sexta-feira, agosto 22, 2025

Tallado en madera resistente...

22/VIII/2025: Tallado en madera resistente: sonreír cada día./Talhado em madeira resistente: sorrir a cada dia.

quinta-feira, agosto 21, 2025

Legos, guitarra y deberes... (un cualquier día de mayo)

"Cheiro de ferrovia/Olor de ferrocarril" - Luis Leal, "I Certame de Microrrelatos em Português Raquel Gafanha", 2025, p. 21.

Cheiro de ferrovia

“Só nos tornamos homens quando o nosso pai morre”, dizem-me. O meu não morreu, mas, ao descer na última estação, algo em nós se silenciou, apesar do pulsar continuo herdado do sangue e dos gestos. Trisavô, bisavô, avô, pai – um caminho-de-ferro na genética e na memória. Cresci graças a conduzirem comboios, a limparem o esterco dos animais empilhados nas carruagens, impedido de prosperar como adubo por despotismo de chefes, vagões atrelados a pequenos poderes, num país saudosista e salazarista.

O cheiro a carvão, a gasóleo e a suor sempre será mais forte do que qualquer perfume na minha roupa. A vida, às vezes, é só isso: um cheiro do passado. Não fujo ao meu, ao de ferroviário. 


Luis Leal

Badajoz, 25 de Abril de 2025 


Olor de ferrocarril

      “Solo nos convertimos en hombres cuando nuestro padre muere”, me dicen. El mío no ha muerto, pero, al apearse en la última estación, algo en nosotros se quedó en silencio, a pesar del latido continuo heredado de la sangre y de los gestos. Tatarabuelo, bisabuelo, abuelo, padre: un ferrocarril en la genética y en la memoria. Crecí gracias a que conducían trenes, a que limpiaban el estiércol de los animales amontonados en los vagones, impedido de prosperar como abono por el despotismo de jefes, vagones enganchados a pequeños poderes, en un país "saudosista" y salazarista.

        El olor a carbón, a gasóleo y a sudor siempre será más fuerte que cualquier perfume en mi ropa. La vida, a veces, no es más que eso: un olor del pasado. Yo no huyo del mío, del de ferroviario.


Luis Leal

Badajoz, 25 de abril de 2025


São fotos onde se encontra o meu avô Ventura Pinto, pai do meu pai. Na primeira foto, é o segundo à direita de pé e, na segunda, é o primeiro à direita na janela da carruagem.








I Certame de Microrrelatos em Português “Raquel Gafanha”

A propósito de colaborar, há já algum tempo que devo um agradecimento ao meu amigo David Portales, que me quis no júri (e também nas páginas) do I Certame de Microrrelatos em Português “Raquel Gafanha”. Um certame que, através de vários denominadores comuns, sobretudo o caminho-de-ferro, presta justa homenagem à memória da colega Raquel Gafanha. O curioso é que o David não sabia que também eu trago a ferrovia nos meus genes, e por isso o meu microrrelato respira o “cheiro a carvão, a gasóleo e a suor”, um cheiro que “sempre será mais forte do que qualquer perfume na minha roupa”.A edição completa do certame pode ser lida neste link:
https://read.bookcreator.com/rZr6EwQJjOTUEtsZDx2Fn6AuENH3/7qmjCQeQSo6vjwbFiN6KVg/p2ZoMeYOTQy7b8Gch38zEw

A propósito de colaborar, desde hace ya un tiempo debo un agradecimiento a mi amigo David Portales, que quiso contar conmigo en el jurado (y también en las páginas) del I Certamen de Microrrelatos en Portugués “Raquel Gafanha”. Un certamen que, a través de varios denominadores comunes, sobre todo el ferrocarril, rinde merecido homenaje a la memoria de la colega Raquel Gafanha. Lo curioso es que David no sabía que yo también llevo el tren en mis genes, y por eso mi microrrelato respira ese “olor a carbón, a gasóleo y a sudor”, un olor que “siempre será más fuerte que cualquier perfume en mi ropa”.
La edición completa del certamen puede leerse en el siguiente enlace:
https://read.bookcreator.com/rZr6EwQJjOTUEtsZDx2Fn6AuENH3/7qmjCQeQSo6vjwbFiN6KVg/p2ZoMeYOTQy7b8Gch38zEw






terça-feira, agosto 19, 2025

Premio Internacional de Fotografía Santiago Castelo 2024 y "microrresistencia"

19/VIII/2025: Se está quemando estos días demasiado patrimonio, natural y material de todo tipo, principalmente en unos incendios de los que ni siquiera merece la pena hablar, pues siento que mis palabras podrían ser las mismas de hace décadas. Sin embargo, cuando pienso en mi impotencia ante este mundo inflamado, en la “quema” de instituciones, cuando me enfrento a la insensibilidad que nos mata por dentro y a la “lejanía” del dolor (y del color) del otro, mi manera de sobrevivir se encuentra en la cercanía y en la colaboración; es decir, en colaborar, en laborar con otros. Y doy las gracias a quienes se acuerdan de mi labor y me invitan a acompañarles en sus proyectos (el filósofo José Carlos Ruiz le llama “microrresistencia”, por otras palabras “es intentar ayudar a la gente que tienes a tu alrededor en la media de tus posibilidades, para que no te insensibilices con los grandes temas de la vida que aparecen en los telediarios”).

Afortunadamente, en Extremadura se sigue dinamizando el Premio Internacional de Fotografía Santiago Castelo, a través de la Asociación de Extremadura para la UNESCO, destinado a las regiones de Alentejo, Centro y Extremadura. Mi colaboración es modesta, pero placentera, y se debe a que mi maestro José Luis Bernal siempre se acuerda de mí para que traslade al portugués la poesía del patrono de este premio, el añorado Santiago Castelo. Aquí tenéis mi colaboración para el catálogo de 2024.

19/VIII/2025: Está a arder, nestes dias, demasiado património, natural e material de todo o tipo, sobretudo em incêndios dos quais nem sequer vale a pena falar, pois sinto que as minhas palavras poderiam ser as mesmas de há décadas. Contudo, quando penso na minha impotência perante este mundo em chamas, na “queima” de instituições, quando me confronto com a insensibilidade que nos mata por dentro e com a “distância” da dor (e da cor) do outro, a minha forma de sobreviver encontra-se na proximidade e na colaboração; isto é, em colaborar, em laborar com outros. E agradeço a quem se lembra do meu trabalho e me convida a acompanhá-los nos seus projetos (o filósofo José Carlos Ruiz chama-lhe “microrresistência”, por outras palavras “é tentar ajudar a gente que tens ao teu redor na medida das tuas possibilidades, para que não te insensibilizes com os grandes temas da vida que passam nos telejornais”).

Felizmente, na Extremadura continua a dinamizar-se o Prémio Internacional de Fotografia Santiago Castelo, através da Associação da Extremadura para a UNESCO, destinado às regiões do Alentejo, Centro e Extremadura. A minha colaboração é modesta, mas gratificante, e deve-se ao facto de o meu mestre José Luis Bernal nunca se esquecer de mim para traduzir para português a poesia do patrono deste prémio, o saudoso Santiago Castelo. Aqui vos deixo a minha colaboração para o catálogo de 2024.









segunda-feira, agosto 18, 2025

O fogo é igual em todos os lados...

17/VIII/2025: O fogo é igual em todos os lados. Em Portugal e em Espanha, mais do que igual, diria que é o mesmo. Entende-se: não tem impedimentos de comunicação. Consome florestas, campos, casas, animais e consome-nos a vida física e existencial, a cada Verão, com uma sensação de velha novidade que me leva a entrar em conflito entre o que sinto e o que penso, gerando impulsos e contradições perigosas para qualquer um que se negue a abraçar o cinismo.
Atear fogos não é coisa de hoje, nem de um passado recente. As acendalhas mantêm o ambiente propício a que o lume se reactive e alastre para a sociedade, que se incendiem instituições por incompetência e que, no meio do incêndio do salve-se quem puder, espalhemos brasas e nem sequer fertilizemos com as cinzas da desgraça algum campo de conhecimento ou alguma pequena flor pelos finados. O que continua a nascer é o mato descontrolado, as ervas daninhas dos egos pirómanos de atenção enraizadas no solo da inframediocridade. Somos Neros de uma Roma repetitiva a arder. Pensamos que temos poder, que somos mais do que esse pó que se misturará com a terra, mas, ano após ano, Verão atrás de Verão, apenas se constata que somos uns seres inúteis, cuja arrogância cai nesta tensão climática e nem se humilda debaixo do fogo e de outros elementos incontroláveis. 
“Que farei quando tudo arde?”, já perguntava, em clímax desarrezoado, Sá de Miranda, e Lobo Antunes lembrou-se disso uns séculos mais tarde. Que faremos quando tudo arde? Essa resposta tem sido dada pela sociedade demasiadas vezes, e é deixar arder até que não haja nada mais que queimar.

17/VIII/2025: El fuego es igual en todas partes. En Portugal y en España, más que igual, diría que es el mismo. Se entiende: no tiene impedimentos de comunicación. Consume bosques, campos, casas, animales y nos consume la vida física y existencial, cada verano, con una sensación de vieja novedad que me lleva a entrar en conflicto entre lo que siento y lo que pienso, generando impulsos y contradicciones peligrosas para cualquiera que se niegue a abrazar el cinismo.
Prender fuego no es cosa de hoy ni de un pasado reciente. Las yescas mantienen el ambiente propicio para que la llama se reactive y se propague hacia la sociedad, para que se incendien instituciones por incompetencia y para que, en medio del incendio del “sálvese quien pueda”, esparzamos brasas y ni siquiera fertilicemos con las cenizas de la desgracia algún campo de conocimiento o alguna pequeña flor por los difuntos. Lo que sigue naciendo es la maleza descontrolada, las malas hierbas de los egos pirómanos de atención, enraizadas en el suelo de la inframediocridad. Somos Nerones de una Roma repetitiva en llamas. Pensamos que tenemos poder, que somos más que ese polvo que se mezclará con la tierra, pero, año tras año, verano tras verano, apenas se constata que somos unos seres inútiles, cuya arrogancia se derrumba en esta tensión climática y ni siquiera se humilla bajo el fuego y otros elementos incontrolables. 
“¿Qué haré cuando todo arde?”, ya preguntaba, en un clímax desarrazonado, Sá de Miranda, y Lobo Antunes se acordó de ello unos siglos más tarde. ¿Qué haremos cuando todo arde? Esa respuesta la ha dado la sociedad demasiadas veces, y es dejar arder hasta que no haya nada más que quemar.

sábado, agosto 16, 2025

Cenas da vida campestre

Cenas da vida campestre: Será a louva-a-deus (Mantis religiosa) a imitar o homem ou o homem a imitar a louva-a-deus?
Escenas de la vida campestre: ¿Será la mantis religiosa (Mantis religiosa) la que imita al hombre o el hombre el que imita a la mantis religiosa?”

quarta-feira, julho 30, 2025

Por lo menos hasta el final de los créditos...

30/VII/2025: Preguntan a Liam Neeson, el actor que interpreta a Frank Drebin Jr., por qué deberíamos ir al cine a ver la nueva versión de "Atrápalo si puedes" ("Naked Gun"), y contesta:“Because we’re all fucked. And we need a few giggles.”
Lo dice un actor que salvó en la pantalla una lista de judíos del Holocausto, fue maestro de Obi-Wan Kenobi y de Batman, rescató rehenes y atrapó a criminales rusos, americanos y de todas las nacionalidades… y que ahora - según algunos - ha abrazado la comedia absurda heredada de los hermanos Zucker y Jim Abrahams.
Tengo ganas de verlo. Quizá no sea la terapia que el mundo necesita, pero un par de carcajadas tontas e ingenuas (como las de un niño cuando se tira un pedete) alivian bastante el alma y nos ayudan a seguir en esta existencia… por lo menos hasta el final de los créditos.
30/VII/2025: Perguntaram a Liam Neeson, o ator que interpreta Frank Drebin Jr., por que deveríamos ir ao cinema ver a nova versão de "Onde é que Pára a Polícia?" ("Naked Gun"), e respondeu: “Because we’re all fucked. And we need a few giggles.”
Di-lo um ator que salvou no ecrã uma lista de judeus do Holocausto, foi mestre do Obi-Wan Kenobi e do Batman, resgatou reféns e apanhou criminosos russos, americanos e de todas as nacionalidades… e que agora — segundo alguns — abraçou a comédia absurda herdada dos irmãos Zucker e Jim Abrahams.
Tenho vontade de vê-lo Talvez não seja a terapia que o mundo precisa, mas umas boas gargalhadas parvas e ingénuas (como as de uma criança quando dá um peidinho) aliviam bastante a alma e ajudam-nos a continuar nesta existência… pelo menos até ao fim dos créditos.

segunda-feira, julho 28, 2025

Sérgio Godinho - A última sessão




Sérgio Godinho - "A última sessão", do álbum Lupa (2000)



E o velho filósofo disse então:

E o velho filósofo disse então:
"Há dois verbos fundamentais para o pensamento: filosofar e dormir. O primeiro exercita-o, o segundo descansa-o. Dito isto, é hora da sesta."

Y el viejo filósofo dijo entonces:
"Hay dos verbos fundamentales para el pensamiento: filosofar y dormir. El primero lo ejercita, el segundo lo descansa. Dicho esto, es hora de la siesta."