segunda-feira, abril 07, 2014

A ti me confesso converso.

Como começar um verso
que não tem passado
nem futuro?
Com o presente da incerteza
ou com a delicadeza do acaso,
Furtuito e furtivo,
Em cada minuto que vivo
Anelando
Uma qualquer paz perspicaz?

Todo o universo não cabe num verso.
Um verso, uno, dificilmente divisível,
Jaz fraccionado pelo ego e seu manejo.
À nossa frente está o acidente do presente.
Não há verso, reverso, perverso… incontrolado.
Fernando. Onde estás travesso?
- Aqui, de pé, cómodo encostado à cómoda.
Ouço alguém a entrar e fechar a porta.
A oportunidade, mãe de verdade, tem tendência à orfandade.
Não quero ar fresco. Gosto de ambientes tétricos. Ridículos.
Do outro lado está o mistério métrico dum verso.
Ansiando um começo, tropeço, em mim mesmo, e escrevo:
Prosa, a ti os meus versos devo.

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