quarta-feira, novembro 27, 2019

O mundo mostra...

O mundo mostra
o insignificantes
que somos. Pois é...

(Prestemos-lhe atenção.)

Después de la lluvia... tarde de domingo con un rato de sol...


«El respeto» - Azorín

"Si me preguntara cuál es, a mi entender, la cualidad fundamental de la civilización, contestaría sin vacilar: el respeto. El respeto en la familia, en el municipio y en el Estado. El respeto para el amigo y para el adversario. Y el respeto del individuo con su propia persona. «Nunca perderse el respeto a sí mismo», ha dicho Gracián. El hombre que se respeta a sí mismo, respeta a los otros. Las sociedades ascienden o descienden según que en ellas suba o baje el respeto." 
Azorín, in "Madrid" (1952), p.104.

terça-feira, novembro 26, 2019

Fragas e fragas.../Rocas y rocas...

Fragas e fragas,
duro horizonte que
sempre humilda...

Rocas y rocas,
duro horizonte que
siempre nos hace humildes...



Poema do Desamor (Alexandre O'Neill)



Poema do Desamor

Desmama-te desanca-te desbunda-te
Não se pode morar nos olhos de um gato

Beija embainha grunhe geme
Não se pode morar nos olhos de um gato

Serve-te serve sorve lambe trinca
Não se pode morar nos olhos de um gato

Queixa-te coxa-te desnalga-te desalma-te
Não se pode morar nos olhos de um gato

Arfa arqueja moleja aleija
Não se pode morar nos olhos de um gato

Ferra marca dispara enodoa
Não se pode morar nos olhos de um gato

Faz festa protesta desembesta
Não se pode morar nos olhos de um gato

Arranha arrepanha apanha espanca
Não se pode morar nos olhos de um gato

Alexande O'Neill



sábado, novembro 23, 2019

O rádio desencantado com a era digital...

Desencantado com a era digital, o meu pequeno rádio continua a teimar em manter-se analógico. Mesmo assim, teimoso e antiquado, gosto de ter próximo de mim as boas companhias, essas que nunca te falham...

As luzes da ribalta...

As luzes da ribalta não são capazes de ofuscar uma sala cheia de vazio...



sexta-feira, novembro 22, 2019

terça-feira, novembro 19, 2019

Zé Mário Branco

De Portugal chega-me a notícia que morreu o José Mário Branco. Mais um canto a calar-se. Recordo uma entrevista sua há tempos na rádio. «Ser livre dá uma trabalheira do caraças» dizia sem o poder citar «ipsis verbis». Ó se dá! Ó se dá... E sem gajos assim, com pêlo na venta, cada vez nos querem libertar mais do peso da liberdade...

"Mi vida al aire libre"


A chávena partida

Roubei-a dum McDonald's, como forma de protesto porque me sentia um consumidor a trabalhar para a multinacional. Mas, realmente, foi uma desculpa para me justificar a incorrecção do acto de subtrair um objecto pelo qual não paguei. A chávena de café não era minha, era do palhaço americano e graças a ele tenho a moral manchada como o chão ficou manchado por café quando, hoje de manhã, a deixei cair em pedaços de porcelana.
Mais uma. 
Se um dia a minha vida se vir a desempenhar um cargo político (algo muito pouco provável) podem vasculhar esta nota e acusarem-me de ladrão. Comparar uma chávena de café para a bica a milhões é desproporcional, mas, proporcionalidade à parte, trata-se do mesmo. É assim que alguns argumentam o seu puritanismo e exigem gente imaculada em cargos políticos ou de liderança. Esta exigência afasta muitos dos melhores dos sítios onde deveriam de estar. Têm medo de ser crucificados pelas seus pequenos pecados e vivem com o carácter alheado à mediocridade, essa que esconde bastante bem os esqueletos no armário.
Estou a pensar, quando for comer comida rápida e servir-me a mim mesmo, trazer outra para casa. Estou a ser honesto. Acho é que não vou dizer a ninguém, muito menos escrever, deixar provas incriminatórias em confissão de diário, que a roubei. Tomarei o meu café imoral a olhar para o mundo desde o meu canto, a observá-lo sem açúcar e em pequenos sorvos. Até outro dia, o do eterno retorno da chávena ao chão e da imperfeição manchada da minha condição...

domingo, novembro 17, 2019

Bolotas/Bellotas...

Os meus filhos, para além das arremessarem um ao outro, ontem andaram à bolota. Um balde cheio que poderemos tentar plantar ou irão parar ao estômago do mais ibérico de todos os animais, o porco. Herdei do meu avô Leal a navalha e o gosto pela bolota. Dei um golpe numas quantas e parti-as em pedacinhos que saboreámos debaixo de uma azinheira. Lembrei-me dele, de como era frugal. Não pude evitar o pensamento de se um dia tivermos de enfrentar a fome, que possamos ter umas bolotas e a navalha no bolso.

Mis hijos, además de tirarlas uno al otro, ayer estuvieron cogiendo bellotas. Un cubo lleno que podremos intentar plantar o que llegarán al estómago del más ibérico de todos los animales, el cerdo. Mi abuelo Leal me dejó de herencia la navaja y el gusto por las bellotas. Le di un golpe a un par de ellas y las corté en trocitos que probamos debajo de una encina. Me acordé de él, de como era frugal. No pude evitar el pensamiento de si un día tenemos que enfrentar el hambre, que podamos tener un par de bellotas y la navaja en el bolsillo.

«Empoderar» a estupidez...

Foda-se... Sim, só esta manhã, ouvi e li umas sete ou oito vezes este neologismo de «empoderar». Ainda por cima num contexto formal, de propostas para um mundo mais sustentável, algo que se assume como melhor e mais justo.
Em espanhol é mais frequente ouvir esta palavra do que em português. Até já a encontrei no léxico de uma jovem poeta argentina, tida por alguns como já uma das grandes que não se ficou por promessa.
Não gosto desta palavra. Não gosto de como se usa uma palavra derivada de «poder» para promover a igualdade e a dignidade humana. É verdade, é uma embirração minha e sei que tenho telhados de vidro com vernáculo verdadeiramente mal-visto e por mim usado e abusado.
Não gosto de poder. Dispenso-o. A ambição por qualquer tipo de protagonismo de comando rodeia-nos desde sempre. Há aqueles que verdadeiramente mandam nesta merda toda, não há melhor maneira do dizer. Sabemos bem quem são e, desde as altas esferas da influência, ditam as regras do jogo. Com estes cohabito sem grande desprezo quando comparado com os «pequenos poderes».
Foi com uma canção do Caetano que adquiri esta noção de vários minúsculos poderes a perpetuarem e legitimarem o sistema. Estou a lembrar-me da velha frase «você sabe com quem está a falar?» ou de vários directores que tive e até de uns professores quando era puto.
Sim, sei. Um «empoderado» adquire poder, recebe poder e usa esse poder para se afirmar, tendencialmente para questões de género. O Stan Lee anteviu estas coisas em superpoderes com o Spider-Man, com o seu já mítico chavão moral «com grandes poderes vêm grandes responsabilidades» e, o que é certo para quem conhece o universo do escalador de paredes, o pobre Peter Parker quantas vezes não deseja «desempoderar-se».
Não tenho nenhuma credibilidade para falar de «empoderamento», nota-se. Como não tenho para outras coisas, contudo, sinto-me defraudado, manipulado por um pretenso pensamento progressista (aí está outra palavra para esmiuçar antes que ma vendam e ma obriguem a comprar). Quem sabe até já serei um reaccionário só por não gostar desta palavra e como o seu uso me parece estar a ser «empoderadamente» pervertido. Pode ser que sim, mas estou-me nas tintas. Não devo ser progressista. 
Esta tendência de uso vocabular só engana os ingénuos, os que não prestaram atenção aos que os precederam. «Se queres conhecer o vilão, põe-lhe a vara na mão» é velha sabedoria do povão. «Se queres ver porque tanto se tem abusado, olha para quem foi empoderado», penso eu, um gajo de rimas fáceis, e vazias, como este raio de palavra. Para quê inventar «empoderar» se o que sempre fez falta foi humanizar, dignificar? Foda-se... Porque é que somos tão estúpidos?

sexta-feira, novembro 15, 2019

Sexta-feira

É sexta. O ritmo no trabalho até nem é dos mais exigentes tendo em conta o calendário. Assomo-me à janela e lembro-me como este dia me renovava toda a energia perdida durante a semana, quando era miúdo. Essa sensação, algo diferente, mais madura (e peluda na cara e no peito), mantém muita da sua essência e rasga-me um sorriso na cara.
Porém, já não idealizo fins-de-semana. A janela mostra-me o que tenho à frente. Os prédios e umas poucas árvores de Outono. O sol ilumina-me um pouco o rosto e acaba nos meus pés. Continuo a trabalhar, sabendo que o rio continua a correr cheio de jacintos-de-água, apesar de não o ter conseguido ver desde onde estou.

quinta-feira, novembro 14, 2019

Qual é o sentido...

«Qual é o sentido da tua vida?» Diz-me essa voz frequente na terceira pessoa que vive em mim. Hoje só sou capaz de responder «sobreviver-lhe». Como será amanhã?

Subir às paredes... /Subir a las paredes...

O melhor é mesmo deixá-los subir às paredes... /Lo mejor es realmente dejar que se suban a las paredes...

quarta-feira, novembro 13, 2019

Pedir a Deus...

- Papá, hoje, em educação física, estávamos a jogar frisbee e eu apanhei-o e, antes de lançar, pedi a Deus para me ajudar a marcar e marquei! - Disse-me, à hora do banho, enquanto lhes secava o cabelo, o meu mais velho. 
- A sério, filho? - Pergunto meio aparvalhado, pois nem eu nem a minha mulher falamos de religião e muito menos nos pomos a falar de qualquer doutrina que vá para além do mundano.
Admito que já tenha feito algum comentário tipo «se Deus existe tem de estar aqui» ou o «se Deus quiser», essa expressão imposta pela educação e exemplo dos meus pais, especialmente da minha mãe. Por isso, confesso que pensei logo nela, que andou a dar catequese ao neto, como quando a minha avó morreu e lhe disse que tinha ido para o céu. Porém, a minha mãe não passa tempo suficiente com os netos para lhe transmitir qualquer crença e depressa essa ideia se desvaneceu do meu horizonte e perguntei-lhe:
- Ouve lá filho, quem é que te ensinou a pedir a Deus? Foi a avó?
A rápida resposta demonstrou que já não se lembra de qualquer ideia de céu para além daquilo que podemos contemplar desde a terra.
- Não papi, foi nos desenhos. Há um episódio do Doraemon em que o Nobita pede ajuda aos deuses animais para o ajudarem a defender-se do Gigante e do Tsuneo e eles ajudam-no! Os deuses têm forma de animais...
O irmão ouvia a conversa enrolado no toalhão de banho e o hábito do rádio na casa-de-banho, herdado do meu pai, acompanhava-nos com a voz da Bonnie Tyler.
- Ok filho! Então os deuses são elementos da natureza? Quem sabe se não é assim? Eu é que não sei o que te dizer...
Já com o cabelo seco e a pôr creme porque a pele desta infância (quem sabe de tanto banho) é atópica, pergunta-me porquê.
- Sabes que o papá nunca te mente. Esse é o nosso acordo, não mentimos um ao outro. Por isso não te posso dizer que Deus existe. 
- Não existe papá? - Inquire-me sem frustração, algo que lhe invejo. 
- Não sei filho. Como te disse que não te posso dizer que Deus existe, tampouco te posso dizer que  não existe. Não sei, tens de descobrir tu, mas não te preocupes que tens tempo para isso. Eu, por exemplo, só tenho umas ligeiras suspeitas... De qualquer forma, tu se queres pedir ajuda a Deus, como o Nobita, pede. Mal não faz, mas lembra-te que, se marcares um golo ou um ponto, sai daqui. - E toquei-lhe com o indicador no peito ainda com restos de creme de aloe vera. Riu-se das cócegas e continuou a vestir-se para se ir refastelar na sala, a descansar um pouco da sua rotina de puto com atividades de quarta-feira e ver o Doraemon.
Que o Doraemon seja o catequista do meu filho não me aflige. Sei que não o vai doutrinar mais do que qualquer outro desenho animado deste tipo, inocente. Talvez um dia possamos falar abertamente sobre a fragilidade das minhas crenças, sobre o catolicismo em ruínas com a minha infância, sobre como ainda vou rezando um Pai-Nosso para não me esquecer que, como dizia o outro, mesmo que Deus não exista, é verdade, e ético, o que esta oração me pede. 
Escrevo esta nota sem medo a ofender qualquer Altíssimo, algo que não faria na adolescência, tal não era o peso do pecado. Escrevo-a com honestidade. Para comigo. Para com Ele.

Fernando Namora, Monsanto, 1958

"Com vinte e quatro anos medrosos e um diploma de médico, tinha começado a minha vida em Monsanto. Ali, a província bravia despede-se da campina, ergue-se nos degraus das fragas para olhar com altivez as serras de Espanha, enquanto o friso de planaltos que corre as linhas da fronteira espreita as surtidas do contrabando e a fuga dos rios." 

Fernando Namora, in "Retalhos da Vida de um Médico", p.23
Fernando Namora, Monsanto, 1958

David (Zazen)


terça-feira, novembro 12, 2019

Divagação de caligrafia e abraços políticos...

Quando voltas a um prazer esquecido, custa abandoná-lo. A velha caneta de tinta permanente do meu pai, a verter tinta azul Parker pelo papel, tem-me acompanhado nas lides da caligrafia. O caderno preto que o diga. Não é de estranhar que o teclado do telemóvel, soletrado e com intromissão de escrita automática, anulem o deleite físico que reencontrei no acto de escrever.
Da necessidade da escrita, bem evidente no tom confessional, quiçá terapéutico, que não escondo no que para aqui vou publicando, o gosto pelo traço fino, pelo desenhar das letras, pelo ritual de encher a caneta bem antiga e herdada, tem tanto consolo que nem o facto de, caso o escrito for alguma coisa de jeito, ter de repassar a computador me faz abandonar essa reconquista.
Hoje não tive disponibilidade para praticar caligrafia. O dia passou a correr, o trabalho e os afazeres exigiram alguma escrita à mão, porém foram dominados pela informática. Os miúdos, especialmente o mais novo, acompanharam-me durante a maior parte da tarde. Eles são o melhor exemplo de a caligrafia ser uma arte, um ofício de beleza aprendido na infância e que, para aqueles que amam a palavra, não se pode abandonar nunca.
Ia escrever sobre como os políticos espanhóis se abraçaram em presidente e vicepresidente, como esse abraço já poderia ter sido dado para mostrar que os afectos (mesmo que fingidos e só por dever de Estado) evitam extremismos e promovem mais abraços. Peca por tardio e alguma estupidez. Eu, que até gosto de abraçar gente, não os abraçaria. Prefiro aplaudir um gesto de um político, com o qual não tenho a mais mínima afinidade ideológica, que decide demitir-se porque não esteve à altura das circunstâncias. Ponto final. Sem abraços, contudo com algum respeito pela inteligência dos cidadãos de Espanha.
O acordo para formar governo não sei com que canetas foi assinado. Gostava que o compromisso fosse sério e verdadeiramente institucional, mais ou menos como num matrimónio onde ambas partes têm de ceder, dar espaço e respeitar o conjúgue. Amar já é pedir de mais, fiquem-se pelos abraços e deixem-me dedicar-me à minha caligrafia.

"Felicidade" - Adolfo Rodríguez

FELICIDADE
A felicidade:
essa chuva de risos
debaixo do guarda-chuva.

Andre Kohn

segunda-feira, novembro 11, 2019

52 e os abutres

52. Parece um número simples, pouco mais de meia centena. Porém, é o número de deputados eleitos que o partido de extrema-direita "Vox" vai ter no congresso espanhol.

Não votaria num partido com estas características, pois não me revejo nos seus princípios, nem acredito no que preconizam. Gente próxima a mim (com estatuto de família, mesmo) diz-me ver neste partido a única força política capaz de travar a desagregação do território espanhol e repor algum equilíbrio em leis tão necessárias, quanto injustas para o princípio de presunção de inocência, como a da actual violência de género. Entendo o que me diz e até reconheço lógica no que argumenta. Ao ter sido uma vítima, esta pessoa (este meu irmão), vê nesta atitude de "dar a cara", de recusar o políticamente correcto, por parte do "Vox" uma possível forma de se defender contra possíveis futuras injúrias. Quem nunca quis ser defendido pela força física do mais forte? A resposta está em nós e é tão primária quanto evidente, se não a envolvemos num véu de hipocrisia. 

Não é que isso interesse muito, mas acabo de chegar de terra de fragas, da Beira Baixa raiana, onde me pude encontrar com Fernando Namora em Monsanto, durante um fim-de-semana em que uma lareira e uns livros me recordaram como a vida era, e ainda é, dura naquela região. O neo-realismo está esquecido e não será revisitado para além de "feeds" ou transmissões em directo pelas redes sociais para algumas sensibilidades especialmente atentas. Namora, um dos escritores mais traduzidos da língua portuguesa e candidato a um Nobel, é um retalho dessa cultura e dum humanismo de Portugal sem eco para além desses ermos pedregosos, onde um grupo de resistentes zela pela sua memória e evoca o seu centenário. Eu estive lá por mero acaso e não tenho o mais mínimo mérito. Não resisto e tenho pena de me ver facilmente derrotado por este presente. Recolho-me em casa e exponho-me relativamente pouco por aqui.

De volta a Badajoz, antes de saber os resultados das eleições, percorri vastos quilómetros de desolação com os meus filhos a dormirem no assento traseiro. Pouco depois de haver cruzado a ponte de Alcántara, já numa recta em direcção ao Sul, encontrámos uma vaca morta rodeada por dezenas de abutres. Era uma imagem digna de ser ver por ser tão natural quanto cruel. Parei o carro, contudo o ruído da porta fez com que as aves necrófagas se afastassem e que a objectiva lenta do meu telemóvel não captasse a real desolação, obturando apenas um levantar voo de um cenário, possivelmente sem crime, no entanto com um charolês a jazer morto no horizonte.
  
Não acredito em presságios, mas, como costuma dizer o meu pai, é raro enganar-me. Quando todos se riam, tive a certeza de Trump. Quando se começou a falar em Bolsonaro, vi onde chegaria. Quando surgiu o "Vox", ouvi como ecoariam no futuro. Aquela vaca era Espanha, a ser consumida por vários interesses que a deixarão em ossos e à torrina do sol. Os abutres afastaram-se de mim, não por medo, mas para dissimularem o que estavam a fazer e ficaram por perto, voltando ao festim, mal eu desaparecesse de cena. Por enquanto são claramente abutres, as suas sombras não enganam, mas em breve assumirão estatuto de águias imperiais.

A natureza do abutre eu entendo-a. A do homem, nem por isso. Esse é o motivo porque vou tomando estas notas, antes que se esfumem todas as minhas convicções. Talvez isso me assegure a sobrevivência duma humanidade que tanto receio em perder em prol desta natureza necrófaga...


"Soy un hombre de fidelidades" - Miguel Delibes


sábado, novembro 09, 2019

Quando andas por ahí... / Cuando vas por ahí...


Quando andas por aí, e te encontras com um chaço da tua infância, ficas com a certeza de seres tu quem se está a enferrujar...
Cuando vas por ahí, y te encuentras con un trasto de tu infancia, te quedas con la certeza de que eres tú el que se está oxidando...

(Em Monsanto)


«Honor» por Rafael Sánchez Ferlosio

«El honor no es algo interno, sino externo, referido a los otros hombres. El honor es una relación de lealtad con el prójimo, no es 'fallarse a sí mismo' sino 'fallar a los demás'.» Rafael Sánchez Forlosio

quarta-feira, novembro 06, 2019

Cem anos de Sophia...




Sophia para muitos é mar, a vastidão oceânica de la tradição clássica na cultura portuguesa. Para mim, é uma coluna à qual me encosto e é terra. A minha. Sophia é Évora.

Sophia para muchos es mar, la vastedad oceánica del mundo clásico en la cultura portuguesa. Para mí, es una columna en la que me apoyo y es tierra. La mía. Sophia es Évora.