segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Desafiamos a gravidade do porvir
















(Texto escrito a propósito da importância do "toque" nos primeiros meses de existência do Bebé, a pedido de uma pessoa muito querida...)

Desafiamos a gravidade do porvir,
Nas palmas firmes das minhas mãos.
Serenamente sinto o passado, num futuro que meu não será
Mas no qual ecoará o timbre do meu existir.

Há palavras que teimam rebentar dum grito inato
Vindo ao mundo leve de carga, cristalino, intacto…
Que a tacto percorre e aprende as minhas cicatrizes,
Como se de um mapa se tratasse…

O instinto agarra forte o meu dedo,
Nada lhe indica. Apenas me responsabiliza.
A agulha de uma bússola orienta
Para o norte magnético de um amparo apenas …
Sussurra-me ao ouvido o azimute do cúmplice
Olhar do destino que, no plural, me interceptou …

E assim,
Num peito, feito porto,
Atraco o meu filho às amarras da minha vontade.
Fecho os olhos. Aceito e em silêncio agradeço,
A qualquer Deus que possa existir,
As pequenas coisas que fazem grande esta minha,
Nossa, madrugada
De mãos, alvas,
Dadas ao mundo.

3 comentários:

Luis Neves disse...

Gosto muito de ler Poesia.

Parabéns por esta experiência na escrita de poesia.

Gostei principalmente da última estrofe. Acho muito forte.
Gostei de algumas palavras que o poema tem, que não são correntes , gostei da palavra Azimute. É um termo técnico de navegação , mas nunca percebi o significado certo.


Só não gosto muito da frase "Atraco o meu filho às amarras da minha vontade" ;
acho que dá ideia de estar agarrado.
Acho que ficava melhor "Abraço ... nas ..... minha (qq coisa)"

Luis Leal disse...

É verdade. Eu não sou muito dado à poesia, na realidade, é uma coisa para a qual acho que não fui minimamente talhado...
isto escrevi para uma aula de massagem para bebés da Elsa (porque ela me pediu) e decidi colocar aqui, principalmente para ilustrar a foto...
Mas para dizer a verdade, nem sei como tive coragem para colocar aí essa divagação... Talvez a saudade do Santi (estive a semana toda sem vê-lo a trabalhar!)
A ver se temos tempo para te fazermos uma visita.
Ultimamente escasseia... e há sempre contratempos...
Muitos beijos e abraços

Luis Leal disse...

O azimute é um traçado numa determinada coordenada que te faz ter um ponto de referência. É um termo da navegação e da orientação em geral. Tracei bastantes em cartas militares e no vazio, quando fazia jogos de pistas e me perdia com os meus amigos por esses campos fora...

Quanto a "vontade", podes dar-lhe mais interpretações (não sei o porquê, mas consegui expressar algo que se me afigurou nesse contexto), mas acredita que é mais num sentido de obstinado ou teimosia, do que propriamente agarrado ou posse...
Enfim, expressar liricamente uma
Aquele abraço,
P.S
Hoje li uma obra de poesia de José Luís Peixoto e recomendo-te