segunda-feira, agosto 30, 2021

Conocí a Kallifatides y encontré algo que siento y no era capaz de enunciar. Sé quién soy y, desde hace mucho, no me siento extranjero.

Gracias a Álvaro Valverde conocí a Kallifatides y encontré algo que siento y no era capaz de enunciar. Sé quién soy y, desde hace mucho, no me siento extranjero.   

“Sus cartas, que llegaban una vez a la semana, eran mi salvación [en los primeros años en Suecia]. «No te olvides de quién eres», me escribía [mi padre]. Ése es el peligro más grave. Que uno se olvide de quién es. Por otro lado, igualmente fatídico es que uno se acuerde en demasía de quién es, porque entonces no se atreve a dar los pasos necesarios para acercarse a una nueva sociedad y siempre será un extranjero.” 

Graças a Álvaro Valverde conheci Kallifatides e encontrei uma coisa que sinto e não era capaz de enunciar. Sei quem sou e, desde há muito tempo, não me sinto estrangeiro.

“As suas cartas, que chegavam uma vez por semana, eram a minha salvação [nos primeiros anos na Suécia]. «Não te esqueças quem és», escrevia-me [o meu pai]. Esse é o perigo mais grave. Que alguém se esqueça quem é. Por outro lado, igualmente fatídico é que alguém se lembre em demasia quem é, porque então não se atreve a dar os passos necessários para acercar-se a uma nova sociedade e será sempre um estrangeiro.” (trad. Luis Leal)

Theodor Kallifatides, Lo pasado no es un sueño (trad. Selma Ancira), Barcelona, Galaxia Gutemberg, 2021, p. 127.

“Sí. Un escritor escribe o bien en la lengua que conoce o bien en la que no conoce, pero escribe. Puede que camine con muletas en la otra lengua, puede que avance de rodillas, puede que se arrastre como un gusano, pero escribe, sencillamente porque necesita, porque su mensaje es más grande que él mismo.”

“Sim. Um escritor ora escreve na língua que conhece bem ora na que não conhece, mas escreve. Talvez caminhe com muletas na outra língua, talvez avance de joelhos, talvez se arrastre como um verme, mas escreve, simplesmente porque necessita, porque a sua mensagem é maior do que ele mesmo.” 

Theodor Kallifatides, Lo pasado no es un sueño (trad. Selma Ancira), Barcelona, Galaxia Gutemberg, 2021, p. 148.

Theodor Kallifatides



William Zimpel - Airport sign (2008)

 




sexta-feira, agosto 27, 2021

Por que razão...

Por que razão se usa tanto o pretérito imperfeito para nos referirmos à infância quando, na maior parte das nossas existências, a vida era perfeita?

Lá em Porto Covo...


 

Vasco Trancoso - Patterns. Porto Covo, 2019.




quinta-feira, agosto 26, 2021

Indiferente à escala humana

Ao olhar para o mundo indiferente à escala humana, abandona-se a perspectiva de um qualquer eu.  É-se, sem medições, natureza.

terça-feira, agosto 24, 2021

Un aforismo de Miguel Catalán

 

Tiembla por el estruendo del trueno quien no vio el fulgor del rayo.

Miguel Catalán
(1958 - 2019)



Noël Fontanet - VELOSOLEX

 


Do pintor suiço Noël Fontanet (1898-1982), VELOSOLEX.

 

zufrieden = satisfeito

Spart: Zeit, Geld und Mühe = Poupa: tempo, dinheiro e esforço.



Julien Duvivier - Au Bonheur des Dames, 1930

 





A liberdade passa...

"A liberdade passa por nos enganarmos, reconhecer que nos enganámos e crescermos como pessoas consciente desse e de muitos mais enganos." Diz a minha alma maculada ao tom acusatório de outra, que se crê imaculada, presa ao imobilismo do moralismo.

segunda-feira, agosto 23, 2021

Reprodução digital dos jornais "Oikos Logos" (1997) do grupo ambientalista eborense "Raiva Verde"

Em 1997, mais precisamente no dia 27 de Junho, um grupo de jovens, capitaneados por um professor comprometido com um futuro melhor, fundou o “Raiva Verde” (esse paradoxo sediado na Sociedade Harmonia Eborense). Apesar de uma certa agressividade no nome (nada mais do que pura irreverência juvenil), este grupo ambientalista atreveu-se a sair à rua e a denunciar algumas tropelias feitas à natureza em Évora (lembro-me particularmente do abate desnecessário dos plátanos do Chafariz del Rei). Porém, o mais importante é que, desde um primeiro momento, estes jovens quiseram passar à acção, mostrando à sua cidade (e ao seu país – há para aí qualquer coisa nos arquivos da RTP –) que a ecologia começa em casa e, através da educação, pode fazer a diferença. Daí que existir como colectivo, por si só, não foi suficiente e nasceu o jornal Oikos Logos com o apoio da comunidade eborense, especialmente, com o suporte do Diário do Sul, esse exemplo de imprensa regional “que defende os interesses do Alentejo”. Apenas se publicaram dois números que orgulhosamente tutelo no meu arquivo e tenho o prazer de disponibilizar em formato digital.

Muitos desses “jovens”, actualmente na “ternura verde dos 40”, não se encontram na sua cidade, mas sei, de fonte segura, que continuam empenhados com a ecologia e com todo património histórico, natural e humano de Évora. 

Descarregue nos seguintes links os dois exemplares:



Comunicado de imprensa, datado de 8 de Julho de 1997, para divulgar a Acção de Limpeza do Alto de São Bento em Évora e a criação do grupo ambientalista eborense "Raiva Verde" (impresso em papel reciclado!).



Primeira página de Oikos Logos nº1, Julho/Agosto/Setembro de 1997.

Primeira página de Oikos Logos nº2, Outubro/Novembro/Dezembro de 1997.



sexta-feira, agosto 20, 2021

"La ignorancia es una cosa distinta del olvido y de la reconciliación." - Theodor Kallifatides

“Sé que algunos pueden preguntarse: ¿por qué hablo de esto que es tan conocido? Porque temo que ya no sea conocido. La ignorancia es una cosa distinta del olvido y de la reconciliación.”

“Sei que alguns podem perguntar-se: por que falo disto que é tão conhecido? Porque temo que já não seja conhecido. A ignorância é uma coisa distinta do esquecimento e da reconciliação.” (trad. Luis Leal)

Theodor Kallifatides, Ibidem, p. 121.


"Jamás abandones a tus hijos. Ni estando muerto." - Theodor Kallifatides

"Así, [durante la guerra civil en Grecia, después de la 2ª Guerra Mundial] una cosa era segura. La mayor tragedia para un niño era perder a sus padres. Quizás fue entonces cuando tomé una decisión que influyó en mi vida más que cualquier otra. Jamás abandones a tus hijos. Ni estando muerto." 

"Desta forma, [durante a guerra civil na Grécia, depois da 2ª Guerra Mundial] uma coisa era certa. A maior tragédia para uma criança era perder os seus pais. Talvez tenha sido quando tomei uma decisão que influenciou a minha vida mais do que qualquer outra. Jamais abandones os teus filhos. Nem mesmo morto." (trad. Luis Leal) 

Theodor Kallifatides, Lo pasado no es un sueño (trad. Selma Ancira), Barcelona, Galaxia Gutemberg, 2021, p. 15.



quinta-feira, agosto 19, 2021

El monarca indiscutible...

El monarca indiscutible es aquel que, habiendo nacido de linaje de reyes, reniega de su cuna de oro, porque sabe que el verdadero privilegio de su humanidad es la igualdad. 

segunda-feira, agosto 16, 2021

Coisas de oráculo

Coisas de oráculo: diz-te que não és o melhor, mas dá-te a certeza que depende de ti não seres o pior.

domingo, agosto 15, 2021

"O telemóvel" - Clara Ferreira Alves

"[O] telemóvel, o objecto que formou mais toxicodependentes do que décadas de tabaco, álcool, heroína, cocaína e cánabis."


Clara Ferreira Alves, "De férias no paraíso", E - A Revista do Expresso, n°. 2546, 13/VIII/2021, p. 4.

"Existimos, pensamos e transformamo-nos em fumo"

"Existimos, pensamos e transformamo-nos em fumo". Ouvi este verso num filme e apontei-o, não se fosse desvanecer também ele de uma baforada da minha memória.

sexta-feira, agosto 13, 2021

Minimizar...

O minimalismo só pode ser bem entendido por aqueles a quem nunca lhes faltou bens materiais. Portanto, estar para aí a falar em minimizar só é admissível para quem vive com mínimos garantidos. O resto é conversa e um colossal vazio.

terça-feira, agosto 10, 2021

Cuarenta años de "Verano Azul"/Quarenta anos de "Verão Azul"

Las bicicletas son para el verano, 
pero no tienen defensa contra la barbarie
Antonio Muñoz Molina


VERANO AZUL

silba y pedalea
por el sueño azul
de una noche de verano

en la carretera se juntará 
todo lo que fuiste
y la felicidad de entonces

pedalear en la imprudencia 
de querer salvar al niño 
asceta de inocencia 
montada en tu bicicleta
es fruto de aquel agosto traumático 
aquel mes de mar
en que una piraña
golosa de helados
lloró

en español
tu verano se acabó

Chanquete ha muerto



VERÃO AZUL

assobia e pedala 
pelo sonho azul 
duma noite de verão

na estrada juntar-se-á 
tudo o que foste
e a felicidade de então

pedalar na imprudência
de quereres salvar a criança 
asceta de inocência
montada na tua bicicleta
é fruto daquele agosto traumático 
aquele mês de mar
em que uma piranha
gulosa de gelados
chorou

em espanhol
o teu verão acabou

Chanquete ha muerto

Luis Leal, pedal(e)ar (2018)


domingo, agosto 08, 2021

quinta-feira, agosto 05, 2021

Carta a una desconocida (Nicanor Parra)

 

CARTA A UNA DESCONOCIDA

Cuando pasen los años, cuando pasen
los años y el aire haya cavado un foso
entre tu alma y la mía; cuando pasen los años
y yo sólo sea un hombre que amó,
un ser que se detuvo un instante frente a tus labios,
un pobre hombre cansado de andar por los jardines,
¿dónde estarás tú? ¡Dónde
estarás, oh hija de mis besos!

Nicanor Parra

Premio Cervantes 2011

(San Fabián de Alico, 5 de septiembre de 1914 - La Reina, Santiago, 23 de enero de 2018)