Acta de
Abril (ainda por aprovar)
Num país obscuro, numa exacta madrugada do vigésimo
quinto dia do quarto mês do ano de 1974, no Terreiro do Paço (posteriormente no
Largo do Carmo) e tendo a maioria cidadã recém-desoprimida, teve lugar o começo
de uma utopia florida a cravo vermelho.
Na impossibilidade de nomear todos os presentes,
identifica-se apenas o seu porta-voz:
Fernando José Salgueiro Maia.
Patente:
De cavalaria capitão.
Estiveram ausentes:
Todos os descrentes que em cada rosto existe
igualdade.
Ordem do dia:
1)
Restaurar a
liberdade;
2)
Recuperar a
dignidade;
3)
Reimplantar a
esperança;
4)
Readquirir o
direito a questionar em alta voz.
Todos os presentes efusivamente renegam o dia 24. A
emancipação de um povo saiu à rua. A imperfeição não se erradicou, apenas disso
ficou a sensação. A integridade voltou para os braços da sua mulher em Santarém.
E, nada mais havendo a tratar, foi lavrada a presente
acta que, nunca será lida nem aprovada, muito menos vai ser assinada pelo
actual Presidente da República, apenas por mim, um sonhador, na qualidade de
secretário, que a redigi.
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