O novo governo encabeçado por José Sócrates já dá que falar no outro lado da fronteira. E qual é o tema? Não sei se adivinharão? Não queria acabar com o mistério, mas tem de ser. “O TGV”! Para variar…
Pelos vistos, este é um tema recorrente nas nossas relações transfronteiriças (e na política nacional) que começa a fartar muita gente que não se revê apenas neste tema alçado como bandeira primordial para aproximar os dois países.
No meu caso, e devo dizer que reconheço vantagens para o Alentejo com o troço do TGV, acho que não devíamos pensar apenas na rede de alta velocidade em Portugal (apesar de notar que isso vai contra muitos dos interesses estabelecidos desde há muitos anos) e recordar os anteriores ramais que estiveram na base de um fortíssimo desenvolvimento do interior, desde o final do século XIX até à segunda metade do século XX.
Também opino que não devemos tornar o TGV o “cavalo de batalha” para justificar a nossa situação periférica na Europa. Quiçá o Atlântico também merece a nossa atenção. Com isto tudo, mesmo sendo eu um “iberista” (não me revejo nos argumentos astutos de Saramago, mais para vender livros na sua condição estudada de “escritor incompreendido” pelos seus compatriotas), como costumo dizer: “mais do que português, sou ibérico, como o porco!”. Esta minha comparação vai para além de independências, de repúblicas, monarquias, ou federalismos e assenta no argumento da bolota, da azinheira e dos sobreiros que tornam tão gostoso o belo do presuntinho… natural, sem interesses nem politiquices, como se quer.
E o que é que a alta velocidade tem a ver com os “cerdos” ibéricos? Não sei, apenas sei que o porco tem mais importância na economia real “da raia” que tem actualmente o TGV. No entanto, José Sócrates já se comprometeu a desenvolver a rede de alta velocidade e atribuiu a António Mendonça a pasta que era tutelada por Mário Lino. Segundo consta, trata-se de um economista de prestígio, independente e um acérrimo defensor do TGV, e não tivesse ele assinado, em Julho passado, um manifesto de apoio aos grandes investimentos públicos como motor para o desenvolvimento económico e panaceia contra a crise. Trata-se, enfim, de um gémeo siamês ideológico de Manuela Ferreira Leite.
Enquanto esperamos avanços (ou retrocessos) deste assunto, vejamos como o jornal “El Periódico Extremadura” (ver imagem), já pensa que os troços, Salamanca-Aveiro e Évora-Faro-Huelva, poderão ser uma mais-valia para a região.
Por aqui, segundo o mesmo órgão de comunicação, já se agilizam os estudos de impacto ambiental. E como nós sabemos que presa é sinónimo de perfeição, só espero que haja um apeadeiro para os “cerditos ibéricos” no meio de tanta velocidade vertiginosa…
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