terça-feira, setembro 11, 2012

"O Menino Azul" de Cecília Meireles (fotos de burros mirandeses da Associação de Burros Mirandeses)


O meu filho, o meu "menino azul", passou um dos melhores momentos da sua curta existência na companhia destes asnos peludos na aldeia de Atenor. Apesar de estar de fora e não ter nem idade, nem tamanho, o seu indicador assinalava o que as palavras ainda não conseguem articular... Essa felicidade fez-me pensar neste poema de Cecília Meireles...


O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.

O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios,
das montanhas, das flores,
— de tudo o que aparecer.

O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.

E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.

(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever
para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)








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