sexta-feira, outubro 02, 2020

A menina e a figueira

Fotografia de Eylül Aslan


Em Discontos de fadas encontrei esta história:

A menina e a figueira

Era uma vez, um senhor viúvo, que tinha uma filha muito bonita, com os cabelos longos e da cor do ouro. Sua mãe em vida, penteava e cuidava dos seus cabelos como se realmente fossem fios de ouro.

Na vizinhança morava uma moça que queria se casar com o pai da menina e, por isso, fazia-lhe tantos agrados, que ela chegou ao pai e lhe disse:

- Meu pai, por que você não se casa com a vizinha? Ela é tão boa para mim! Todos os dias quando vou a sua casa, ela me dá pão com mel.

- Minha filha, quando ela se casar comigo, lhe dará pão com fel.

Mas a menina não acreditava, e tais agrados a moça lhe fez que o pai acabou se casando com ela.

Depois do casamento, a madrasta começou a maltratar a menina, castigando-a pela falta mais insignificante.

O marido tinha no jardim uma enorme figueira, e a pequena era obrigada a vigiá-la o dia todo, para que os passarinhos - seus amigos - não comessem os figos e quando isto acontecia, a madrasta batia-lhe sem piedade.

Aconteceu, um dia, que os pássaros comeram os figos, e tendo viajado o marido, a madrasta enterrou a menina num capinzal que havia no jardim.

No dia seguinte, o marido chegou e procurou a filha; a madrasta disse-lhe que havia desaparecido.

Mais tarde, o jardineiro foi cortar capim para dar ao cavalo e ao passar a foice no capim, ouviu este canto triste e se pôs a escutar:

Jardineiro de meu pai
Não me corte os meus cabelos,
Minha mãe me penteou,
minha madrasta me enterrou,
Pelos figos da figueira
que o passarinho bicou.
Xô passarinho, xô passarinho,
da figueira de meu pai.


Então o jardineiro foi contar ao patrão o que acabara de ouvir. Este foi ao capinzal, mandou o jardineiro passar a foice no capim, e novamente ouviram o canto. Reconhecendo a voz da filha, mandou o jardineiro cavar a terra e, encontrando a menina ainda com vida, levou-a para casa. Botou a mulher para fora e não quis mais saber dela ficando só com a filha.

Era uma vez a vaca Vitória. Caiu no buraco; depois vem outra história...

Débora Kikuti, 40 anos, contadora de histórias.



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