terça-feira, julho 22, 2014

Assim fico eu sem ti... (Diários)

Durante muitos anos, parte do meu dia-a-dia tinha de se viver longe da Elsa. Hoje não é assim. Os expressos fizeram parte da nossa vida, os seus assentos duros e de cabeceiras brancas, renováveis viagem a viagem, acomodaram a tristeza da despedida mas também a alegria de voltar a quem se partiu.
Há algo nesta fotografia, é difícil de explicar agora reencontrada oito anos depois, que quis que a voltasse a contemplar. Não é um prenúncio de voltar à estrada, da qual me perece que nunca deixaremos, mas o confirmar que é a ela que volvidos estes anos quero continuar a voltar...
A pé, de carro, na rede de expressos... 

O sistema é uma ficção criada pelo homem. Estaremos com falta de imaginação?


...

Esta foto, de um polémico grafitti Lisboeta, tem 5 anos e foi obturada à saída de um qualquer metro que apanhei. Hoje encontro-a no baú digital tristemente atual. Será que não aprendemos mesmo nada com a história?

quarta-feira, julho 16, 2014

Word Written World

Com marcador grosso da vontade, escreve-se, salvo erro como dizia Descartes, o grande livro do mundo.
Se não há espaço evidente, folhas em branco, passagens por inventar, espera, olha em teu redor, entende as limitações das tuas intenções e o passado que levas às costas.
Se não se chega lá com um banco, não tenhas medo de subir a um escadote. Lá de cima vê-se algo mais que a altura administrativa que tens no teu bilhete de identidade.
Continuas a ser tu, baixo se é o caso, mas uns degraus a ver o mundo mais alto.

What the world need is a hug... (Munich)



Herrsching (II) - some seconds later...



Herrsching (I) - Munique


Pêndulo de Foucault (Deutsches Museum)


Um pêndulo de Foucault... sem o Umberto Eco. "A originalidade do pêndulo reside no fato de ter liberdade de oscilação em qualquer direção, ou seja, o plano pendular não é fixo". Passar-se-á o mesmo com o ser humano? A terra girará em seu torno?Não me parece mas quer-me parecer.

segunda-feira, julho 07, 2014

A curiosidade não matou o gato.

A curiosidade não matou o gato.
Isso é uma falsidade feita naturalmente facto
Para que ratos não se misturem contranatura com gatos.

Frase feita farsa
De labor forçado, fechado em cobaia de laboratório,
Ou de holocausto cinza de crematório.
Ou de bibliotecas ateadas pelo fervor inquisitório
Da ideologia dominante do dia.

Curiosidade não mata. Iniquidade sim.

E há labirintos, arames farpados, electrificados,
Que contêm a miséria roedora apenas nos esgotos.
Mas há ironia na fértil demografia andrajosa que rebenta em contenda
Musculada em carne de canhão de ratazana africana ou da China, pelos vistos, comunista.

[Manipula-se o rato na alcatifa em forma maçã de Wall Street
O gato persa de traje europeu, deslembrando o seu perfil egípcio
Ao usar nó inglês no pescoço da gravata].

Alcantarilhas à pinha,
A rebentarem de curiosidade enfática e de condição estática…
“Como é que será ascender a gato?”

A inconveniência chega à costa a bordo de improvisados destroços do asseio felino
Boiando à deriva da vontade de provar queijo manchego, do Loire, ou apenas pão e não
Sobras feita caridade descartada, vomitada em pêlos farta
Pelo gato de morte certa pela oportunidade da curiosidade…

À rataria resta restos e gritaria.
Emigraria com papéis verdes se pudesse
Para onde de curiosidade se morresse.
Ou, já que se é manipulado, que seja em tapete vermelho deslizando
Modernidade de braço dado com um bom teclado.

À falta de indiscreta sorte,
Morre-se de fome e de E-605 forte.

Quero acreditar que ao abrir a curiosidade de um livro, abre uma nova divisão dentro do seu ser

 Pouco mais te posso deixar.

terça-feira, julho 01, 2014

“O Culto do Chá” de Wenceslau de Moraes

“O Culto do Chá” de Wenceslau de Moraes é um pequeno grande livro que se recomenda pelo aroma, pela leveza da infusão e pelo “vago discorrer da alma sonhadora…”


“Mais do que isto: a alma das coisas, o que de inexplicável e de subtil parece emanar de um conjunto qualquer onde os olhos poisem – tranquilidade das sombras, arrogância de um tronco, ternura das relvas… - devia ressaltar sugestivamente do jardinzinho japonês, imprimir-lhe um carácter, uma filosofia, acordando na mentalidade dos visitantes um sentimento de paz, de triunfo, de saudade… “. in p.33, “O Culto do Chá”, Wenceslau de Moraes (1905).