terça-feira, maio 31, 2022

Uma agradável surpresa... Una agradable sorpresa...

Uma agradável surpresa dos meus colegas da biblioteca que me alegrou a Primavera e o regresso à escola./Una agradable sorpresa de mis compañeros de biblioteca que me alegró la primavera y el regreso al instituto (16/III/2022).
"Naranjo ("Citrus sinensis"): El sol de tu infancia brilla entre las ramas de un naranjo y los días pasan lentos al sabor de las naranjas cogidas de camino a la escuela. Quedan atrás un rastro de cáscaras y olor alegre en los dedos". (trad. Adolfo Rodríguez Fernández)

segunda-feira, maio 30, 2022

O criador do botão de"like"...

O criador do botão de "like", cheio de boas intenções, pensou que o mundo necessitava de um pouco de reforço positivo, tipo um polegar no ar ou uma palmadinha nas costas. O que nunca imaginou é que, em quantidades descontroladas, este botão despoletasse ou uma arma de adulação ou de frustração massiva. 

domingo, maio 29, 2022

Um mentiroso...

Um mentiroso de nível profissional não coxeia e nem se deixa apanhar pois cada mentira está contextualizada numa narrativa quase perfeita. O narrador, ciente da qualidade da sua peta, demonstra uma excepcional capacidade de concentração e de memória para pormenores que jamais existiram.

"Maybe so, sir. But not today"

Rear Admiral: The end is inevitable, Maverick. Your kind is headed for extinction. 
Maverick: Maybe so, sir. But not today.

Almirante: O fim é inevitável Maverick. Os da sua espécie vão de cabeça para a extinção.
Maverick: Talvez, senhor. Mas hoje não

Almirante: El final es inevitable, Maverick. Los de su tipo van de cabeza a la extinción.
Maverick: Quizás, señor. Pero hoy no.

sexta-feira, maio 27, 2022

"Recobrada Memoria – a Ángel Campos Pámpano" (idea y publicación coordinada por Carlos Medrano)

Recuerdo que, hace tiempo en San Vicente de Alcántara, D. Luis Arroyo me dijo: “Luis, a Ángel le hubiera gustado conocerte…”. Para mí fue un halago, puesto que se refería a un Luis adulto y no al chaval, casi imberbe, que se cruzó con Ángel en Badajoz años antes de que falleciera. En Recobrada Memoria – a Ángel Campos Pámpano (idea y publicación coordinada por Carlos Medrano – que estoy deseando conocer en persona –) me enorgullece honrar el legado del poeta. Casualmente, soy la única voz que se expresa en portugués. Quizás le hubiera gustado el dístico que le dediqué: Sobrevivente a semente na neve/persiste a memoria, sobrevive o homem.  

Lembro-me, há tempo em San Vicente de Alcántara, de D. Luis Arroyo ter-me dito: “Luis, o Ángel teria tido gosto em conhecer-te…”. Para mim foi um elogio, uma vez que se referia a um Luis adulto e não ao gaiato, quase imberbe, que se cruzou com o Ángel em Badajoz anos antes de falecer. Em Recobrada Memoria – a Ángel Campos Pámpano (ideia e publicação coordenada por Carlos Medrano – que estou desejando conhecer em pessoa –) tenho o orgulho de honrar o legado do poeta. Casualmente, sou a única voz a expressar-se em português. Quiçá tivesse gostado do dístico que lhe dediquei: Sobrevivente a semente na neve/persiste a memoria, sobrevive o homem 

Recobrada Memoria – a Ángel Campos Pámpano (ideia e publicação coordenada por Carlos Medrano, 2022)
Luis Leal, in Recobrada Memoria – a Ángel Campos Pámpano (2022), p.82. 

quinta-feira, maio 26, 2022

¿Qué es el tiempo?

"¿Qué es el tiempo?" pregunta el filósofo sin salir de la retórica. Yo, sin escapar de mí, siento que es una dimensión evidente en la erosión de lo que va siendo mi cuerpo. Un desgaste seguro entre un principio y un fin. Nada más.

quarta-feira, maio 25, 2022

É difícil porque é imprescindível

Dei por mim a enunciar ”é difícil porque é imprescindível", só depois é que me apercebi que a pessoa para quem falava não valoriza o esforço. 

terça-feira, maio 24, 2022

Ontem...

Ontem, um conhecido meu, de origem moldava, dizia-me: "Luis, isto é culpa dos ucranianos, eles sabiam bem o que os esperava e não fizeram nada para evitá-lo! Ainda por cima estão à espera que a União Europeia os ajude na reconstrução e não vai ser assim. Acredito mais que o Putin reconstrua o que destruiu do que o Ocidente vá ajudar na reconstrução da Ucrânia".
Eu ouvia-o e sou capaz de entender o que afirma, como também tenho a certeza de ter sido a Ucrânia a vítima invadida e a vencedora moral desta guerra. Mas sei que este meu conhecido não falava de ânimo leve, pois também sofre com este horror a afectar ucranianos e russos, não fosse a sua casa, na Moldávia, a escassos quilómetros da fronteira com a Ucrânia, como ele diz: "Luis, a Ucrânia para mim está do outro lado do ribeiro...".
Penso na minha fronteira, e se me sinto irmão deste moldavo, como me sentiria se a minha Espanha e o meu Portugal estivessem a viver uma situação semelhante? Teria o meu coração mais do que partido, teria o meu coração arrancado de um corpo nascido português mas com uma alma cada vez mais espanhola.


segunda-feira, maio 23, 2022

O medo é a areia movediça que nos leva ao fundo e nos pode soterrar se não aprendermos a usar as tábuas de salvação.

O gato e as suas ferramentas (foto de José Pereira)

Adoptar un perro y dejarse adoptar por un gato

Adoptar un perro: un alivio en nuestra condición de ser humano a través de la lealtad incondicional. 
Dejarse adoptar por un gato: un alivio en nuestra condición de ser humano, pero a través filosofía. 

Se come las uñas, no porque sea nervioso, sino porque tiene hambre de sí mismo.

Excluir a amizade...

Excluir a amizade, a camaradagem entre artistas, para evidenciar apenas a obra, tende a empobrecer e a desumanizar o que só os humanos podem criar: arte. Pois, quando é real, no âmbito artístico, a amizade é uma questão de cumplicidade intelectual, de sensibilidade afim, e não de lisonja.

sábado, maio 21, 2022

Olha o Zorba!

 


Zorba (2008), uma fotografía de Ricardo Machado, se não me engano, lá no Porto.



Sou insignificante... mas dono e senhor da minha insignificância

Sou insignificante, portanto não pode ser censura nem a tão falada "cultura de cancelamento". Parece-me apenas falta de consideração e, para os meus valores anacrónicos, de educação. Os meus dias têm, como os de qualquer outra pessoa, 24 horas, nem mais, nem menos. Eis o porquê de já não admitir que me façam perder tempo, seja o meio, a instituição ou a pessoa que for. Antes calava-me, a pensar não me fossem fechar mais portas do que aquelas onde já bati com o nariz. Hoje simplesmente não quero passar por portas onde me peçam para deixar a minha dignidade à entrada. Fico na rua, ciente da minha insignificância, mas dono e senhor dela. Se quiserem saber ao que me refiro, dêem uma vista de olhos à publicação. 

Soy insignificante, por lo tanto no puede ser censura ni la tan hablada "cultura de la cancelación". Me parece únicamente falta de consideración y, según mis valores anacrónicos, de educación. Mis días tienen, como los de cualquier otra persona, 24 horas, ni más, ni menos. Aquí está el porqué de que ya no permito que me hagan perder el tiempo, sea el medio, la institución o la persona que sea. Antes me callaba, pensando que podrían cerrarme más puertas que aquellas que me han cerrado en la cara. Hoy sencillamente no quiero cruzar puertas donde se me pida para que deje mi dignidad en la entrada. Me quedo en la calle, consciente de mi insignificancia, pero dueño y señor de ella. Si queréis saber al que me refiero, echadle un vistazo a la publicación. 

sexta-feira, maio 20, 2022

És dono e senhor da tua insignificância? Então já encontraste o teu lugar entre os "Masters of the Universe"! Podes é tentar não ser tão rígido e hipertrofiado como o He-Man, que, para além da desarrumação da caixa de brinquedos, te faz pensar num desodorizante que deixa os sovacos a arder.

Entrevista a Luis Leal sobre "António Ferro - Ficção" (E-Primatur), 01/XII/2021

Há uns meses, ainda o meu filho era recém-nascido, fui contactado por um meio de comunicação português para responder a uma entrevista sobre a publicação de "António Ferro, Ficção" (para a qual tive a honra de elaborar a introdução). Apesar de andar com os sonos trocados, e estarmos cansadíssimos em casa devido ao novo descendente, sem hesitar respondi sim, pois os implicados na publicação da E-Primatur merecem o meu esforço e grato por se terem lembrado de mim para refletir sobre esta faceta de Ferro. Portanto, com a melhor vontade e da melhor maneira possível, cumpri com a minha palavra e respondi às perguntas colocadas, que, teoricamente, seriam publicadas nesse meio de comunicação que me contactou.
Admito que as respostas não tenham interesse editorial, admito também que outras vozes sejam mais interessantes do que a minha para falar sobre este assunto, porém, não admito é que me façam perder tempo. Digo isto após ter respondido ao solicitado sem sequer haver a decência de uma breve nota ou explicação do tipo "já não nos interessa a sua entrevista, não está dentro da nossa linha editorial". Nem menciono a consideração de um possível e-mail com um "obrigado e desculpe tê-lo feito perder o seu tempo", após as minhas infrutíferas tentativas de comunicação.
Locais, regionais, nacionais ou internacionais, todos os media (e profissionais sérios) merecem o meu respeito. Neste caso, merece um respeito proporcional à consideração que tiveram com o meu tempo e a descortesia de nem dar uma lacónica explicação.
No entanto, a entrevista está feita e publico-a aqui, no meu blog pessoal, para ficar ao escrutínio de quem tiver interesse em conhecer a obra ficcional desse intelectual, tão polémico como interessante, que foi António Ferro. Se se sentirem a perder tempo com as minhas respostas, avanço desde já as minhas desculpas, longe de mim querer ser mal-educado e roubar-vos um bem tão precioso. 

Entrevista a Luis Leal sobre "António Ferro - Ficção" (E-Primatur)
(01/XII/2021)

1. José Augusto França disse que a obra de António Ferro acrescentou ao modernismo português “uma dimensão em certa medida mundana, algo superficial e banalizadora”. José Barreto, em “Fernando Pessoa e António Ferro”, descreveu-o como um modernista menor. Na introdução às ficções, procura colocá-lo num lugar de maior destaque, dizendo que o trio Pessoa, Sá-Carneiro e Almada “sempre encontrará um denominador comum António Ferro”. Afinal, qual foi o papel de Ferro no modernismo em Portugal? E em termos literários? Tinha a qualidade do trio referido ou era de facto mediano?

Quando me refiro a António Ferro como um denominador comum a este trio de peso do Primeiro Modernismo português faço-o sem uma perspectiva de crítica literária, isto é, sem querer reivindicar comparações qualitativas entre a obra destes autores. Faço-o sim com a intenção clara de recuperar a figura de António Ferro para o conjunto de literatos vanguardistas deste período, principalmente pelo papel activo que desempenhou na promoção destes três autores, tanto dentro como fora de Portugal. Como é bem sabido, e de forma resumida, António Ferro foi “recrutado” para editor da Orpheu, por Mário de Sá-Carneiro (com o beneplácito de Pessoa), dado que ainda era menor e, portanto, inimputável. Parece-me injusto não reconhecer o interesse pessoal dos directores da revista, tal como não referir que, sem negar panegíricos, polémicas e interesses pessoais de ambas partes, Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e, principalmente, Almada Negreiros beneficiaram da sua relação pessoal com António Ferro. Recorde-se, sucintamente, a publicação de Mensagem de Fernando Pessoa pelo SPN capitaneado por Ferro, que, sendo ou não do agrado do poeta dos heterónimos, é um facto, tal como menções constantes à obra de Mário de Sá-Carneiro (colega do Liceu Camões a quem António Ferro dedicou A Amadora dos Fenómenos, reeditada neste volume) podem ser encontradas em vários momentos da biografia de Ferro, e a peculiar relação com Almada Negreiros, quem mais veementemente excluiu António Ferro do movimento de Orpheu, principalmente depois da visita do “académico Marinetti” a Portugal, em 1932. É curioso comprovar como, escassos anos antes, em 1930, a relação entre Almada e Ferro apresentava contornos diferentes, sendo António Ferro visto por Almada como uma companhia que desafiava “as leis do espaço e do tempo”, algo bem grafado pelo punho e letra do polémico anti-Dantas numa carta dirigida a Ferro desde Madrid, a propósito de uma possível visita dos espanhóis Antoniorobles e José López Rubio, dois nomes bastante conotados com o legado da célebre tertúlia do Café Pombo na capital espanhola. Poder-se-ia reforçar este argumento com os trabalhos artísticos que Almada Negreiros fez para António Ferro, como a capa de A Idade do Jazzband (1923), porém, em épocas posteriores, já na génese do órgão da propaganda salazarista, basta remeter para o cartaz de propaganda à Constituição de 1933 e o selo que ilustrou o slogan do Estado Novo “Tudo pela Nação, nada contra a Nação”. Há algumas perspectivas que parecem remeter unicamente para um António Ferro oportunista, carreirista, com intenções ocultas em busca de protagonismo. Não o nego, mas ao mergulharmos na história (epistolografia principalmente) constatamos que o futuro homem forte da Política do Espírito do Salazarismo não foi o único, o que é perfeitamente normal à luz das circunstâncias da época. 
Explicado este denominador comum, apesar de polemista, creio que o papel de António Ferro no Modernismo em Portugal foi sobretudo de divulgação. Na sua autopromoção, principalmente no Brasil e na vizinha Espanha, António Ferro também divulgou nomes maiores (e menores, para recorrer aos adjetivos que usou na sua pergunta) inerentes ao Modernismo português. Merece a pena estudar o périplo de Ferro pelo Brasil em 1922 e as colaborações em 1928 em La Gaceta Literaria, de Giménez Caballero, publicação madrilena na qual o português foi codirector, com Ferreira de Castro, do suplemento La Gaceta Portuguesa.  Aproveito para responder à última questão da qualidade da seguinte forma: não me parece sequer pertinente confrontar a obra literária de António Ferro a um colossal Fernando Pessoa. Quanto a Sá-Carneiro e a Almada também não me parecem adequadas comparações. Porém, não considero o percurso literário de António Ferro menor, muito menos tendo em conta como a sua figura vincula a literatura portuguesa da época ao Modernismo brasileiro ou ao “Ultraísmo” espanhol.  A título pessoal, parecem-me redundantes rótulos de maior ou menor, quer no âmbito artístico, quer no âmbito da investigação. Prefiro conceber autores centrais e periféricos e, efectivamente, António Ferro tem andado na periferia dos estudos literários. Trazê-lo para o centro do meu estudo tem sido sumamente interessante e devo dizer que tenho bastante curiosidade em aprofundar a poesia de António Ferro editada postumamente em Saudades de Mim (1957), que, segundo alguma crítica, não suscitou qualquer interesse.

2. Pessoa, Sá-Carneiro e Almada, que conheceram Ferro e com ele privaram, puseram em causa a sua adesão ao movimento modernista, que de facto nunca chegou a ser total, como mostra a sua curta associação ao “Orpheu”, do qual se afastou definitivamente após a infame carta de Álvaro de Campos à Capital. O próprio Ferro fez questão de se desvincular do modernismo e foram vários os críticos, alguns deles citados na questão anterior, que defenderam que a sua obra ficcional e poética não era suficientemente importante no contexto do movimento em Portugal. Tendo em conta tudo isto, é justo classificar Ferro como modernista e estabelecer uma ligação entre ele e o chamado primeiro modernismo português?

Creio que a resposta anterior já aborda a questão que agora me é feita. Não me parece que António Ferro se tenha querido desvincular do Modernismo com a questão do “editor irresponsável” dos dois primeiros números da Orpheu. Alfredo Guisado, o “poeta galego” como era conhecido, assumiu uma postura afim à de Ferro e tal não se deveu a unicamente pressupostos estéticos, mas também políticos. O Modernismo português não se esgota no movimento de Orpheu, nem no âmbito da literatura, e, no caso de António Ferro, podemos encontrá-lo vinculado à “Questão dos Novos” da Sociedade Nacional de Belas Artes, em 1921, ou à revista Contemporânea de José Pacheko, a título de exemplo. A cisão foi com os “orpheístas”, não com o Modernismo, ou Vanguardismo, como o próprio preferia denominar o movimento estético. Outra prova do que afirmo é o panfleto-manifesto Nós (1920), publicado posteriormente no nº3 da revista Klaxon (revista veicular emblemática do Modernismo brasileiro), que, apesar de haver sido renegado por um Ferro reconvertido em homem do regime, vinculam o seu percurso literário com as vanguardas literárias da época. A meu ver, negligenciar ou omitir o nome de António Ferro deste período é empobrecer a história da literatura portuguesa.

3. Ferro tem sido sucessivamente ligado ao modernista espanhol Ramon Gómez de la Serna, não só pela amizade que os unia, mas também por uma alegada influência literária. A obra “Teoria da Indiferença” tem sido descrita como pertencente ao género greguerístico, inventado por Gómez de la Serna. Na introdução, afirma que “o estudo da morfologia da greguería, a par do estudo da obra vanguardista de Ferro, permite afirmar que o autor não praticou o género”. Porquê?

Para lhe responder como gostaria, necessitaríamos abordar em profundidade o género de Gómez de la Serna, que no cânone literário espanhol assume mesmo estatuto de ismo, o “Ramonismo”, e, por antonomásia, ficou para a história da literatura universal conhecido como Ramón. Contudo, de forma resumidíssima, o género da greguería tende a esbater o ego de quem as enuncia e, normalmente, prima pela ausência de um olhar lírico expresso na primeira pessoa do singular, acabando mesmo por não necessitar sequer de sujeito de enunciação para expressar todo o seu fulgor e, da mesma maneira, possibilitar identificações alheias, por exemplo (recorrendo a uma tradução da minha autoria): “Pedais da bicicleta: máquinas de cortar o cabelo às distâncias”. É interessante constatar que, anulando o humorismo greguerístico, encontramos características semelhantes no haiku. Note-se que a própria greguería pode ser tida como um exemplo paradigmático de toda a obra de Gómez de la Serna, caracterizada por uma mundivisão humorística, mas ingénua, virgem, repleta desse pensamento mágico que associamos à primeira infância, porém, atenta à casualidade, eis o porquê de ser tão próxima do género japonês. 
Por sua vez, em António Ferro encontramos uma aparente indiferença, e um humor petulante, a isolar-se em si mesmo (em palavras do próprio “A minha indiferença isola-me. Só me conheço a mim... por isso, só me admiro a mim...”). Mediante o seu indigitamento como jovem literato português (e futuro cultor duma Política do Espírito), não se encontra propensão ao acaso fora do âmbito do culto da sua personalidade e da sua própria autoestima. Daí não poder subscrever possíveis teses de António Ferro ter praticado o género da greguería, o que não invalida ter sido um leitor (e interlocutor) privilegiado, permeável à influência estética do espanhol. A Ramón associa-se uma estética afável, comparada a “um sorvo de água fresca, vinda do poço de um homem bondoso, ingénuo e roussoniano”. Em António Ferro encontramos uma intenção de manifesto, de afirmação pessoal e artística, não encobrindo um egocentrismo quase inexistente no seu congénere espanhol. 
Portanto admito que, à simples vista, a obra de cariz aforístico de Ferro possa remeter o leitor para essa dimensão mundana, algo superficial e banalizadora que antes referiu, contudo, quando me adentrei no estudo biobibliográfico de António Ferro, tendo acesso a um espólio epistolar riquíssimo com grandes vultos da cultura do século XX, patente na Fundação António Quadros – Cultura e Pensamento, afastei-me dessa ideia que muitas vezes me parece preconcebida, tanto pelas conotações de António Ferro com o Salazarismo, como por desconhecimento.

Rámon Gomez de la Serna numa foto no seu El Ventanal, Estoril, à conversa com António Ferro. (Diário de Notícias, 1924)

4. Diz que o facto de Ferro não ter praticado a greguería “não invalida” que tenha sido “permeável à influência estética de Gómez de la Serna”. Em que é que se traduziu essa influência?

António Ferro começou a moldar o seu perfil de literato no início dos anos 20, quase em simultâneo com a sua carreira como repórter, e na sua escassa obra demonstrou ser proclive à estética do átomo, do fracionamento, que convida a reconfigurar, pelos espaços que gera e nexos implícitos a um tema subjacente, uma unidade encoberta, abrangente, polimorfa, como a que se associa ao género da greguería. O prefácio de António Ferro para a tradução de La Roja (1923) de Ramón é uma prova evidente (fortemente amparada por um epistolário de três dezenas de cartas enviadas pelo espanhol ao seu amigo português) que este foi um conhecedor privilegiado da obra de Gómez de la Serna, desde a mais minúscula greguería até às grandes monografias e novelas, nas quais o madrileno (que chegou a ser um ilustre residente do Estoril) se dedicou a desconstruir, a decompor, para depois voltar a reunir, a associar o desarticulado numa vasta collage. A greguería – género novo, estrutura quase única e paradigmática da obra ramoniana – apresentou-se a António Ferro como uma estrutura emergente e dinâmica, uma estrutura “a libertar-se”, passível de concentrar-se ou expandir-se para, de seguida, transformar-se e libertar os restantes géneros que toca. Posto tudo isto, parece-me improvável que um intelectual, com o perfil de António Ferro, ficasse indiferente a um contacto tão privilegiado com o génio de Ramón Gómez de la Serna.

5. A par de Gómez de la Serna, as influências de Ferro parecem ter sido sobretudo estrangeiras. Podemos dizer que os referentes do escritor estavam fora de Portugal e que os modernistas portugueses, a quem esteve brevemente associado e que depois criticou, não exerceram qualquer influência sobre a sua obra escrita?

Apesar de ter sido apelidado como “o Gómez de la Serna português”, tenha-se em conta que António Ferro negou publicamente, em 1928, nas páginas de La Gaceta Literaria, o magistério de Ramón, rematando o assunto de qualquer afinidade estética para a leitura atenta da obra de ambos. Segundo Ferro, quando este conheceu a obra do pai das greguerías o seu espírito já estava em marcha, já estava formado, partilhando com o espanhol apenas a época, o tempo e uma estreita camaradagem. Aproveita para recordar que Valéry Larbaud, conhecedor de ambas obras, o coloca na mesma família literária de Gómez de la Serna, mas em modalidades diferentes e, caso se assemelhasse a alguém, seria ao francês Joseph Delteil. Esta afirmação de Ferro afasta-me um pouco da perspectiva de António Rodrigues que conflui a obra de António Ferro para a estética futurista de Marinetti ou, até mesmo, para o Dadaísmo. A alusão de Joseph Delteil por parte do próprio António Ferro, a par de um confesso fascínio pelo ambiente parisino, não o perfila no ambiente Dada de Zurique. No entanto, dados os pontos de convergência entre Dadaísmo e Surrealismo no seio das vanguardas literárias, considero que António Ferro foi bastante permeável a ambos, mais do que aos seus contemporâneos modernistas em Portugal. 

6. A ficção de Ferro decorre sobretudo na cidade de Lisboa, num ambiente cosmopolita e moderno. Como é que se explica a centralidade da capital portuguesa na sua obra e a escolha de ambiente?

Perdoe-se-me a analogia, mas na obra literária de António Ferro “Lisboa é Portugal e o resto é paisagem (ou reportagem)”. Por favor, não confundamos esta faceta de António Ferro com o seu papel como Teseu da propaganda salazarista. O cosmopolitismo do jornalista com estatuto de repórter estrela do Diário de Notícias, esse “enviado-especial” da imprensa portuguesa da época, não era propício ao ambiente natural e aos elementos bucólicos. Nada melhor do que as palavras do próprio nas páginas da Ilustração Portuguesa, revista de O Século da qual foi director no início dos anos 20: “Lisboeta do Chiado, da Serra do Chiado, custou-me a habituar à serra do Gerês, custou-me a receber a intimação dos montes... Ontem, porém, lá fui, lá investi com a montanha, contrafeito, esquivo, como quem vai fazer a reportagem dum crime, como quem vai para uma repartição pública, a repartição pública da Natureza...”. Sem dúvida, a “natureza do Chiado” é a que predomina na literatura de António Ferro. 

7. Sugere que Ferro abandonou a escrita por simples desencanto e não pela sua entrada na vida política ativa. O que é que o leva a afirmar isso?

Apesar de estar ciente do perfil político e de autopromoção de António Ferro, inquestionavelmente conotado com o regime ditatorial mais longevo da história da Europa, sou capaz de admitir tal desencanto. Como também admito que me entristece ver neste presente que tal admissão possa ser vista como um atrevimento, uma ousadia de pensamento. A leitura da última novela, relativamente desconhecida e agora recuperada nesta edição, intitulada “Suicídio” (1929) publicada na revista Civilização de Ferreira de Castro (como quem codirigiu La Gaceta Portuguesa e, ao parecer, também cortou relações depois de 1933) ampara esta minha sugestão. Por mais ambição que se lhe possa associar, por mais poder (real ou simbólico) que possa ter tido, António Ferro era humano, no sentido em que se algo caracteriza o carácter humano é que não é estático, oscila entre estados de espírito, estímulos, sucessos e reveses. À luz da psicologia contemporânea, há autores que encontraram em António Ferro síndrome de “um verdadeiro workaholic”, misturado num turbilhão de cultura e criatividade, da qual se beneficiou o Estado Novo de Salazar, daí que admitir cansaço e desencanto acaba por apenas humanizar uma figura controversa que adquiriu a rigidez da história e a falta de flexibilidade de algumas mentes dogmáticas.

8. José Barreto, num texto incluído no livro “Portuguese Modernisms: Multiple Perspectives on Literature and the Visual Arts” (2011), contemplou uma outra possibilidade, a de o fim da carreira literária de Ferro se ter devido à implementação da censura, que o próprio aceitou e apoiou. Parece-lhe uma hipótese plausível? 

Muito plausível e um amplo conhecimento das várias facetas da sua vida permite equacionar e até justificar tal cenário, contudo, esse mesmo conhecimento, a par de uma análise textual da obra de António Ferro, igualmente permite contemplar a perspectiva que antes mencionei, sem cair em qualquer tipo de preconceito, seja ele de carácter estético ou ideológico.

9. A obra literária de António Ferro tem recebido pouca atenção. Considera que isso se deve exclusivamente ao papel que desempenhou no regime salazarista e à dificuldade de tratar a sua obra literária ignorando esse mesmo papel? Ou será que a pouca atenção que tem recebido tem a ver com o papel secundário que muitos consideram ter desempenhado e com a qualidade mediana dos seus textos? 

Ainda que escassa, estamos perante a obra literária do verdadeiro engenheiro do espírito de um regime ditatorial constitucionalmente instaurado, vigente desde 1933 até ao 25 de Abril de 1974, e que permite asseverar que Ferrismo é o ismo epistémico do Salazarismo. O papel que António Ferro desempenhou à frente da propaganda do Estado Novo tem uma importância superior ao seu legado como escritor e isso é evidente, contudo, estudos recentes que vinculam a sua figura a grandes nomes da literatura mundial (Ramón Gómez de la Serna é disto um exemplo paradigmático), faz com que devamos prestar mais atenção ao António Ferro literato. Se não tivesse ocorrido um incêndio na Calçada dos Caetanos nos anos 60, onde António Ferro residiu com a sua esposa Fernanda de Castro e a sua família, possivelmente, o já fecundo espólio da Fundação António Quadros – Cultura e Pensamento seria visto como outros mais mediáticos, porém com um valor documental menos relevante. Quero dizer, de volta e meia, encontrar-se-ia – como frequentemente acontece – mais um interessante documento (carta, texto, simples recorte de imprensa ou livro dedicado, etc.) e tal achado teria uma atenção pública merecida, principalmente porque o espólio da família Ferro/Castro/Quadros em Rio Maior não se cinge à literatura. Como investigador, centrado nos estudos literários ibéricos, creio que António Ferro um dos protagonistas culturais do século XX e muito ainda está por se discernir nos seus textos alheios à Política do Espírito do Estado Novo. 
António Ferro - Ficção (introdução Luis Leal), 2021, E-Primatur






quinta-feira, maio 19, 2022

Entre la censura...

Entre la censura de toda la vida y la actual "cultura de la cancelación", la principal diferencia es que la segunda, además de cancelar muchas opiniones e iniciativas, hace perder el tiempo al supuesto cancelado. Puesto que ambas tienen por base la infinita estupidez humana, si tengo que elegir, prefiero la típica censura, esa inquisitorial señora que no tiene que travestirse para quedar bien con nadie y nunca nos hará perder nuestro precioso tiempo vital e intelectual.

quarta-feira, maio 18, 2022

Conoce medio mundo y se presenta como viajero...

Conoce medio mundo y se presenta como viajero. Es indiscutible el kilometraje (o las millas de avión) que este hombre tiene en la superficie de la tierra, sin embargo, por más montañas que haya subido, por más mares en que se haya sumergido y en más supuestos contactos haya tenido con los bajos fondos de las sociedades que conoce, no me impresiona pues únicamente presume del viaje y del estatuto que quiere ver reconocido a su persona. Por eso tiene la sala llena, le adulan y le piden autógrafos. Es un escritor "globetrotter", que, además de enseñar constantemente su pasaporte, también se reconoce como poeta. No le quito su mérito, pero estoy en una fase que este tipo de "globetrotter" de las letras ya no me llega y, al contrario de los Harlem Globetrotters, no me divierten más allá de la sonrisa que atestigua que no soy el único ser ridículo que prolifera por estos pagos.

Paradojas de nuestra era...

Paradojas de nuestra era (apuntado em mi instrumento de vigilancia): 
"La tecnología de la información digital hace de la comunicación un medio de vigilancia. Cuantos más datos generemos, cuanto más intensamente nos comuniquemos, más eficaz será la vigilancia. El teléfono móvil como instrumento de vigilancia y sometimiento explota la libertad y la comunicación. Además, en el régimen de la información, las personas no se sienten vigiladas, sino libres. De forma paradójica, es precisamente la sensación de libertad la que asegura la dominación." in "Infocracia: La digitalización y la crisis de la democracia" de Byung-Chul Han, trad. Joaquín Chamorro Mielke, 2022. 
Paradoxos da nossa era (anotado no meu instrumento de vigilância): 
"A tecnologia da informação digital faz da comunicação um meio de vigilância. Quantos mais dados geremos, quanto mais intensamente nos comuniquemos, mais eficaz será a vigilância. O telemóvel como instrumento de vigilância e submissão explora a liberdade e a comunicação. Além disso, no regime da informação, as pessoas não se sentem vigiadas, mas sim livres. De forma paradoxal, é precisamente a sensação de liberdade a que assegura a dominação." (trad. Luis Leal)

terça-feira, maio 17, 2022

segunda-feira, maio 16, 2022

El algoritmo...

El algoritmo es la esperanza cartesiana de que la inteligencia artificial pueda tener un sexto sentido.

O algoritmo é a esperança cartesiana de a inteligência poder ter um sexto sentido. 

sexta-feira, maio 13, 2022

Unknown photographer

 





La gasolina siempre se ha creído superior al gasóleo.

La gasolina siempre se ha creído superior al gasóleo. Es más fogosa, más explosiva, más refinada. Pero en el fondo del depósito lo que tiene es una tremenda envidia del diésel, más cercano y accesible, más campechano, que le da igual la alta gama o el polvo del tractor y, en sus entrañas petrolíferas, sin duda un combustible bastante más lubricado...

El agujero, harto de que tropezaran en él y se le echara la culpa por su naturaleza depresiva, se compró una tabla y la apoyó en sus extremos. Se dió cuenta que, además de que se acabaron las quejas, empezó a relacionarse con aquellos que lo miraban con atención y se daban cuenta de su real profundidad.

Sexta-feira, 13 de Maio

Sexta-feira, 13 de Maio: Não é nenhum "dia do azar", é apenas um dia em que não estarei onde gostaria de estar. Isto é, em San Vicente de Alcántara, com amigos que tanto estimo a entregar o VIII Prémio de Poesia Jovem Hispano-Português Ángel Campos Pámpano, e na Zamora de Claudio Rodríguez, em companhia da minha amiga Concha López Jambrina, a assitir às suas iniciativas no Festival Poético "Poetiza". Fico por onde tenho de estar, mas se alguém pode, vale verdadeiramente a pena "estar" nestes sítios e com esta boa gente.

Viernes, 13 de mayo: No es ningún "día de la mala suerte", es únicamente un día en que no estaré donde me gustaría estar. Es decir, en San Vicente de Alcántara, con amigos que tanto aprecio entregando el VIII Premio de Poesía Joven Hispano-Portugués Ángel Campos Pámpano, y en la Zamora de Claudio Rodríguez, en la compañía de mi amiga Concha López Jambrina, asistiendo a sus iniciativas en el Festival Poético "Poetiza". Me quedo donde tengo que estar, pero si alguien puede, merece la pena "estar" verdaderamente en estos sitios y con esta buena gente.

sexta-feira, maio 06, 2022

Otro día por vivir.../Outro dia por viver...

Mi buen amigo Pedro va a ir mañana a ver a Theodor Kallifatides en la Feria del Libro de Salamanca y me obsequia con este aforismo del autor "La Patria está allá donde la vida no necesita explicaciones". Me gustaría acompañarlo, poder saludar a D. Theodor y decir al escritor que su obra me ha ayudado a encontrarme más allá de la tierra de mis ancestros y de nuestra Iberia. ¿Dónde está exactamente ese lugar? Cada uno tiene sus propias coordenadas.

O meu bom amigo Pedro amanhã vai ver o Theodor Kallifatides à Feira do Livro de Salamanca e faz-me o obséquio de me enviar este aforismo do autor "A Pátria é lá onde a vida não precisa de explicações". Gostaria de acompanhá-lo, poder cumprimentar o Sr. Kallifatides e dizer ao escritor que a sua obra me tem ajudado a encontrar-me para além da terra dos meus antepassados e da nossa Ibéria. Onde é exactamente ese lugar? Cada um tem as suas próprias coordenadas.

Escrever indiferente a qualquer leitor...

Escrever indiferente a qualquer leitor é o ambiente propicio para uma escrita mais comprometida com a ética do que com a estética.

terça-feira, maio 03, 2022

Theodor Kallifatides - «A Pátria é lá onde a vida não precisa de explicações.»

 


Θοδωρής Καλλιφατίδης: «Πατρίδα είναι εκεί όπου η ζωή δεν χρειάζεται εξηγήσεις»





segunda-feira, maio 02, 2022

Fui plantado em Évora há 42 anos...

Badajoz, 2/V/2022

Fui plantado em Évora há 42 anos. A terra era fértil e fora bem cuidada por gente que sabia ser importante ter um solo mexido pois não se enraíza com facilidade quando o mesmo está compactado. 
Tive a sorte de conhecer as quatro estações nos primeiros anos da minha vida. As Primaveras cuidaram-me bem e foram generosas em água que não me faltou. Nos Verões, houve sempre algum sobreiro que me ensinou a procurar a sombra e a sobreviver às canículas. Os Outonos e os Invernos foram as estações da dormência, da dificuldade em ver como ao meu redor o mundo ficava despido e como a geada queimava mais os troncos dignos do que os ramos superfluos. 
A contemplar a natureza, e sem o saber, aprendi a ver nela uma ética e uma estética. Mas começou a água a escassear, gotas que não choviam, aguadeiros que morriam e barragens de egoísmo. O crescimento rápido dos primeiros anos estancou num porte médio, a dar para o baixo, discreto apesar de por vezes se apresentar viçoso e a partilhar pequenas flores de alegria que deram belos frutos. Quando não se tem água onde se foi plantado poucas hipóteses se tem para além da secura final. Ou se é transplantado ou se enraíza com mais força e mais profundidade.
Durante anos pensei que me tivessem transplantado, que me tivessem levado com raízes impregnadas de substrato eborense e replantado em solo "extremeño". Não é que fosse uma ilusão ou um sonho que vivi acordado, também aqui encontrei sombra e humidade suficiente para brotarem os melhores rebentos e momentos que imaginei ter. Porém, o invisível não deixa de ser verdade por estar oculto. Hoje, molhado pelo horizonte atlântico, aprofundei-me no que me parece ser uma realidade pouco pensada e subterrânea. O que me fui tornando como homem pouco se tornou evidente à superficie, para além desses rebentos e momentos celebrados com gratidão. 
A necessidade de água levou-me ao inconsciente, parou no sal do mar e alastrou-se num sistema radicular complexo, que recorre principalmente ao Guadiana para não secar, mas que, entre jazigos de mármore e granito, se expande a Norte, se protege na serrania e se alastra pelo planalto, onde se sente bem recebido, mas continua caminho até à Galiza onde procurou um passado, já se tornou passado e não imagina futuro.
Há 42 anos pensei ter sido plantado em Évora. Há alguns anos pensei que tinha sido transplantado de Évora, no entanto não sou uma árvore, nem uma planta, nem uma raíz, nem um cavador. Sou apenas solo mexido, a compactar-se entre a ansiedade e a quietude.

domingo, maio 01, 2022

El verdadero panteón de la humildad...

El verdadero panteón de la humildad es la tumba llana. Los que nacen grandes no necesitan edificarse y vuelven al humus, a la sencillez de no ser uno sino ser todo.

O verdadeiro panteão da humildade é a campa rasa. Os que nascem grandes não necessitam edificar-se e voltam ao húmus, à simplicidade de não se ser um, mas sim ser todos.

A frivolidade preocupada...

A frivolidade preocupada com a eternidade manifesta-se no anseio de deixar um apelido e um jazigo como legado.

La frivolidad preocupada por la eternidad se manifiesta en la ansiedad en dejar un apellido y un panteón como legado.