sábado, abril 18, 2015

Para sempre (excerto de José Fanha)

«Para sempre
Eu gostava de acordar em cada dia e
ter a minha mãe ao meu lado.
E o meu pai. E a minha avó.
E todas as pessoas de quem gosto.
Mas alguns já se foram embora. Para sempre. E isso deixa-me confuso. Porque para sempre é mesmo muito tempo.
Eu consigo perceber o que é uma hora. Percebo dez minutos. Percebo dez segundos que é uma medida de tempo que uma pessoa começa a dizer e já passou. E percebo um dia ou uma semana. Mas para sempre é tão difícil perceber...
Um dia, o meu pai foi-se embora para sempre. E eu esqueci-me de lhe dizer uma coisa. Nem sei bem que coisa era. Só sei que esta coisa que eu queria dizer ficou-me entalada na garganta. Para sempre.»
José Fanha - "Diário inventado de um menino já crescido" - pág.61

Sem comentários: