segunda-feira, janeiro 31, 2022

Síntomas da noite eleitoral em Portugal...

Síntomas da noite eleitoral em Portugal: uma maioria absoluta de 117 deputados, mais 7 partidos com assento parlamentar, sendo que um deles, com 12 deputados, ascende em número num parlamento pelo qual não apresenta simpatias pelos seus valores democráticos. De momento, dado que as maiorias absolutas não são dadas a procurar consensos, parece apenas se ter perdido a vontade de dialogar (esse verbo tão chato quando o que se quer é a estabilidade e alguma normalidade nestes tempos tão confusos e incertos). Espero que o futuro não seja propicio à perda da essência que nos permite afirmar que a república portuguesa é uma democracia. Apesar de bem camuflada, sempre existiu gente avessa aos valores democráticos no parlamento, mas agora já nem precisam de se ocultar e estão legitimados pela própria democracia. Cabe aos partidos ditos democráticos, principalmente ao da maioria, dizer chega, a tolerância democrática acaba quando prolifera a intolerância, a xenofobia e os direitos humanos são postos em causa. Se abandonarmos a rigidez ideológica, a opressão do politicamente correcto e do pensamento livre, somos capazes de entender o motivo de como se passou de um para meia dúzia. A política é bem mais complexa do que a conversa de café, mas também tem que se ter em conta e ter "ouvido para a rua", principalmente em épocas de grande malestar social e económico.

sábado, janeiro 29, 2022

Tanxugueiras

Que belo exemplo de iberismo cultural para uma Espanha plurinacional e plurilingue! A Eurovisão só ficaria a ganhar com este trio a cantar que "Non hai fronteras" num riquíssimo e vivíssimo galego! Obrigado Tanxugueiras, "Não há fronteiras"!


¡Qué bello ejemplo de iberismo cultural para una España plurinacional y plurilingüe! ¡Eurovisión se quedaría ganando si este trio hubiese sido el elegido para cantar "Non Jai fronteras" en un riquísimo y vivísimo gallego! ¡Gracias Tanxugueiras, "No hay fronteras"!
https://youtu.be/NFz2DG9faQU

quarta-feira, janeiro 26, 2022

Predomina el equilibrio...

Predomina el equilibrio me dice el horizonte. Esa es la tendencia, a pesar de que es más notorio el desequilibrio, la desestabilización, porque rompe con la norma. Está bien tener momentos en que es posible saber estas verdades y tener una sensación de que has logrado un poco de paz. Recordar esta obviedad (inconveniente) ayuda a mantener la tranquilidad. Pena que la tranquilidad (en "strictu sensu") no es un motor para la economía frenética.

Camino por la avenida...

Camino por la avenida de los naranjos cargados y con algunos olivos, puro adornos centenarios, cuyas aceitunas yacen en el suelo porque nadie las ha cogido. Naranjas bellas luciendo la puesta del sol y el olvido de los vecinos y del ayuntamiento. Aceitunas que podrían haber sido aceite o alimentos de los zorzales que no se asoman por estos pagos. Y me cruzo con un pobre indigente, un desgraciado que me pide para comer. Me asombra la miseria de los seres humanos, pero aún más me asombra como ya no sabemos sobrevivir, incluso con tanta naturaleza rompiendo el hormigón... El capitalismo ya ni siquiera tiene que preocuparse por la generosidad de la naturaleza, simplemente ya no es una amenaza a su mercado. Estamos ciegos, pasamos de todo y somos capaces de reprochar a alguien que decida coger lo que la naturaleza nos oferta y impedir que se pudra en el suelo... Algo está podrido y no me parece que sean solo los frutos de estos árboles.

segunda-feira, janeiro 24, 2022

As árvores não são seres competitivos...

As árvores não são seres competitivos, as suas raízes, com o seu complexo sistema radicular, são um exemplo perfeito de cooperação no seio da natureza e o qual poderíamos emular mais vezes. É bom este reconhecimento da "árvore do ano" (ainda por cima tão próximo de onde estão as minhas próprias raízes), contudo creio que este sobreiro não gostaria de jogar numa espécie de "Liga dos Campeões" florestal, nem cantar numa "Eurovisão" de bosques do mundo... Simplesmente porque não se considera único no montado, partilhando a sua cortiça e a sua sombra. Reconhecer-lhe a sua generosidade é mais importante do que qualquer concurso inventado por gente que me parece não entender muito bem a linguagem das árvores... 
(Atenção: estou contente por o sobreiro da aldeia da minha família, mas eu sou assim propenso à divagação...)

Los árboles no son seres competitivos, sus raíces, con su complejo sistema radicular, son un perfecto ejemplo de cooperación en el seno de la naturaleza y el cual podríamos emular más veces. Está bien el reconocimiento del árbol del año (además tan cerca de donde están mis propias raíces), pero creo que a ese alcornoque no le gustaría jugar en una especie de "Champions League" forestal, ni cantar en una "Eurovisión" de bosques del mundo... Simplemente porque no se considera único en la dehesa, regalándonos su corcho y su sombra. Reconocerle su generosidad es más importante que cualquier concurso inventado por gente que me parece que no entiende muy bien el lenguaje de los árboles...
(Atención: estoy contento por el alcornoque del pueblo de mi familia, pero soy así muy propenso a la divagación...)

Queres descobrir novos mundos?

Queres descobrir novos mundos? Põe uma lupa nas mãos de uma criança e acompanha-a!

Preparando la velada: dos manzanillas, el termo lleno y la radio...

Lunes, 24 de enero de 2022 (cosas de nuestro X)

sábado, janeiro 22, 2022

22 de Janeiro

Dez dias antes é o dia da mulher mais importante da minha vida, mas hoje era o teu, tu que, como tanto gostavas de dizer, foste a minha "segunda mãe" porque a primeira era a tua filha. Escrevo esta entrada de diário para, pelo menos, poder ver-te na minha escrita, nem que seja numa frase lançada ao vazio:
Parabéns avó Lena! Tenho saudades tuas...
Chegou à conclusão que não merecia a pena uma revolução, tão-pouco uma reacção, e continuou um bom cidadão concentrado no seu cão, com quem, por essas esquinas fora, aprendeu a cagar-se para o passado e para o futuro.

Clavícula de mujer

Clavícula femenina: la clave de bellas y eróticas posibilidades.

sexta-feira, janeiro 21, 2022

Quando os ismos se agigantam na sociedade e se atrincheiram em bandos, o homem bom é incapaz de se sujeitar a tal violência...

Quando os ismos se agigantam na sociedade e se atrincheiram em bandos, o homem bom é incapaz de se sujeitar a tal violência. A independência de espírito não costuma empunhar armas porque ela própria é uma arma de lucidez, ameaçadora por si só, quer para o que a empunha, quer para o que a não tem.
Assusta-me o vociferar de alguns políticos que se acusam com ideologias e não com ideias, com reflexões. A sua agressividade é tão perigosa quanto vazia e sinto que já não tenho paciência para isto. Os que se sentem como eu já abdicaram dos dois gumes da lucidez. Não são recrutáveis, nem formarão filas. Vão-se mantendo de pé, tentando honrar a dignidade dos pais no exemplo para com os filhos, porém, há muito que se encontram longe, exilados no seu interior. "A grande renuncia" de que tanto se fala no âmbito laboral americano, com alguna ecos "worldwide", é apenas um exemplo paralelo do exílio interior e é o somatório sintomático de tantas coisas (desigualdades, problemas ambientais, sociedade de consumo, relativismo tóxico - isto é, elevado a dogma - crise de valores, da democracia, projectos de tiranos, pandemia, etc, etc,) que estão na base de uma crise existencial à escala global, mas peculiar, diferente de Sartre e de Camus, pois esta propaga-se também por vía digital.


La cebolla es el mejor ejemplo para la complejidad de la vida.

La cebolla es el mejor ejemplo para la complejidad de la vida porque tiene un sinfín de capas y nos permite saborear lo sublime en un simple guiso, pero frecuentemente también nos hace llorar.

El cero es el Nietzsche de las matemáticas, de todos los números es el más nihilista.

De camino al pediatra...

Morreu o "Bat out of hell"...

Morreu o "Bat out of hell", morreu o artista capaz de contar histórias numa canção com mais de sete minutos, morreu o "Big Bob" do "Fight Club", morreu um gajo capaz de "fazer qualquer coisa por amor" depois de "dormir sobre o assunto"... Caramba, morreu o Meat Loaf e não me apetece olhar pelo retrovisor.
Ha muerto "Bat out of hell", ha muerto el artista capaz de contar historias en una canción con más de siete minutos, ha muerto "Big Bob" de "Fight Club", ha muerto un tío capaz de "hacer lo que fuera por amor" después de "haber dormido sobre el asunto"... Caramba, ha muerto Meat Loaf y no me apetece mirar por el retrovisor.
"If life is just a highway, then the soul is just a car
And objects in the rear view mirror may appear closer than they are"

https://youtu.be/7ooDX1NOzEM

quinta-feira, janeiro 20, 2022

Los personajes principales entraron en profunda crisis existencial cuando se enteraron que no se podían concebir sin el narrador, su Dios, padre y todopoderoso.

«El aforismo guarda un compromiso con el fluir del pensamiento» José Luis Morante

Orgulhoso e aparvalhado...

Sinto-me orgulhoso e ao mesmo tempo aparvalhado, pois tendo a refletir a minha matriz católica de enfrentar as coisas boas como se não as merecesse, até mesmo episódios irrisórios como este. E não é que um autor de referência espanhol (para mim e para o mundo literário ibérico), ao autografar-me um exemplar da sua obra, e depois de lhe dizer o meu nome, me pergunta se eu sou poeta!?
Notei que "Luis Leal" lhe era familiar, quero pensar porque é uma aliteração bonita, nobre de intenções (tive de chegar a adulto para gostar e herdar de verdade o meu nome), ou talvez porque a confundiu com o finado académico mexicano meu homónimo. Creio que era mesmo o meu nome que lhe "sonaba" e não vivessemos nós a realidade das redes sociais onde ambos somos "amigos", mas onde seguramente sou eu quem o "segue" e não o contrário.
Apetecia-me ter falado mais com ele. Temos em comum origens sociais semelhantes e ambos vimos parte das nossas vidas dedicadas à docência e à necessidade da escrita, mas para além de uma pergunta sobre a "alma dos carros" do nosso passado (um pouco para aligeirar o peso do poema final que leu sem vontade), no turno de dar a palavra à assistência, apenas lhe respondi que escrevia umas coisas e que me parecia uma arrogância da minha parte considerar-me um poeta. As ganas de dialogar com ele ficaram ocultas debaixo das máscaras que, literalmente, trazemos estes dias. Dei-lhe os parabéns e reiterei-lhe o quanto aprecio a sua obra. Voltei para casa com um "abraço" escrito e uma assinatura a atestar que um artista me reconhecia como artista. Senti-me alguém quando, e não é que sou estúpido, sempre fui e serei alguém. Bastou-me entrar e dizerem-me que ainda havia um banho para dar ao bebé e que tinha de ver o novo "Space Jam" com os outros dois.

terça-feira, janeiro 18, 2022

Volver a las raíces... Voltar às raízes...

O tempo tem uma direcção de escrita

O tempo tem uma direcção de escrita. A escrita depende das culturas, das várias línguas que libertam diferentes pensamentos. No Ocidente é da esquerda para a direita, em Israel da direita para a esquerda e na China de cima para baixo. O tempo depende das civilizações e passa de distintas maneiras ao longo da história e dos locais da humanidade. O meu tempo não é linear e escrevo-o em várias direcções. A de casa e a do desconhecido.

Só...

Só, minúscula 

existência. Noite

de lua cheia.


Fraco consolo...

Fraco consolo encontrar a meia perdida quando o par há muito que se tornara meia única, acostumado à solidão da gaveta.

Despojado...

Despojado o
verbo conjuga mais
literatura.

Cuidado em não confundir produtivo com fructífero. O primeiro apodrece mais depressa.

segunda-feira, janeiro 17, 2022

sábado, janeiro 15, 2022

Paternidad al exponente

Paternidad al exponente. 

Con el primero la base pierde la seguridad. Con el segundo la base insegura se eleva a dos. 
Y con el tercero es simple inseguridad al cubo.
Posiblemente, con más todo estará en el ámbito de la teoría del caos.

El saber no es tradición ni innovación, es simple atención.

Crónica: "Muralhas" de Luis Leal (in "Mais Alentejo" nº158, p. 78)

Não gosto de trincheiras nem de barricadas, costumo associá-las à violência das ideias. Mas de muralhas gosto, talvez porque as associo a um desígnio de protecção da integridade de núcleos mais importantes do que as ideias, como, por exemplo, o pensamento crítico. Vulneráveis e mundanas como tantas outras, estas são as minhas “Muralhas” (publicadas na Mais Alentejo, nº158), foram erguidas com o fundamento que o saber não é tradição nem inovação, é pura atenção. Acredito que gente atenta, edificada no respeito, faz falta e é inconveniente para qualquer tipo de poder pelo simples facto de o seu pensamento ser difícil de derrubar. 

No me gustan las trincheras ni las barricadas, suelo asociarlas a la violencia de las ideas. Pero las murallas me gustan, quizás porque las asocio a un designio de protección de la integridad de núcleos más importantes que de las ideias, como, por ejemplo, el pensamiento crítico. Vulnerables y mundanas como tantas otras, estas son mis “Murallas” (publicadas en Mais Alentejo, nº158), se han erguido con el fundamento que el saber no es tradición ni innovación, es pura atención. Creo que gente atenta, edificada en el respeto, hace falta y es inconveniente para cualquier tipo de poder por el simple hecho de que su pensamiento es difícil de derribar. 

Crónica: "Muralhas" de Luis Leal (in "Mais Alentejo" nº158, p. 78)


Crónica: "Muralhas" de Luis Leal (in "Mais Alentejo" nº158, p. 78)

Não gosto de trincheiras nem de barricadas, costumo associá-las à violência das ideias. Mas de muralhas gosto, talvez porque as associo a um desígnio de protecção da integridade de núcleos mais importantes do que as ideias, como, por exemplo, o pensamento crítico. Vulneráveis e mundanas como tantas outras, estas são as minhas “Muralhas” (publicadas na Mais Alentejo, nº158), foram erguidas com o fundamento que o saber não é tradição nem inovação, é pura atenção. Acredito que gente atenta, edificada no respeito, faz falta e é inconveniente para qualquer tipo de poder pelo simples facto de o seu pensamento ser difícil de derrubar. 

No me gustan las trincheras ni las barricadas, suelo asociarlas a la violencia de las ideas. Pero las murallas me gustan, quizás porque las asocio a un designio de protección de la integridad de núcleos más importantes que de las ideias, como, por ejemplo, el pensamiento crítico. Vulnerables y mundanas como tantas otras, estas son mis “Murallas” (publicadas en Mais Alentejo, nº158), se han erguido con el fundamento que el saber no es tradición ni innovación, es pura atención. Creo que gente atenta, edificada en el respeto, hace falta y es inconveniente para cualquier tipo de poder por el simple hecho de que su pensamiento es difícil de derribar. 

"Muralhas"

Vamo-nos mudar e lá começámos a tirar os livros. O meu filho mais velho, depois de se encarregar dos do seu quarto, veio ajudar-me ao escritório. Enquanto, do cimo das escadas, lhe passo volumes, diz-me com dez anos de convicção: “Papi, podíamos construir uma muralha!”. A sua existência ainda não lhe permite grandes metáforas e a proposta é lúdica, para coboiadas com o irmão (de “Nerf” na mão!) e brincadeiras de bonecada entrincheirada. Aceito a ideia, deveras tentadora, e não tivesse de empacotar a minha biblioteca, acumulada em pó que não cobre a sua inutilidade práctica e não me livra de espirrar.

Sei que bastantes destes livros amuralhados nos têm protegido de algumas imposições do exterior. No entanto, não nos escondemos sempre atrás deles. Há que ir para além da muralha e buscar leituras nas pessoas, na natureza, e cultivar o género do diálogo, a conversa enriquecedora que não costuma ostentar títulos de estante carregada, evitando-se assim empilhar em casa barreiras desnecessárias.

Ainda tenho muito para alombar e este é dos piores momentos para se partilhar com um livro, pois deixa de ser potencial, sendo só lastro numa bagagem que se quer ligeira. Se algo aprendi com tantas mudanças de domicílio, é que o melhor é não querer carregar com tudo. O peso exagerado de exemplares, mesmo quando estou em forma, acaba por me encurvar e até embrutecer. Antes até me ia equilibrando, em esforço, com um saco de supermercado em cada braço (esqueçam as caixas de papelão ou de fruta!), mas hoje deslizo num carrinho de transporte feito com uma velha tábua rasa e quatro rodas duma antiga mesa de estudo. Ao tornar-se apenas objecto, o livro abandona o plano das ideias e, para bem da nossa saúde, deve ser tratado segundo as leis da física, contudo, apesar das lombalgias de bibliografia, não me concebo sem livros, sem o grato vício da sua companhia e sem o prazer de os ter no horizonte, quer seja na cabeceira, na mochila do dia-a-dia ou no fundo do “trastero”. 

Antes do minimalismo em voga – resposta ao consumismo e à subsequente falta de espaço numa Terra a abarrotar –, ter uma biblioteca era sinónimo de riqueza e, mais importante, de liberdade. Eis por que os pirómanos da democracia gostam de reduzir a cinzas esta matéria-prima eficaz para amuralhar o espírito crítico. 1933 foi emblemático com um tipo de bigode ridículo a queimar milhões para impor o seu “Mein Kampf”! 

Há também outras formas de se incinerar um livro. Uma delas é sublinhando-o, não para reter o seu conteúdo, com notas pessoais e excertos marcados, mas sim com “lápis azul”, bem realçado na história da censura em Portugal. Actualmente, também se estão a fulminar clássicos pondo-lhes rótulos, isto é, etiquetas de racismo, sexismo, antissemitismo, etc., cujo preconceito leva leitores a julgarem textos conforme um presente que o passado do autor não permitiu contemplar. Pretéritos contextualizados à luz da contemporaneidade, sem moralizar, são perigosos, dado que exigem discernimento e isenção fora de moda. 

Identifico no meu passado o porquê de me abrigar em livros. Vi muitos obrigados a viver ao relento do analfabetismo. Gente que assinava com a impressão digital, envergonhada por dar trabalho a um funcionário com a almofada de tinta onde o seu dedo era menos que um vulgar carimbo. Dói-me a iliteracia massiva do passado (astronómica no nosso Alentejo), mas moralizá-la não altera o facto destas pessoas (entre elas o meu avô) terem sido impedidas do direito de saberem ler e escrever. 

Admito a fluidez do conhecimento, tal como as circunstâncias nas quais é adquirido, porém, o revisionismo dominante, tendencialmente acrítico, em vez de deixar os monstros inertes no passado alimenta-os de descontexto. Talvez a egolatria e a mediocridade elevadas a norma radiquem nos nossos antepassados, contudo, a actual propagação e glorificação da ignorância não têm vergonha. Perdi a conta às vezes que me manifestaram orgulho em desconhecer o básico, tanto na minha profissão, como no quotidiano. E já não penso nem bem, nem mal, sinto uma tristeza que prefiro ocultar. O que não escondo, sobretudo aos meus filhos, é que é possível edificarmos a nossa muralha com pouco e que, alicerçados em obras bem cimentadas, seremos difíceis de derrubar. 

"Muralhas" - Luis Leal



quinta-feira, janeiro 13, 2022

Canto canções de embalar baixinho...

Canto canções de embalar baixinho. 
Canto canções de embalar há anos e sempre duvido se as canto para os meus filhos ou se as canto para mim, um pai inseguro a necessitar de ser tomado em braços, ao colo, e que me sussurrem que "está tudo bem", que alguém aqui vela pelo meu descanso.

Canto canções de embalar baixinho. 
Os meus meninos ouvem-nas entre o desafinar e as letras trocadas e estou aqui inseguro e insignificante, mas estou. Quero estar.

Canto canções de embalar baixinho. Para eles e para mim. Isso é que interessa. É hora de descansar.

Uma fotografia de Morris Zawada

 



Morris Zawada (2012). "Dickey Beach Caloundra Australia. I was photographing the wreck when this Lady just happened to walk by."



quarta-feira, janeiro 12, 2022

segunda-feira, janeiro 10, 2022

Santa Cruz, 8/I/2022

Santa Cruz é a minha varanda para o Atlântico favorita. Aqui sinto que sou o que tenho de ser, um saloio cujas únicas pretensões se resumem a maresia e a um efeito anti-inflamatório na alma. 

Me dice mi amigo Oxímoron...

Me dice mi amigo Oxímoron, "si quieres estar presente desaparece". Él es de los pocos a quien hago caso y, hasta hoy, nunca se contradijo.

domingo, janeiro 09, 2022

Quando não sei, mas vou morrer, vamos morrer. E porque é que desperdiçamos tanto tempo vital? 
Acho que sei qual é a resposta mas não me atrevo a verbalizá-la. É melhor cultivar a humildade. Arrogância tenho muita ao pôr-me para aqui a enunciar a certeza de um fim.

sexta-feira, janeiro 07, 2022

Poeta da alta competição

Performances, recitais, concursos, prémios, o poeta é ágil por estes meios a lançar mais do que versos. Só de observar me canso, mas está em grande forma, ao contrário de mim, fatigado, a dormir mal e que nem na casa de banho tenho descanso para escrever umas linhas de merda como estas.

segunda-feira, janeiro 03, 2022

sábado, janeiro 01, 2022

Serenidade/Serenidad

2021 foi um ano de "pe(caninas)" coisas, porém grande em emoções e com novos temperamentos ao meu redor, como o do nosso proverbial bebé, sabedor de "quem não chora não mama". Entre o choro, algumas noites mal-dormidas e os montes de fraldas, felizmente, sorri-nos com frequência e, dia a dia, vai crescendo junto aos seus irmãos mais velhos.
Por isso, a pensar em 2022, lembro-me da palavra japonesa "Seijaku" que significa "serenidade no meio do caos". E é o que desejo, para além de saúde, aos que me rodeiam, ao mundo e a mim mesmo. Serenidade quando ao nosso redor tudo é ruído e agitação, contudo que sejamos capazes de permanecer calmos, serenos...

2021 ha sido un año de "pe(caninas)" cosas, pero grande en emociones y con nuevos temperamentos a mi alrededor, como el de nuestro proverbial bebé, sabedor de "quien no llora no mama". Entre el llanto, algunas noches toledanas y los montones de pañales, afortunadamente nos sonríe a menudo y, día a día, va creciendo junto a sus hermanos mayores.
Por eso, pensando en 2022, me acuerdo de la palabra japonesa "Seijaku" que significa "serenidad en medio del caos". Y eso es lo que deseo, además de salud, a mi entorno, al mundo y a mí mismo. Serenidad cuando a nuestro alrededor todo es ruido y agitación pero que seamos capaces de permanecer tranquilos, serenos...

Véase: Alex Pler, "Hanakotoba, el lenguaje de las flores - Pequeño diccionario japonés para las cosas sin nombre", Gijón, Satori, 2020, p.143.