sexta-feira, julho 24, 2015

Reflexões de Eduardo Lourenço, na revista LER:

"Deixámos há muito de funcionar sob um paradigma religioso, em que o nosso destino era coletivo e possuidor de um sentido. A Humanidade era conduzida pela Providência. (...) Depois passou a ser o Homem - e a Reforma está na origem disso - o criador do seu próprio futuro. Sem a Providência, e com os riscos inerentes. O problema é saber se este sonho cartesiano levado ao extremo, em que deixamos de ser filhos da natureza, para sermos seus donos, é um exercício impune. (...) Talvez a capacidade que temos de manipulação da natureza venha a virar-se contra nós, porque afinal também fazemos parte da natureza. Talvez nos tornemos vítimas dos poderes desses deuses virtuais que pensamos que somos. Ou que somos sem saber."

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