quarta-feira, maio 11, 2011

"Religião, Porquê?"

A propósito do lançamento do livro de Manuel Souto Teixeira, "Religião, Porquê?", lembrei-me de um bom livro, recomendado pelo meu grande amigo José António Santiago, "Aprender a Viver" de Luc Ferry.
Esta problemática é tão inerente à condição humana que nunca deixará de ser pertinente. O simples facto do homem ter noção da sua efemeridade, algo único e exclusivo da sua inteligência, faz com que o mesmo busque explicações para dar um sentido para a sua existência e "pós-existência".
Dessa dúvida, dessa ânsia, institucionalizou-se, de distintas maneiras, o que entendemos como religião, sacralizando-se tantas coisas ao longo dos tempos que qualquer dia a própria dúvida será sacralizada...
Não confundo religião com o que é do domínio do espírito humano, essa centelha de vida e de inteligibilidade que nos difere da matéria inanimada, nem sacralizo "ismos". Nunca poderei dizer que um ateu não tem razão, nem negar a experiência "mística" de quem quer que seja. Já tive a altivez de me julgar intelectualmente superior a uma crente peregrina em sofrimento e levei uma bofetada mundana que nenhuma ciência me curaria de humildade...
Cresci num ambiente e com uma matriz cultural baseada no cristianismo da igreja católica apostólica romana, conheci os meus primeiros anos através dessa óptica, curiosamente foi um filósofo católico que me fez duvidar que esse deus paternal (aqui não merece a maiúscula) fosse tão misericordioso como mo predicavam...
Comecei a perceber as metáforas e simbolismos de pastores, ovelhas e cordeiros e preferi percorrer o caminho sozinho, aceitando que se tenho que afirmar ou negar Deus tem de ser por mim, pela minha forma e local onde me coloco para ver o que me rodeia. E esse senhor, a quem chamam pai, é muitas vezes pior que um padastro...
Mas, nesse percurso, tu próprio, negando o absurdo, tentando dar sentido por a ausência do mesmo ser tão difícil de suportar, sacralizas instantes, momentos, palavras... tendes a percorrer o mundo de ocidente a oriente, para chegar à simples conclusão que simplesmente se tem de viver esta vida da melhor maneira possível seja com a ausência ou presença do substantivo insubstancial "Deus".   
 

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