domingo, setembro 16, 2012

Um poema de Jorge Sousa Braga

 Fotografia de Erwin Blumenfeld (1947)


Pela nossa saúde mental, um breve parêntese na realidade: estes versos de Jorge Sousa Braga.


DURANTE O SONO

Durante o sono retiraram-me uma costela
Ficou-me no peito um vazio que não consigo preencher
Custa-me a respirar
Eu quero de volta a minha costela
quero de volta todas as costelas
Quero de volta o paraíso
quero de volta o silêncio rumorejante
quero de volta as poluções nocturnas
e diurnas
Quero uma mulher
feita de chuva
e vento
e fogo
e neve
e luz
e breu
e não de argila
como eu



1 comentário:

Luis Leal disse...

Lindo poema...
Será a mulher um roubo de costela? Aquela que buscaremos até nos completar?
Abrazote