esfahani Smith, me quedé curioso con su investigación sobre “vivir una vida con sentido” y el vistazo que pensaba echar a sus páginas terminó en una lectura atenta y enriquecedora. Es decir, fui obsequiado por la ocasión y eso, hoy, me hace pensar en los regalos que me gustaría ver distribuidos en esta época festiva. Por tanto, voy a aprovechar la red y el algoritmo del Sr. Zuckerberg (y otras a las cuales estoy subscrito), que me permite divulgar mis divagaciones y lo que voy haciendo, para escribir este “miniensayo” y, en simultáneo, desearos cuatro regalos además del más importante de todos: la salud. Vamos a por ellos:
    Regalo nº1: Pertenencia. 
    Sintámonos valorados y valoremos los demás. En casa, en el coche, en el trabajo, en Facebook (o en Meta – que mal que me suena... –), en el establo, en un pesebre, donde sea, sepamos que, a cualquier escala, en todos existe singularidad e importancia, algo bastante más relevante que la simple utilidad en el seno de una cualquier institución. (Nota personal: ¡tienes que volver a ver la película Un lugar en el mundo!)
    Regalo nº2: Propósito. 
    Por otras palabras, objetivos, causas, motivaciones, estímulos que sean el motor y el combustible de nuestra acción. Fijémonos que todos los propósitos son dignos y no se miden ni por prestigio, ni por significancia. Por lo tanto, tan respetable es el designio de buscar la cura para el Covid, como la voluntad de dejar mejores seres humanos en un planeta necesitando que se mejore.
    Regalo nº3: Transcendencia. 
    ¡La verdad es que somos minúsculos! ¡Simples vestigios de polvo cósmico! Seamos como el astronauta cuando, ingrávido, es invadido por la total humildad de saber que es una partícula microscópica en un vasto e incomprensible universo. Ser conscientes de la poca importancia de nuestra persona en el cosmos es, paradójicamente, un sentimiento poderoso y profundo. Hay quien rece, hay quien medite, hay quien baile... hay quien se transcienda porque sabe perfectamente lo que es y no es.
    Regalo nº4: Narrativa. 
    Charles Dickens (¡ese mismo del Cuento de Navidad!) preguntaba, a través de David Copperfield, “¿seré yo el héroe de mi historia u otro cualquiera ocupará ese lugar?”. O sea, ¿qué historia de vida contamos a nosotros mismos? Miguel Torga escribía diarios (y no sólo), el emperador Marco Aurélio meditaciones, Pepito en Twitter (yo en un blog), António Aleixo décimas populares y Claudio Rodríguez poesía, cuando “estaba poeta”. Escribir nuestra vida ayuda a sacarla de la fragilidad de nuestro cuerpo, de lo efímero de nuestros días, y, con o sin artificios, permite editarla ante nuestros propios ojos. Decidir organizar los capítulos de nuestra existencia, decidir puntuar parágrafos, usar comas y pones puntos y finales es el libre albedrio en nuestra historia que, como bien nos recordó Victor Frankl, nos puede salvar y este neuropsiquiatra austríaco, formado por el Holocausto, sabía empíricamente de lo que nos recordaba. En resumen, es posible que el sentido de la vida no sea muy diferente de la sintaxis en una frase, cuanto más coherente es, más sentido tiene.
    Estos son los cuatro pilares para vivir una vida con sentido, según Emily Esfahani. Admito que existan más en los cuales podamos apoyar la carga que, por veces, es vivir y encontrar sentido donde no existe. En estas segundas Navidades en pandemia, con nuevas variantes de virus (y de vidas), sin embargo, con mascarillas y vacunas asumidas en el cotidiano, tengo la suerte de aún tener estos cuatro pilares edificados: pertenezco a una familia inserida en una comunidad, tengo unos cuantos propósitos, me transciendo siempre que es posible y me voy escribiendo, voy puntuando este texto desorganizado que soy y necesita tener sentido para que, mientras tanto, no sea borrado.
    A todos, unas Navidades (con sentido).

Bibliografia: Emily Esfahani Smith, El arte de cultivar una vida con sentido: Los cuatro pilares para una existencia rica y satisfactoria (trad. Alicia Sánchez Millet), Barcelona, Urano, 2017. 
Foto: CNN, 2019.




terça-feira, dezembro 21, 2021

Paulo Portas recomenda "António Ferro - Ficção" na TVI (12/XII/2021)

Se alguém me dissesse que algum elemento relacionado com a minha existência se iria cruzar com o exviceprimeiro-ministro Paulo Portas, eu diria: “Nah...”. Porém, o antigo líder do PP teve a iniciativa (e a simpatia) de recomendar o nosso “António Ferro – Ficção” (E-Primatur, 2021) no seu espaço de opinião na TVI e só me lembrei que, efectivamente, tudo na vida é “irrevogável”...

Si alguien me dijera que algún elemento relacionado con mi existencia se iba a cruzar con el exviceprimer ministro Paulo Portas, yo diría: “Nah...”. Sin embargo, el antiguo líder del PP (portugués) tuvo la iniciativa (y la simpatía) de recomendar nuestro “António Ferro – Ficção” (E-Primatur, 2021) en su espacio de opinión en TVI y solo me he acordado que, efectivamente, todo en la vida es “irrevocable”...

segunda-feira, dezembro 20, 2021

“contextualise the grief...” - Keanu Reeves

“contextualise the grief, even be inspired by it, even find a certain pleasure in it… Let [the grief] move, and not be trapped inside it… It just put things in a new shape that I could carry or have with me.” - Keanu Reeves 

sexta-feira, dezembro 17, 2021

Festas de Campo Maior são declaradas Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO (15/XII/2021)

Parabéns Campo Maior! Mais de um século de tradição reconhecido e inventariado pela UNESCO! “A Festa das Flores”: eis um património imaterial que não é só de Portugal, do Alentejo, mas também da rai(y)a! Amanhã falamos um pouco deste merecido reconhecimento na Cadena Ser, se vos apetecer ouvir.

¡Enhorabuena Campo Maior! ¡Más de un siglo de tradición reconocido e inventariado por la UNESCO! “La Fiesta de las Flores”: ¡aquí está un patrimonio intangible que no sólo de Portugal, del Alentejo, sino también de la ra(i)ya! Mañana hablamos un poco de este merecido reconocimiento en la Cadena Ser, por si os apetece oír.



sábado, dezembro 11, 2021

La BH...

La BH (Beistegui Hermanos, S.A. - Vitoria, Made in Spain)  parada para que el ciclista pueda comprobar si el otoño se está preparando a conciencia para dar la bienvenida al invierno.

A BH (Beistegui Hermanos, S.A. - Vitoria, Made in Spain)  parada para o ciclista poder comprovar se o Outono se está a preparar conscientemente para dar as boas-vindas ao Inverno.

sexta-feira, dezembro 10, 2021

"António Ferro - Ficção", (Introdução Luis Leal, E-Primatur, Novembro, 2021)

Permitam-me uma sugestão para o Natal: o recém-editado “António Ferro – Ficções”.

Cheguei à figura fascinante (e controversa) de António Ferro ainda no âmbito da História da Arte, porém, foi no seio das vanguardas literárias, graças à recomendação dos meus mestres Antonio Sáez Delgado e José Luis Bernal, que aprofundei conhecimentos sobre o seu perfil de literato. Só pelo prazer de estudar a sua obra literária (que continuarei a investigar) já tinha valido a pena, contudo escrever a introdução à reedição da sua prosa modernista deixa-me muitíssimo orgulhoso e grato, principalmente à minha estimada Mafalda Ferro e ao meu caríssimo Hugo Xavier (criterioso editor da E-Primatur) que creio terem visto na minha perspectiva a isenção e o entusiasmo necessários para convidar os leitores do século XXI a conhecerem esta interessantíssima faceta, relativamente eclipsada por uma biografia com o peso do século XX português (e não só!).

Permitidme una sugerencia para regalo de navidad: el recién editado “António Ferro – Ficções”.

Llegué a la figura fascinante (y controvertida) de António Ferro aún en el ámbito de la historia del arte, sin embargo, fue en el seno de las vanguardias literarias, gracias a las recomendaciones de mis maestros Antonio Sáez Delgado y José Luis Bernal, que profundicé conocimientos sobre su perfil de literato. Sólo por el placer de estudiar su obra literaria (que seguiré investigando) ya había valido la pena, pero escribir la introducción a la reedición de su prosa modernista me deja muchísimo orgulloso y agradecido, principalmente a mi estimada Mafalda Ferro y a mi “caríssimo” Hugo Xavier (criterioso editor de E-Primatur) que creo que han visto en mi perspectiva la exención y el entusiasmo necesarios para invitar a los lectores del siglo XXI a que conozcan esta interesantísima faceta, relativamente eclipsada por una biografía con el peso del siglo XX portugués (¡y no sólo!).

"António Ferro - Ficção", int. Luis Leal (E-Primatur, 2021)



"La muerte es como cuando va a salir el tren y no hay tiempo para comprar revistas". - Ramón Gómez de la Serna

quarta-feira, dezembro 08, 2021

Dignidade sem Liberdade

Diz-me que para termos dignidade, para que voltemos a um não sei quê que eu nunca acreditei que assim fosse, tínhamos de abdicar de umas quantas "liberdades". Ainda pensei em rebater em voz alta, mas tomei a minha liberdade de ficar calado. Quando ninguém te ouve o silêncio é um sábio aliado. Porém, pensei que esta pessoa está longe do conceito de dignidade, pelo simples (e óbvio) facto de sem liberdade não se pode conceber qualquer dignidade. 

sábado, dezembro 04, 2021

Playing with Legos

La tragedia de Ciboure - Por Frédéric Beigbeder

"La tragedia de Ciboure [que es la de la inmigración y de la xenofobia en Europa] plantea un terrible dilema: desde luego, no podemos acoger toda la miseria del mundo... Pero ¿no podríamos simplemente darle los buenos días?" - Frédéric Beigbeder ("Icon" n.°94, 4/XII/2021)

quinta-feira, dezembro 02, 2021

Inquietud(e)

Há 30 anos, no "Expresso", A. Pinto Leite escreveu uma crónica que me marcou ainda em tenra idade e continua presente, tantos anos depois, quando reflito sobre que legado gostaria de deixar aos meus filhos. Sinto e sei que não se resume à ecologia. Partilho a sua inquietação com três décadas (que é a minha do presente), num mundo, já então artificializado e tecnicizado, à procura da sua alma e que hoje parece tê-la perdido. 
"Inquieta[-me] um mundo sem espiritualidade e não quero deixar apenas às gerações futuras os rios e os mares limpos e as florestas e o lince da Malcata intactos, mas também o essencial do Homem, a alma, a sua secreta grandeza, aquilo que o distingue diante do mistério da vida e aquilo que nenhum electrodoméstico, ou automóvel, ou taxa de juro, ou cartão jovem [ou smartphone] consegue iludir."

Hace 30 años, en "Expresso", A. Pinto Leite escribió una crónica que me marcó aún en temprana eda y sigue presente, tantos años después, cuando reflexiono sobre que legado me gustaría dejar a mis hijos. Siento y sé que no se resume a la ecologia. Comparto su inquietud con tres décadas (que es la mía del presente), en un mundo, ya entonces artificializado y tecnicizado, en búsqueda de su alma y que hoy parece haberla perdido. 
"[Me] Inquieta un mundo sin espiritualidad y no quiero dejar únicamente a las generaciones futuras los ríos y los mares limpios y los bosques y el lince de Malcata intactos, pero también el esencial del Hombre, el alma, su secreta grandeza, aquello que lo distingue ante el mistério de la vida y aquello que ningún electrodoméstico, o automóvil, o interés, o carné joven, [o smartphone] consigue iludir."
"Camino del Almendro" - LL


terça-feira, novembro 30, 2021

Apunte del día

Apunte del día: Al final no van a hacer controles fronterizos terrestres en Portugal. Mejor así. Sin embargo, ya veía la frontera imponerse otra vez, recordándome que los pasaportes de antaño contenían sólo nuestra nacionalidad, mientras que los de hoy son también una prueba de nuestra salud física, aunque el presente esté bastante traumatizado. 

Nota do dia: Afinal não vão fazer controlos fronteiriços terrestres em Portugal. Melhor assim. No entanto, já via a fronteira a impor-se outra vez, recordando-me que os passaportes de outrora só continham a nossa nacionalidade, enquanto que os de hoje são também uma prova da nossa saúde física, apesar do presente estar bastante traumatizado.


terça-feira, novembro 23, 2021

3 Aforismos de Luis Leal (in “El Espejo”, nº13, 2021)

3 Aforismos de Luis Leal (in “El Espejo”, nº13)

Era já gaiatão quando soube o que era um aforismo. Descobri este género fragmentário através de Teixeira de Pascoaes, cuja aforística foi recompilada pelo mesmíssimo Mário Cesariny. Desde então tenho guardados uns quantos da minha colheita no blog, em alguns cadernos e até na memória do telemóvel, contudo, estou longe da mestria do meu estimado Elías Moro, aforista de excelência, e de outros nomes que podem encontrar no 13º número de "El Espejo".

Porém, é pura casualidade que a crónica ainda disponível nas páginas da "Mais Alentejo" verse sobre o peso do literato na contemporaneidade. Em poucas palavras, é como estes três aforismos, completamente inútil.

Era ya un buen mozo cuando supe lo que era un aforismo. Descubrí este género fragmentario a través de Teixeira de Pascoaes, cuya aforística fue recompilada por el mismísimo Mário Cesariny. Desde entonces tengo un par de ellos guardados de mi cosecha en el blog, en algunos cuadernos e incluso en la memoria del móvil, pero estoy lejos de la maestría de mi estimado Elías Moro, aforista de excelencia, y de otros nombres que podéis encontrar en el 13º número de "El Espejo".

Sin embargo, es pura casualidad que la crónica aún disponible en las páginas de "Mais Alentejo" verse sobre el peso del literato en la contemporaneidad. En pocas palabras, es como estos tres aforismos, completamente inútil.

*Errata: “perguntou-lhe” em vez de “preguntou-lhe”.






"Sapo y Sepo, amigos inseparables" - Lecturas que te encantan X.

quinta-feira, novembro 18, 2021

Efeitos secundários da "Task Force": naúseas e mal-estar

Efeitos secundários da "Task Force": náuseas e mal-estar.

Apesar de ter abandonado a docência em Portugal, devido à precariedade e à falta de perspectivas de futuro na profissão, sempre fiz questão de acompanhar o sistema educativo português. As poucas vezes que me manifestei sobre o mesmo, foi para reivindicar a qualidade da preparação técnica e pedagógica dos docentes saídos dos, já antigos, cursos de "Ensino de", ministrados por várias universidades, de Norte a Sul do país, e que deixaram uns milhares professores expostos à falta de "novas oportunidades", ao desenrascanso e à "vocação para o desemprego". Alguns, menos estóicos e talvez bafejados pela sorte (nos quais me incluo), ainda tiveram a oportunidade de serem "exportados" para outros sistemas educativos e continuarem a exercer. 
Talvez por isso, por muitas vezes me sentir como um produto exportado, não gosto de me pronunciar sobre as políticas educativas portuguesas, contudo, hoje, ao ouvir na rádio que se vai formar uma "Task Force" para solucionar a falta de professores em Portugal (e o actual recrutamento de pessoal não docente para leccionar), senti os efeitos secundários que não tive com as duas doses da vacina contra este raio de vírus. Senti umas náuseas, um mal-estar que não consegui manter em silêncio, apesar de saber que sou um produto, uma exportação (possivelmente já caducada) do ensino português.

quarta-feira, novembro 17, 2021

Una versión editada de mí mismo

Echando un vistazo a las redes, me doy cuenta que allí tengo una vida bastante diferente de la que tengo en mi casa o en mi día a día. A pesar de que intento ser fiel a una cierta sinceridad, en Facebook, en Instagram (aquí creo que no), tengo una versión editada de mi persona y eso oculta mucho de la realidad, imperfecciones principalmente.

domingo, novembro 14, 2021

Cuando me preocupo...

Cuando me preocupo demasiado en querer ser un ejemplo, la naturaleza se impone en sus infinitas formas y me recuerda que es bastante mejor educadora que yo. 
Quando me preocupo demasiado em querer ser um exemplo, a natureza impõe-se nas suas infinitas formas e lembra-me que é bastante melhor educadora do que eu.

quinta-feira, novembro 11, 2021

Ed Sheeran no "Hormiguero", 11.11.21

Deixei os meus pequenos irem mais tarde para a cama de forma a que pudessem ver o Ed Sheeran em directo, no "Hormiguero", e ainda bem que quebrámos a rotina. Que este cantor inglês é um poço de talento já o sabia há tempos, as suas melodias têm sido a banda sonora da infância dos meus filhos, porém, a sua generosidade (que intuía pela letra de algumas canções) é digna de ser salientada, pois Sheeran podia ter utilizado este talk show, de audiências massivas, para unicamente se promover e aproveitou cada momento que pôde para reforçar o trabalho dos outros, como aquela jovem a quem pediu que cantasse à capela e que dissesse ao público onde a podiam encontrar nas redes.
É marketing, dirão muitos (e possivelmente terão razão), é uma imagem trabalhada ao pormenor, dirão outros (quase de certeza), mas podia ser de outra maneira, isto é, de nariz empinado com exigências de "rock star", à Madonna, "aka mandona", e não o é.
Aproveitei o exemplo para dizer aos meus filhos que quem brilha por fazer brilhar os outros brilha a dobrar, pois a sua luz torna-se mais evidente e persistente por ser natural. Acho que entenderam o recurso a tanta luminosidade ou isso espero, enquanto o Ed Sheeran foi lá à vida dele e os meus putos para vale de lençóis. Que o artista nunca esqueça a indiferença das ruas onde cantou e que os meus artistas possam sempre brilhar sem ofuscarem ninguém.

terça-feira, novembro 09, 2021

"O Big Metabrother" - Francisco Louçã, in "Expresso", 6/XI/2021

"Quiero pensar que no somos solo un montón de vísceras." - Pablo Guerrero

"Quiero pensar que no somos solo un montón de vísceras. Tenemos espíritu y el arte es la plasmación más evidente de lo sagrado. No estoy adscrito a una u otra religión en concreto, más allá de mi partida de bautismo, pero me gusta lo zen. Propicia que hasta algo tan cotidiano como bajar la basura se convierta en un episodio gozoso." - Pablo Guerrero, "El País" (7/XI/2021)

domingo, novembro 07, 2021

Domingo

A manhã, ainda colada à madrugada, começa azeda, triste, e vai evoluindo com os aplausos da gente aos atletas da meia-maratona da nossa cidade. 
Durante o dia os braços pesaram, os sorrisos conjugues não abundaram, e a tarde terminou num sofá a ver um filme francês, uma comédia sobre a pandemia e sobre a nossa estranha humanidades.
Com o pouco descanso que a cama permite, vislumbro poder deitar-me, ler um pouco, escrever esta nota, com um certo sentido de dever cumprido. Passou mais um domingo. Na mesa da cozinha já tenho os dois lanches dos mais velhos para amanhã e acabo de levar o biberão do mais novo para cima. Mais do que a necessidade de descanso, sinto que não devo pensar. Foco-me nas sandes, no biberão e no chá de funcho. 

sábado, novembro 06, 2021

Me pregunto si el artista...

Me pregunto si el artista, para reivindicar su arte, tiene que atacar, insultar o maltratar a otros supuestos artistas, precursores o contemporáneo, es indiferente. ¿Tiene el arte una lógica exclusivamente hegeliana? ¿Es el artista primordialmente un agente de dialéctica o un ser tendente a la creación?
Como no distingo sustancialmente el arte de la vida, como tampoco distingo la física de los movimientos y de los elementos, intuyo una respuesta, pero no la escribo en mis anotaciones. No merece la pena. Me guardo mis antipatías artísticas (y no solo) para mí mismo, pues quiero que mi suelo siga así, pobre en odios pero, al mismo tiempo, un lugar donde no suelen proliferar demasiadas malas hierbas. 


Cuando uno no tiene nada para decir, lo dice mejor en su lengua materna, la de sus entrañas./Quando um tipo não tem nada para dizer, di-lo melhor na sua língua materna, a da suas entranhas. - Theodor Kallifatides

    “En ese momento lo entendí. Mi primera lengua es palpitación. La segunda, cavilación. La primera brotaba de mis entrañas, la segunda de mi cerebro. El problema era ensamblarlas. [...] La conclusión era sencilla, cada lengua tiene su manera de ser escrita. [...] [Sin embargo] Cuando sabes lo que quieres decir, puedes decirlo en todas las lenguas que conoces.
    También puedes guardar silencio en todas las lenguas que conoces.
    Pero cuando no tienes nada para decir, lo dices mejor en tu lengua materna.”

    “Nesse momento entendi. A minha primeira língua é pulsar. A segunda, pensar. A primeira brotava das minha entranhas, a segunda do meu cérebro. O problema era enlaçá-las. [...] A conclusão era simples, cada língua tem a sua maneira de ser escrita. [...] [Contudo] Quando sabes o que queres dizer, podes dizê-lo em todas as línguas que conheces.
    Também podes guardar silêncio em todas as línguas que conheces.
    Mas quando não tens nada para dizer, di-lo melhor na tua língua materna.” (Trad. Luis Leal)


Theodor Kallifatides, Otra vida por vivir (trad. Selma Ancira), Barcelona, Galaxia Gutemberg, 2019, pp. 151-152.

"Silencio" (Foto de SLP - 2021)

sexta-feira, novembro 05, 2021

En la era de lo inmediato... (imagen de Guy Delisle)

En la era de lo inmediato, la eternidad pasa desapercibida.


Na era do imediato, a eternidade passa desapercibida.


Tres aforismos de Stanisław Jerzy Lec


 

Tres aforismos del escritor, poeta y aforista polaco Stanisław Jerzy Lec (1909 - 1966):


Mi odio ha envejecido: se ha transformado en desprecio. 


Desde que el hombre se alzó sobre sus patas traseras no ha recuperado el equilibrio.


Cuando tengo razón estoy alerta




Pensamientos despeinados. Traducción de Elzbieta Bortkiewicz y Abraham Gragera. Pre-Textos, 2014.




quinta-feira, novembro 04, 2021

domingo, outubro 31, 2021

A propósito do COP 26

Se nós, no nosso mundo diminuto, somos capazes de reivindicar (e tentar predicar com algum exemplo) que um "mundo verde é possível", em Glasgow também têm o dever moral de fazerem mais. O ecologismo não é um "ismo" de direita ou de esquerda, tem de estar por cima da política, pois permite uma perspectiva necessária, sensata e equilibrada que reduz o homem à sua real escala. Isto é, num planeta finito onde não pode continuar a conceber crescimentos infinitos. Qualquer espécie, com um mínimo de inteligência, detecta de imediato o paradoxo.

Si nosotros, en nuestro mundo diminuto, somos capaces de reivindicar (e intentar predicar con algún ejemplo) que un "mundo verde es posible", en Glasgow también tienen el deber moral de hacer más. El ecologismo no es un "ismo" de derechas o de izquierdas, tiene que estar por encima de la política, puesto que permite una perspectiva necesaria, sensata y equilibrada que reduce el hombre a su real escala. Es decir, en un planeta finito donde no puede seguir concibiendo crecimientos infinitos. Cualquier especie, con un mínimo de inteligencia, detecta de inmediato la paradoja.

#cop26 #climatechange #ecologismo #sustainability 

quarta-feira, outubro 27, 2021

"La emigración es una especie de suicidio parcial" - Theodor Kallifatides

    La emigración es una especie de suicidio parcial. No mueres, pero muchas cosas mueren dentro de ti. Entre otras, tu lengua.
    Por eso me siento más orgulloso de no haber perdido mi griego después de haber vivido cincuenta y cinco años en Suecia, que de haber aprendido sueco tan bien como lo he aprendido. Lo segundo fue obra de la necesidad, pero lo primero es un acto de amor. Una victoria contra el olvido y la indiferencia. 

    A emigração é uma espécie de suicídio parcial. Não morres, contudo, muitas coisas morrem dentro de ti. Entre outras, a tua língua.
    Por isso me sinto mais orgulhoso de não ter perdido o meu grego depois de ter vivido cinquenta e cinco anos na Suécia, que de ter aprendido sueco tão bem como o aprendi. O segundo foi obra da necessidade, mas o primeiro é um acto de amor. Uma vitória contra o esquecimento e a indiferença. 

    Theodor Kallifatides, Otra vida por vivir (trad. Selma Ancira), Barcelona, Galaxia Gutemberg, 2019, p. 73.



segunda-feira, outubro 25, 2021

quarta-feira, outubro 20, 2021

La integridad la tienes o no la tienes

"En un mundo tan absurdo como este, quedan pocas cosas capaces de resistir la prueba de la verdad. Y el valor, entendido como integridad, como dignidad, es una de ellas. Resulta muy difícil fingirlo. Tú puedes comprar ropa, sexo, prestigio, imagen, fama..., pero, cuando todo se va al carajo, la integridad la tienes o no la tienes." - Arturo Pérez-Reverte

A propósito da arca pessoana em 1988, no centenário de Fernando Pessoa, Manuel António Pina dixit:

"O nome de Pessoa é uma inesgotável mina onde os políticos (...) vão buscar lustro para os cargos e os currículos. (...) Aos políticos (se calhar com a excepção de António Ferro) ninguém, nem a poesia de Pessoa, deve nada. Eles é que têm uma dívida para com ela que, naturalmente, não conseguirão pagar com estátuas nem com nomes de ruas."

Manuel António Pina, "Os Salteadores da Arca Perdida" (JN, 18/VI/1988), Crónica, Saudade da Literatura, Lisboa, Assírio&Alvim, 2013, pp. 61-64.

Frontera, el lugar del no llegar a ser.

segunda-feira, outubro 18, 2021

Dicen que los móviles...

Dicen que lo móviles nos escuchan y quizás sea verdad, pues, últimamente, comento en casa que no oigo bien, que tengo dificultad en entender lo que me dicen, y el bueno del móvil es tan amable de hacerme llegar sugerencias de audífonos de todo tipo y adaptados a mis necesidades.
Yo que llevo años expuesto a ruido de todo tipo, especialmente niños en casa y en el trabajo, agradezco el detalle y no me quedo pensando en teorías de la conspiración, en aparatos que nos espían, me quedo sí con la seguridad que, al contrario de mí, mi móvil me oye perfectamente y que seguro que su software no le permitirá problemas de audición.

Primeiro encontro (30.09.2021)

O nosso pequeno e o nosso rafeiro alentejano. O seu primeiro encontro, porém ambos já se conheciam, já sentiam a forte presença um do outro. Apesar de mediar o mesmo, eu estava a mais no momento. Na vida não há muitos encontros assim, entre seres com tal grau de pureza.
Nuestro pequeño y nuestro "rafeiro alentejano". Su primer encuentro, pero ambos ya se conocían, ya sentían la fuerte presencia uno del otro. A pesar de mediar el mismo, yo estaba de sobra en el momento. En la vida no hay muchos encuentros así, entre seres con tal grado de pureza.


quinta-feira, outubro 14, 2021

Tengo el cerebro ardiendo...

Tengo el cerebro ardiendo y llevo días con poquísimas horas dormidas, pero por dentro se generan unos pensamientos, unas imágenes, que mi realidad física no me dejan escribir y describir. Quizás sea otro tipo de paternidad que no ejerzo. No sé cuánto tiempo seguiré (y aguantaré) así, el cuerpo me pide descanso, el cerebro coexiste con el llanto del bebé y el todo sigue como puede, no demasiado preocupado, sí descolocado. No sé si todo esto tiene sentido y, me lo digo a mi mismo, para no quemar aún más neuronas buscándolo.

domingo, outubro 10, 2021

"Siempre que trato con hombres del campo.../Sempre que lido com homens do campo..." - Juan de Mairena

"Siempre que trato con hombres del campo, pienso en lo mucho que ellos saben y nosotros ignoramos, y en lo poco que a ellos importa conocer cuanto nosotros sabemos."

"Sempre que lido com homens do campo, penso no muito que eles sabem e que nós ignoramos, e no pouco que lhes importa conhecer quanto nós sabemos." - Juan de Mairena [Antonio Machado, trad. Luis Leal]

sexta-feira, outubro 08, 2021

De manhã...

De manhã levo os meus filhos mais velhos à escola, regresso a casa para a lida, ajudar a minha mulher e cuidar do nosso bebé. Ao início da tarde acompanho o meu pai a uma cirurgia ocular e voltamos a minha casa para que ele possa descansar, enquanto eu saio para uma consulta de rotina. Nada de grave, nada de especial, porém, é um dia completo. Não pela azáfama, sim pela sua verticalidade. Sou pai, marido, filho e um homem consciente de que é mortal, somos mortais. Admito o medo, assumo o esforço e aceito esta paz precária.

Mais um Nobel...Abdulrazak Gurnah

Atribuiu-se mais um Nobel da Literatura e o que me fica é uma sensação de aposta tipo "a quem é que calha este ano" (desgraçados do Murakami e do Lobo Antunes). Avançou-se um autor que desconheço, Abdulrazak Gurnah, e, nos últimos anos, o Nobel, para mim, é isso mesmo, um selo de divulgação de autores (e de literaturas) aos que por vezes presto atenção e, a maior parte das vezes, não. 

Uma fotografia de Carlos Teixeira

 


Sem dados de ano nem de local onde Carlos Teixeira tirou esta fotografia.




quarta-feira, outubro 06, 2021

Coisas que não têm preço... ("Microensaio de WC")

A malta faz listas das coisas que não têm preço e fá-lo muito bem, sendo que costumo estar de acordo com a maioria das que vou lendo. No entanto, talvez por educação ou pudor, omitem algumas que, para mim, são óbvias e, em etapas de azáfama como a que estamos a viver, muito valorizo. 
Defecar, evacuar, libertar o ventre, aliviar a tripa, fazer cocó (ou caca, como dizemos cá em casa), em fim, cagar, e poder fazê-lo com calma, não tem preço e, quem sabe, até pode ser terapêutico em certos contextos da nossa existência.
Mas, como tudo, exige-se disciplina, uma certa austeridade. Eu, por exemplo, já não posso sentar-me na sanita munido de livros e revistas como na juventude. O prazer da leitura começou a ser controlado na casa de banho ao longo dos anos pelo simples facto de não ser propício ao anús e introduzir hemorróidas, essas personagens terroríficas, a narrativas prazenteiras a pecarem por demoradas.
O telemóvel veio substituir um pouco a leitura analógica de WC e também há que ter cuidado com o seu uso, pois para além da ameaça eminente do hemorroidal, traz o ego para o derradeiro acto fisiológico de igualdade. Tanto defeca o rei, o presidente, o papa, a Joaquina, o José Manuel ou eu. Perdermos a noção desse igualitarismo por estarmos em rede é perigoso e faz-nos perder o momento de alívio porque estamos a querer ser quem não somos ou a pensar que o outro é quem não é.
Escrever também não se adapta a este momento e é evidente nesta nota de diário que se alargou a microensaio. Fica demasiado patente a postura auxiliada às cócoras, na fluidez enganosa e num estilo gasoso, com um odor desnecessário num exercício que se quer pulcro e, se possível, apto para publicação. 
No meu caso, penso num impressão em rolo de qualidade, com uma gramagem digna da intelectualidade e das exigências do mercado, mas só tenho à mão papel higiénico de barato, do supermercado, porém com a possibilidade de ampliar o vício com a sua folha dupla.

terça-feira, outubro 05, 2021

Jean Cocteau, uma garrafa meio vazia e uma meia mentira

 

Uma garrafa de vinho meio vazia está meio cheia. Mas uma meia mentira nunca será uma meia verdade.

Jean Cocteau


Une bouteille demi-vide est aussi une bouteille demi-pleine; mais un demi-mensonge ne sera jamais une demi-vérité.




"Aprende antes a pensar que todos os barcos estão vazios" - Poema Oriental

Aprende antes a pensar que todos os barcos estão vazios
e quando atravessares os rios do mundo
coisa alguma te podrá perturbar." - Poema Oriental citado por José Tolentino Mendonça

segunda-feira, outubro 04, 2021

"¿Acaso existe un misterio mayor en este mundo que el de sentirse atraído por una única cara toda la vida?" - Theodor Kallifatides, in "Otra vida por vivir", p. 54

Mais Brecht pelo Dia Internacional da Tradução



Ou "do Tradutor", como diz esta imagem, esquecendo os montes de tradutoras que existem.... Já passou o dia 30 de setembro, mas foi há muito pouco, na semana passada. 
 
E para ilustrar, temos mais uma vez o grande Bertolt Brecht. Isto foi o que ele escreveu em tempos bem difíceis do século XX:


Ich, der Überlebende

Ich weiß natürlich: einzig durch Glück
Habe ich so viele Freunde überlebt. Aber heute Nacht im Traum
Hörte ich diese Freunde von mir sagen: »Die Stärkeren überleben«
Und ich haßte mich.


E lemos em português, na tradução de Modesto Carone Netto:


Eu, o sobrevivente

Certamente sei: só por sorte
Sobrevivi a tantos amigos. Mas hoje à noite, em sonho,
Ouvi estes amigos dizerem de mim: "Os mais fortes sobrevivem."
E odiei-me.





Bertolt Brecht - Placeres


 

PLACERES

La primera mirada por la ventana al levantarse,
el reencuentro con el viejo libro,
rostros entusiasmados,
nieve, el cambio de las estaciones,
el periódico,
el perro,
la dialéctica,
ducharse,
nadar,
música antigua,
zapatos cómodos,
comprender,
música nueva,
escribir,
plantar,
viajar,
cantar,
ser amable.

Bertolt Brecht


Traducción de Vicente Forés, Jesús Munárriz y Jenaro Talens


VERGNÜGUNGEN

Der erste Blick aus dem Fenster am Morgen
Das wiedergefundene alte Buch
Begeisterte Gesichter
Schnee, der Wechsel der Jahreszeiten
Die Zeitung
Der Hund
Die Dialektik
Duschen, Schwimmen
Alte Musik
Bequeme Schuhe
Begreifen
Neue Musik
Schreiben, Pflanzen
Reisen
Singen
Freundlich sein.


[1954]


domingo, outubro 03, 2021

"Es tan triste pensar que la lengua materna es nuestro propio mérito" - Joan Margarit

Vendinha, 2006

Vendinha, Fevereiro/Março de 2006


Vendem-nos para aí "Novas Oportunidades", mas, para lá da Ponte do Albardão, onde dou aulas numa freguesia rural, ainda há crianças com fome. Crianças como este aluno de oito anos, que, depois de ser metido num transporte escolar, bem cedo, à porta de um monte esquecido deste Alentejo, só aconchega o estômago com o leite escolar ou com a caridade de alguma funcionária desta escola primária, onde passa o dia com a certeza inculcada disto não lhe servir para nada.
Quando aqui chego, a alegria destas oito crianças, a quem ainda não fecharam a escola (por os políticos "amarem tanto a educação") e com as quais nem sequer me atrevo a ter um gesto de afecto físico neste clima mediático de Casa Pia, não me impede cair numa certa tristeza, pelo seu (e pelo meu) futuro. Mas depressa acabo por me esquecer graças à merenda que trago no carro e que, como esta criançada, acompanho com leite escolar. Como me diz a senhora contínua, "não quer um pacotinho professor? Se aqui ficam, vão acabar por se estragar...". 

Se, por algum motivo, me ponho a pensar...

Se, por algum motivo, me ponho a pensar que sou algo que não sou ou mais do que o que se é realmente, o meu quotidiano faz questão de me pôr no meu sítio. Como ontem, a acarretar com uns belos quilos de estrume de ovelha.


sexta-feira, outubro 01, 2021

La única diferencia...

La única diferencia entre el escritor vocacional y el profesional es que el segundo ha tenido la posibilidad de tener un retorno económico de lo que escribe. No tiene nada que ver con vivir de la escritura o para la escritura.

El primer día en el campo...