sexta-feira, abril 29, 2011

"Run to the Water" Live


Houve uma época que este disco me acompanhou com bastante frequência, em especial esta canção...
Boa noite...

"Lightning Crashes" - Live


O que se ouve nesta noite de abril (já há/à acordo ortográfico!)...
"Eu posso senti-la"...

terça-feira, abril 26, 2011

“O Homem do Tanque da Liberdade”


Quem vive na fronteira (e “vive a fronteira”) deveria saber que foi um “raiano” quem, corajosamente, foi o rosto visível de um dos acontecimentos mais importantes e peculiares do passado século, como foi o dia 25 de Abril de 1974, também conhecido por “Revolução dos Cravos”, que marcou a transição de um dos regimes ditatoriais mais longos da história para uma democracia conquistada através de um golpe de estado militar atípico e sem derrame de sangue.
                Refiro-me a Salgueiro Maia, o militar português, nascido no dia 1 de Julho de 1944 na localidade, aqui tão próxima, de Castelo de Vide. Filho de ferroviário, Valencia de Alcántara não está alheia à vida deste “Capitão de Abril”, sendo que o seu pai trabalhou durante anos na estação fronteiriça partilhada por funcionários de ambos países e ainda é recordado por alguns habitantes de Valencia.
                Numa época em que todo o tipo de valores são relativizados em prol dos “mercados”, tem todo o sentido relembrar a figura de integridade, coragem e altruísmo que muitos encontram na figura de Salgueiro Maia. Trata-se, talvez, do elemento mais “puro” e “desinteressado” que participou na revolução, nunca pondo o seu interesse pessoal à frente da sua forte crença de liberdade e num sentido de justiça que só conhecem os heróis dignos dos mais sinceros elogios e panteões.
                Talvez o seu nome perder-se-á na obscuridade da cronologia, no entanto, enquanto existir a utopia de que se pode viver numa sociedade mais justa, enquanto existirem cabeças que pensem por si próprias, este espírito de Abril, este Capitão de uma das mais poéticas revoluções que a história viu nascer, será um símbolo de liberdade e de desinteresse pelo poder.
                É este desinteresse pelo poder, unido a uma forte consciência cívica, que poderá ajudar Espanha e Portugal a resistir à ditadura dos mercados, dos “ratings” das agências que analisam longe da realidade (como se nos EUA se soubesse e entendesse o que é a vida na Península Ibérica?), das opiniões convenientemente formatadas de que isto é culpa dos que aspiram dignidade e uma vida melhor. Enfim, que poderá mobilizar um espírito crítico que não nos afaste das democracias vigentes que tanto custaram a conquistar.
                Existe um velho ditado português que diz “que Deus leva os que mais ama”, e, infelizmente, a morte levou o Capitão Salgueiro Maia demasiado cedo, há quase duas décadas. Morreu acreditando nos ideais que o levaram a conduzir o “tanque da liberdade” do seu regimento que acabou com a mais velha ditadura do século XX, mas com uma profunda lucidez do que daí adveio e, algo de que nunca abdicaria, espírito crítico.
                Resumir liberdade a direitas e esquerdas, é insultar quem por ela lutou, luta e lutará. Como o próprio Maia dizia: “a liberdade é um combate interior”, apesar de cada vez ser mais difícil falar de liberdade nos dias que hoje vivemos e sem fronteiras que nos dividam… É o que muitos chamam um dado adquirido. Está ali e nem nos preocupamos com o seu valor… com a sua efemeridade...
                Termino com estes versos de Manuel Alegre que nos fazem pensar que o carácter se pode herdar, mas também se pode conquistar.

Ficaste na pureza inicial
do gesto que liberta e se desprende
havia em ti o símbolo e o sinal
havia em ti o herói que não se rende

Outros jogaram o jogo viciado
para ti nem poder nem sua regra
Conquistador do sonho inconquistado
havia em ti o herói que não se integra

Por isso ficarás como quem vem
dar outro rosto ao rosto da cidade
Diz-se o teu nome e sais de Santarém
Trazendo a espada e a flor da liberdade.

domingo, abril 24, 2011

"Eis-me Acordado" - Al Berto


Eis-me acordado, lembrando as palavras de Al Berto...

Luar na Lubre (Tu Gitana), excelente versão de José Afonso



Nacionalismos à parte, algo a que nunca fui dado, há que reconhecer a origem desta canção "Tu Gitana", que muitos reconhecem como galega. Nada mais errado, quanto muito a letra retirada por o saudoso Zeca do Cancioneiro de Vila Viçosa e por si musicada para o álbum de 1985 "Galinhas do Mato".
Há sim que reconhecer o mérito artístico dos Luar na Lubre, como é bem evidente nesta versão!
É desta maneira que nos estamos a preparar para lembrar Abril aqui por casa. A ouvir boa música e a pensarmos que a liberdade é tão relativa nos dias de hoje...

sexta-feira, abril 22, 2011

The Great Escape

Se temos que fugir que, pelo menos, seja como o Steve McQueen, isto é, em grande estilo...
Mesmo que sejamos apanhados, não há arame farpado que limite o nosso carácter!

Amancio Prada canta Rosalía de Castro

Conhecia mal este autor e nos últimos anos tenho tentado conhecer um pouco mais da sua obra. Felizmente, e graças à minha amiga Mª América e ao Alfonso (quando os verei outra vez?), pude desfrutar do cantor e da poetisa neste disco que recomendo vivamente. E não fosse ele em galego, verde, húmido para o qual parto em pensamento desde a minha planície alentejana...
 
 
 
 
 
Adiós, ríos; adiós, fontes;
adiós, regatos pequenos;
adiós, vista dos meus ollos;
non sei cándo nos veremos.
Miña terra, miña terra,
terra donde me eu criéi,
hortiña que quero tanto,
figueiriñas que prantéi,
prados, ríos, arboredas,
pinares que move o vento,
paxariños piadores,
casiña do meu contento,
muíño dos castañares,
noites craras de luar,
campaniñas trimbadoras
da igrexiña do lugar,
amoriñas das silveiras
que eu Ile dabaó meu amor,
camininos antre o millo,
¡adiós, para sempre adiós!
¡Adiós, groria! ¡Adiós, contento!
¡Deixo a casa onde nacín,
deixo a aldea que conoso
por un mundo que non vin!
Deixo amigos por estraños,
deixo a veiga polo mar,
deixo, en fin, canto ben quero . . .
¡Quén pudera no o deixar . . .!
......... Mais son probe e, ¡mal pecado!,
a miña terra n'é miña,
que hasta lle dan de prestado

Spencer Tracy e "Guess Who's Coming to Dinner"

Há muito tempo que não tinha a oportunidade de ver bom cinema clássico. E assim foi esta tarde, entre as birrinhas do Santiago e outros afazeres doméstcios, lá fui vendo graças às boxes de gravação um excelente filme com saudoso Spencer Tracy, o carismático Sidney Poitier e a elegante Katherine Hepburn.
O tema é desta película é mais que conhecido e o verdadeiro motivo porque ficou na história do cinema, mas para mim tocou-me bastante  a personagem e a figura de Spencer Tracy. Talvez tudo tenha que ver com alguma nostalgia que a sua face traz ao meu coração, ao seu dilema que vai para além do politicamente correcto, enfim à sua humanidade, reconhecimento dos seus limites morais e preconceitos. 
A condição de imperfeição em diálogo fraterno com o simbólico Monsenhor...
Um Spencer Tracy que tanto me lembra o meu avô e a falta que ele me faz...

quinta-feira, abril 07, 2011

(Al)fama

Num dos périplos por velhas músicas, reencontro sempre, é inevitável, Madredeus.
Talvez uma das grandes bandas, grupos, conjuntos musicais, ou o que lhe queiram chamar, se sempre da música portuguesa em minha opinião.
Dotado da grande voz de Teresa Salgueiro, de dois grandes génios - Pedro Aires Magalhães e Rodrigo Leão, este é sem dúvida um dos grupos de músicos que deixa muitas saudades.
Fica apenas mais um som demonstrativo de algo que não se perdeu, mas que de deu a conhecer e que enriqueceu todos os que aproveitaram.