terça-feira, maio 02, 2006

Xenofobia Ortográfica


A Sinofobia ignorante expressa também junto ao Lis. Andou D. Dinis a plantar o pinhal para os "chinocas" virem para cá invadir isto! Será que era o que queriam dizer?

Teologia Urbana



À beira do Lis, nas paredes de uma igreja figuram as palavras, teoricamente relacionadas com o movimento anarquista, que são visíveis na foto ao lado. Há já algum tempo que lá estão... interessantes manifestações urbanas... ideias arrojadas... só é pena não passarem de aforismos, nada artísticos, que deterioram um património bem mais importante que Deus... o património humano, de todos nós.

segunda-feira, maio 01, 2006

BURACOS E DECIBÉIS

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Fazendo por alto a soma do conta-quilómetros pessoal em transportes públicos africanos, calculo que a coisa se situe entre os 10 e os 15 mil. A estes ainda poderei juntar cerca de 10 mil quilómetros, palmilhados no conforto de veículos próprios, alugados ou emprestados.

Horas a fio de estrada. Incontáveis esperas sonolentas em paragens de pó e gasóleo (aqui um carro só anda depois de a lotação estar completa). Cansaço acumulado em estradas pavimentadas a buracos. Avarias na berma, pedidos de boleia à sombra de embondeiros. Furos. Um despiste e uma ressurreição, no Niassa, Moçambique, quando alguns companheiros de viagem morreram abalroados por um camião. Tinha deixado o local minutos antes.

No Zimbabué, cretinocracia habitada por gente com fome, decadentes autocarros mostraram-me um país de capim dourado e elefantes. No centro e norte de Moçambique visitei o paraíso em oxidados machimbombos e trôpegas chapas (as de caixa aberta e as históricas Toyota Hiace). Nas sete place senegalesas (as também históricas carrinhas Peugeot 504) provei o sabor de um país bonito, recheado de gente oportunista. As neuf place mauritanas (as mesmas Peugeot, mas com dois passageiros mais que no vizinho Senegal) fizeram-me voar, literalmente, pelas areias do deserto. Nos autocarros estufa (sem janelas ou ar-condicionado) do tórrido Mali desfiz-me em suor, procurando o sul do Sahara. Na Guiné-Bissau admirei-me com o civismo (em geral acima da média africana) com que grande parte dos condutores locais conduz os seus veículos.

No fim de tantas viagens aprendi uma máxima que guardarei para sempre no livro das errâncias por estradas africanas: aqui (como em todo o continente), um transporte público pode não ter faróis, piscas, seguro, chapa de matrícula ou travões, mas tem, de certeza, um potente rádio de colunas roufenhas a debitar decibéis e a desfazer, desta forma, a angústia de longas jornadas a consumir buracos.

No interior de uma candonga todos se abanam, não ao som dos acordes, mas ao sabor das covas da estrada. Também poucos falam, que o condutor sempre faz questão de mostrar a potência das roufenhas colunas que adornam o veículo. A foto e o som do interior de uma candonga guineense para ver e ouvir em baixo. Boa Viagem!

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Se escutarem com atenção, o barulho dos amortecedores nos buracos é audível em fundo.

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VIAGENS HÁ MUITAS!

O convite do Luís Miguel Pinto para que ajudasse a construir este blog foi aceite depois de alguma reflexão. Sei que o tempo não me permitirá contribuir para ele com a regularidade que gostaria. E este é o primeiro alerta. Não esperem da minha parte muitos textos. O segundo diz respeito aos conteúdos. Não falarei aqui daquilo que todos falam. Para isso existem dezenas de outros blogues e doutos comentadores/analistas. No Senderos procurarei falar, sempre que houver tempo, de viagens a destinos banais, que são aqueles que têm feito as minhas delícias de viajeiro. E, claro, falarei do Alentejo (minha terra) e de África, a terra onde todos nascemos e onde o Homem sempre foi livre e escravo ao mesmo tempo. Ainda hoje assim é. Viagens há muitas!

sábado, abril 29, 2006

O prazer das duas rodas...


É comum em Paris, e em França em geral, os habitantes deslocarem-se utilizando o meio de transporte mais barato e ecológico. Há de todos os tipos, com destaque para aquelas que em Portugal são apelidadas de "Pasteleiras", com características nada na moda mas extremamente funcionais. Por cá, o recurso às duas rodas, é sinónimo de desporto de fim-de-semana, atitude "freak", ou "pelintrice" pois não tem dinheiro para um carro ou mota.
Nem falemos do perigo que é deixar uma "bike" na rua, um convite ao roubo e vandalismo incluso em cidades pequenas. Como se podem mudar as mentalidades? Não chegam os exemplos de países como França e Holanda... o melhor é comprarmos "X5", "Cheyennes" e "Jaguares" com dinheiros comunitários, ou então, como se fossem carros de trabalho. Viva os corajosos das duas rodas!!!
Fotos: "Paris a pedais", Paris, Dezembro, 2005.

sexta-feira, abril 28, 2006

"Aqueles que caminham..."


Este blog é criado na tentativa de agregar várias mundivisões do que é ser um viajante, um observador da natureza humana, enfim, aquilo que Kerouac denominou "Vagabundos do Dharma". Os reptos estão feitos. Portugal, Espanha, Brasil, Guiné, EUA, todos com voz neste canto de partilhas, que não é indiferente àqueles que se cruzam nos nossos caminhos... Espero que participem com inteira liberdade neste espaço dedicado à deambulação e divagação.
Um abraço e vejam as bds de Jiro Taniguchi. Fiquei fascinado,estão muito na "nossa onda".

Na vastidão dos campos púrpura


O Alentejo amanheceu numa Primavera púrpura, há quem diga que é mais um presságio do seu abandono. Vamos ver o que está reservado ao Alentejo esquecido...
Foto: "Vale da Vendinha", 2006, Abril.

Caminhos


Este blog nasceu da vontade daqueles que não abdicam do direito a caminhar, a reflectir sobre a sua espiritualidade, a libertar os seus pensamentos estrada adiante. O espírito peregrino que dá força e nos torna melhores seres humanos.
São vários os senderos que trilhamos e neles, a específicidade do terreno ensina sempre algo. A sabedoria da pedra e do pó.
Foto: Desconhecida