domingo, dezembro 23, 2012

My Little Photographer


1 comentário:

Luis Leal disse...

Hoje, há momentos, estive na festa de Natal do meu filho. Os seus dois anos alegremente dançavam ao som do pop natalício importado da terra dos Saxões.
Estava feliz, está feliz. Sei que é inocentemente feliz.
Iniciámos a nossa história de família, avô.
Estou longe.
Custa-me não poder dizer-te que o vejo crescer assim.
Custa-me saber que estás aí e eu aqui, sem te dar notícias do nosso Benfica e do meu Real Madrid. Estou desactualizado.
Sabes que o sobreiro foi considerado árvore nacional? Também eu me ri. É o mesmo que considerarem um alentejano património da humanidade!
Tu és o meu património.
Sê-lo-ei de alguém? Não. É melhor não sê-lo.
Sei o que é a terapia do monólogo. Sou professor.
O silêncio é um bom interlocutor. Diz-te tudo o que queres ouvir.
Mas que te conto eu?
Estás aí.
Estou aqui.
Dialogamos nas minhas veias, sentados nas traseiras da tua casa após quilómetros de bicicleta (mais tarde de carro) só para falar contigo, para abraçar a avó.
Há por aqui mais pop natalício. “Last Christmas…”
Um Natal dos Hospitais qualquer deve ter sido sintonizado na televisão que não consegues ver. Não faz mal. Não tiveste que gramar com algum pimba.
Já imaginaste se fossemos sobreiros? Alentejanos já somos. Quem nos plantaria? João e Luís. Belos chaparros. Teimosos.
Daríamos sombra a uns quantos porquitos e marrãs a chafurdar à procura de landeas enquanto a nossa cortiça rolharia um tinto de aroma leal, fiel à tradição do pão, queijo e azeitonas.
Estás aí.
Estou aqui, mas não me sinto só. Apenas sou um sobreiro alentejano que foi transplantado. Aqui, na planura do Guadiana, vejo crescer o meu alcornoque.