sexta-feira, agosto 04, 2006

“Ei-los que partem”


Velhos e novos, foram milhares os portugueses que partiram para o estrangeiro em busca de melhor sorte. Deixavam tudo para trás, família e sorrisos, arriscavam o que tinham por um destino incerto. E avançavam.
Ei-los Que Partem pode ser então, segundo os autores do projecto, a chave que faltava para abrir a história. Ao todo, são cinco os documentários que exploram os traços fundamentais da emigração. Jacinto Godinho realizou Primeiros Emigrantes, Fortunas Americanas e Sonho e Desespero, a trilogia que abre a série e incide sobre o ciclo transoceânico, de meados do século XIX até à década de 30 do século XX. EUA e Brasil eram destinos de referência. O jornalista teve que se debater com "uma imensa falta de informação" até agarrar os contornos definitivos desta emigração, com a epopeia no Oeste americano e nos cafezais e a criação de colónias.
Ontem, em repetição na TV2, Fernanda Bizarro contou como foi A Sangria da Pátria, entre o fim de 1950 e 1973/74. A França atraía como nenhum outro país, mais de milhão e meio de portugueses saíram para trabalhar na indústria, escrevendo o período de êxodo que mais se colou ao imaginário colectivo nacional.
Sem dúvida, trata-se de um trabalho cabal, digno de muitas análises sociológicas de índole académica.
Ao vermos o presente de Portugal, tendo em conta este passado recente, não é de estranhar que o fenómeno da emigração, com moldes distintos dos de outrora, volte a estar na ordem do dia.
Novos Bidonville e Champigny se formarão, e muitas lágrimas correrão em estações, tal como acontecera há bem pouco tempo em Austerlitz... A diferença é que os sonhos são distintos e já não vão numa mala de cartão.

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