segunda-feira, julho 24, 2006

On the Road



Kerouac acompanha-me há já alguns anos. Ao ler "On the Road" desperta em mim uma vontade extrema de agarrar numa "125 azul" e partir sem destino nenhum. Kerouac é o derradeiro argonauta... que me relembra "Navegar é preciso, viver não é preciso".
A escrita de Kerouac é simples. Linear, directa, sem demasiados floreados. No entanto, nesta simplicidade, neste estilo directo, existe a vibração intensa dos viagens pela América, de costa a costa, dos bares do jazz e do bop, de toda a turbulência intelectual que viria a culminar nos anos de ouro da chamada Beat Generation. Se nomes como Allen Ginsberg ou William Burroughs aparecem como referências incontornáveis deste movimento, a verdade é que o nome de Kerouac é o maior de todos, e "On the Road / Pela EstradaFora" o livro emblemático de toda essa geração.
Franco-americano, Jack Kerouac nasceu como Jean-Louis Lebris de Kerouac, no dia 12 de Março de 1922, em Lowell, no Massachussets, filho de emigrantes franco-canadianos, não tendo falado inglês até aos seis anos de idade.
Na sua juventude, foi um promissor atleta de futebol americano, tendo, por via desse facto, ganho uma bolsa de estudo para a Universidade de Columbia. Porém, após uma grave lesão e um desentendimento com o seu treinador, abandona o futebol e a universidade, regressando à sua terra-natal. Aí chegado, durante alguns meses, Kerouac torna-se repórter desportivo no jornal Lowell Sun. Chegando à conclusão que não é isso o que quer fazer da sua vida, parte para Washington DC e depois para Boston onde, durante alguns meses, sobrevive graças a vários trabalhos ocasionais.
Com a entrada dos EUA na Segunda guerra Mundial, Kerouac alista-se na Marinha, passando à reserva, poucos meses depois, com base em motivos psiquiátricos. Kerouac foi considerado mentalmente inapto pela dificuldade que revelava em se submeter à autoridade dos seus superiores militares.
De regresso ao seu país, Kerouac conhece Ginsberg, Burroghs e Neil Cassady (retratado como Dean Moriarty em "On The Road / Pela Estrada Fora"). Este círculo de amigos viria, mais tarde, a formar o núcleo duro da chamada geração beat.
Em 1944, casa-se com Eddie Parker, separando-se poucos meses depois.
É em 1949 que efectua, na companhia de Neil Cassady e da ex-mulher deste, Luanne, uma viagem desde a Costa Leste americana até San Francisco, Califórnia, viagem esta que se viria a revelar a força motriz de "On The Road / Pela Estrada Fora". Durante a década seguinte, Kerouac viajaria vezes conta pelos EUA e méxico, ora na companhia de Cassady, ora sozinho, à boleia.
Em 1950, casa-se com Joan Haverty, com quem tem uma filha, tendo, porém, uma vez mais, se separado após apenas alguns meses de vida em comum.
"On the Road / Pela Estrada Fora" foi escrito em 1951, em apenas três semanas, sob o efeito de benzedrina. No entanto, só seria publicado em 1957. Aquando da sua publicação, este livro torna-se, imediatamente, um sucesso editorial espantoso. Aos 35 anos de idade, Kerouac conhece a fama e, subitamente, vê-se no papel de porta-voz de uma geração. Kerouac não se dá bem com essa fama nem com esse papel, uma vez que o mesmo, muitas vezes, o torna no representante máximo de muitos comportamentos que nada lhe dizem. Subitamente, compreende o vazio da fama, compreende que essa geração que o elevou a seu estandarte máximo, nada sabe dele e, provavelmente, retira dos seus livros leituras demasiadamente superficiais.
Tenta afastar-se desse papel, ao mesmo tempo que se torna alcoólico. Em 1961muda-se para Big Sur, na Califórnia, onde escreve um romance intitulado, precisamente, "Big Sur". Trata-se de uma obra autobiográfica em que é bem patente o estado de degradação emocional e intelectual que o álcool, já nessa altura, provoca nele. Casa uma última vez, em 1966, com a sua amiga de infância, Stella Sampas.
No dia 20 de Outubro de 1969, aos 47 anos de idade, Jack Kerouac morre em consequência de uma hemorragia interna, provocada por uma cirrose hepática.
Na história da literatura, deixa uma obra de importância inquestionável, de onde se destaca, naturalmente, "On the Road / Pela Estrada Fora". Este livro, relatando várias viagens através dos EUA e México, acaba por ser um manifesto de uma forma de viver intensa, vibrante, contagiante. Como se, apenas pela voz de Kerouac, a América tivesse descoberto que muita da sua identidade cultural múltipla, diversa, vive, precisamente, pelas suas estradas fora...

2 comentários:

Anónimo disse...

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