segunda-feira, janeiro 28, 2013

As sardinhas há uma década... (Crastos, 2003)


Finados Santo António e São João, julho e agosto, trazem consigo peregrinações a santuários de sardinhas (mesmo que alguns digam que fora da época devida para tal entranhável romaria de odor digital). A minha família nunca foi excepção. Apesar de tarde me ter dado conta que este peixe gregário, até no derradeiro final em cima de uma fatia pão húmida (uma espécie de caixão de centeio a céu aberto para uma incineradora digestiva), é um dos meus pequenos prazeres, que na realidade talvez não seja assim tão pequeno...
Sempre pude sentir este cheiro sazonal banhado de mar, mesmo nascido  num sequeiro relativo à sombra de uma azinheira, a escassos 20 km da científica Azaruja. Também eu plantaria sardinhas só para ter o mar para mim e para os meus... podem ter a certeza!
O braseiro improvisado numa jante da sucata serve. As brasas de carvão não se confundem com "barbecues" americanados. Apenas somos nós a esfumarmo-nos dos e para os elementos, levando connosco um pouco mais de sal.
Estas foram as sardinhas de há uma década. E por aqui continuarão, à espera que vá buscar a jante improvisada, escondida entre as estações, e, de repente, traga comigo o verão... já o verão.

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