terça-feira, dezembro 30, 2014

El poema nace

El poema nace del esfuerzo
de obturar el inconcreto,
de la necesidad de hacer de la nada
verbo cubierto con nitrato de plata.

VI Nenhuma dor é tão grave (Samuel Chamorro)

Nenhuma dor é tão grave
nenhuma morte tão última

que não possam moderar-se
diante dos olhos de um estranho.

Claves para hacer negocios con Portugal (Colaboración en el libro)

Termino 2014 con la enorme sensación de gratitud… Ya en lo que respeta al colectivo, como decía Vasco Graça Moura, le falta al mundo contemporáneo algo de poesía… Espero que 2015 nos traigan unos cuantos versos de esperanza. 
Os dejo mi última colaboración en la guía “Claves para hacer negocios con Portugal” en la compañía de buenos amigos como Antonio Sáez Delgado y José Ignacio Martín, donde divagamos sobre “La imagen del otro”, “Historia de Portugal”, “Patrimonio portugués”, “Literatura portuguesa” y “Figuras claves de Portugal”. Os recomiendo los “Falsos Amigos” de mí amigo José. 
(Un especial agradecimiento a todos los que están por detrás de mis textos, sabéis que sois y siempre seréis mi intertexto…) 

Termino 2014 com a enorme sensação de gratidão… Já no que diz respeito ao colectivo, como dizia o ilustre Vasco Graça Moura, falta ao mundo contemporâneo poesia… Espero que 2015 nos traga uns quantos versos de esperança. 
Deixo-vos a minha última colaboração no guia “Claves para hacer negocios con Portugal” na companhia de bons amigos como Antonio Sáez Delgado y José Ignacio Martín, onde podemos divagar sobre “A imagem do outro”, “História de Portugal”, “Património português”, “Literatura portuguesa” e “Figuras chave de Portugal”. Recomendo-vos os “Falsos Amigos” do meu amigo José. (Um especial agradecimento a todos los que estão por trás dos meus textos, sabem que são e sempre serão o meu intertexto…)





quarta-feira, dezembro 24, 2014

Aprendizagem Básica (Gonçalo M. Tavares) in Revista Visão 18.XII.2014


Eddie Vedder - Imagine 2014 (Official Audio) Multicam

Dias sós / Días solos

Dias sós.
Embaciado o espelho ausente de reflexo das manhãs infantis,
Num grito desperto pelo espreitar sincero do sol num fio de persiana.

Manhã lenta de café
Desenhado com tons de leite
E a rádio sintonizada num programa feito pelos teus próprios dedos.


Días solos.
Empañado el espejo ausente de reflejo de las mañanas infantiles,
En un grito despierto por el acechar sincero del sol en un hilo de  persiana.

Mañana lenta de café
Dibujado con tonos de leche
Y la radio sintonizada en un programa hecho por tus propios dedos.

segunda-feira, dezembro 22, 2014

O centro da distância (Ángel Campos Pámpano)

O centro da distância (Ángel Campos Pámpano)

Abre os olhos
a um só acorde, a um ritmo
em si mesmo.
Requere um homem novo
esta luz que desponta.

Razão de ti
vão dando as tuas palavras
mais pobres, boca
nua que conhece
a melhor luz do dia.

Rosa de nevoeiro
sumida no silêncio
fundo do ar
Reconheço no teu nome
esta luz que declina.

Do seu livro “Siquiera este refugio” (“Ao menos este refugio”), 1993.

Tradução: Luis Leal

Algures no Alentejo



Se calhar está na hora de cortar o cabelo, ou fazer a barba...

domingo, dezembro 21, 2014

a la hora de poner la mesa, éramos cinco

a la hora de poner la mesa, éramos cinco:
mi padre, mi madre, mis hermanas
y yo. después, mi hermana mayor
se casó. después, mi hermana pequeña
se casó. después, mi padre murió. hoy,
a la hora de poner la mesa, somos cinco,
menos mi hermana mayor que está
en su casa, menos mi hermana pequeña
que está en su casa, menos mi padre,
menos mi madre viuda. cada uno
de ellos es una lugar vacío en esta mesa donde
como solo. pero van a estar siempre aquí.
a la hora de poner la mesa, seremos siempre cinco.
mientras uno de nosotros esté vivo, seremos
siempre cinco.

José Luís Peixoto (trad. Luis Leal)

sexta-feira, dezembro 19, 2014

Não voltarei a ser jovem (Jaime Gil de Biedma)


No volveré a ser joven

Que la vida iba en serio
uno lo empieza a comprender más tarde.
como todos los jóvenes, yo vine
a llevarme la vida por delante.

Dejar huella quería
y marcharme entre aplausos.
envejecer, morir, eran tan sólo
las dimensiones del teatro.

Pero ha pasado el tiempo
y la verdad desagradable asoma:
envejecer, morir,
es el único argumento de la obra.

quinta-feira, dezembro 18, 2014

Próximo do que importa (Ángel Campos Pámpano)

O céu da tarde ainda é um incêndio, uma pedra queimada que lentamente envelhece. O ar é limpo e baixo como um novo prazer que tu desconhecias. Alvoroça-se o silêncio. Melodia de asas entre as folhas vivas. Escondido na tela, assusta-te um pássaro, um pássaro impossível, negado para o voo, um desejo ilusório enredado entre os ramos, emaranhado na paisagem; um pássaro apanhado ao que lhe nega o poder de ascender, o de ausentar-se. 

Tradução: Luis Leal




Alizabith.tumblr








quarta-feira, dezembro 17, 2014

Alba (Ezra Pound)

As cool as the pale wet leaves
of lily-of-the-valley
She lay beside me in the dawn.

“Fria como as pálidas folhas molhadas
dos lírios do vale
Ela dorme a meu lado na madrugada”.

quinta-feira, dezembro 11, 2014

sublinhado

aprende-se a sublinhar, a anotar, a apontar num livro, porque já se viu alguma vez uma palavra, verbo, frase acariciada pela tolerância do lápis ou sentenciada pela ponta ajuizada duma esferográfica.

de ciências (ou meio físico talvez) da 3º classe, herdado de irmão de segunda mão. estava no armário da gaveta de quinquilharias úteis do meu avô joão. esse e um livro para traçar letras, analfabetizadas pelas circunstâncias, que não se sabem ler mas esperançadas de ser a chave de uma porta qualquer ou ferramentas para operar longe do mundo operário. estes eram os únicos livros que a casa dos meus avós possuía.

eram escassas as letras no pátio do carvalho nº5 e o carteiro, à exceção da contas com números para pagar, também não nos letrava. a vida levava-se com a razão do pão nosso de cada dia, de estantes vazias, limpas de pó, cheias de afectos visíveis e invisíveis, com cúmplices passos xadrez, de chão branco e castanho, numa cozinha de bancos duros e conversa suave.

o cheiro frio matinal livre do peso dos cobertores que pesavam em temperatura mas que me guardavam os sonhos de menino. o couro cabeludo fresco no áspero verão de sabão azul com o aroma do banho de mangueira, o final de tarde duma infância loira penteada com a mão firme em doçura de helena, que deixara tróia para ser minha avó e leal como todos nós.

com meu avô páris e sua helena, o azul dos meus olhos mergulhou pela primeira vez no atlântico. os meus progenitores estavam ocupados a construir um reino que afinal se vendeu antes de afundar-se.

nas margens em branco das páginas do livro de ciências (ou meio físico talvez), amarelecidas pelas passagens das estações com paragens pontuais de poucos dedos, estava um itálico pueril de “importante”. provável apontamento futurista de tio para sobrinho. um de vários para rios de portugal, linhas de norte a sul da cp e a constituição de uma planta que só fazia a fotossíntese para louvar  deus e, eventualmente, se salazar deixasse.

esse livro morreu nas minhas mãos. matei-lhe a genealogia na minha idade média adolescente. abriu-me as portas do renascimento mas ainda bem que não me viu piegas como os românticos. ficou no coração, ajudou a cabeça a ser humana e ajudou a pagar a alimentação do estômago para que chegasse à modernidade tão desassossegada por um passado com tão poucas letras…

mas tão, tão sublinhado.

XI/MMXIV

quarta-feira, dezembro 10, 2014

sexta-feira, dezembro 05, 2014

“Convívio” de Nuno Júdice.

Folhas soltas de final de outono. Avizinha-se o inverno.

Universalizar o cante (Janita Salomé)

“ «Embriagai-vos! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha. Mas embriagai-vos!» Será que o cante alentejano inspirou Charles Baudelaire neste fervor poético? Se não vejamos (ou bebamos) o vinho vivo da amizade, solidariedade, comunhão de vozes e espíritos ou a poesia e virtuosismo do cante, condimentos essenciais presentes na majestade, solenidade e densidades geradas quando as vozes e o seu soar e sentir mais profundo se abraçam.”
Janita Salomé

quinta-feira, dezembro 04, 2014

“Palavrões” de Paulo Condessa

Leitura, quase instantânea, de “Palavrões” de Paulo Condessa. E não é que é a p*** da vida…

O outono de uma infância em ruínas

O outono de uma infância em ruínas
Não alberga espontaneamente gargalhadas de criança.
Espera o pôr-do-sol que se derruba em silêncio…