Hoje li um poema cujo elemento principal eram as mãos. Algo ingénuo, como até gosto de ver em quem nem dezoito anos tem. Li e reli o poema e fiquei com a sua imagem na cabeça durante alguns momentos do dia.
Quem nasce com um coto, ou a vida lhe amputa semelhante membro, faz da ausência o seu agarre. Imagino que assim seja pelas palavras lidas nesta jovem poetisa, com um aperto bem mais forte que o meu, mesmo com os antebraços rijos por ter levantado mais livros.
Ela não conhecerá artroses, nem terá as mãos destroçadas por amor ao outro, como Dürer. O vazio nas suas mãos não é metafórico é puro realismo.
Mesmo sem lhe ver as mãos existe tanta poesia nelas, ao ponto de prometer aqui, nestas palavras feitas diário, que não permitiria a amputação do seu lápis ou a preguiça duma ponta romba. Deixaria eu de escrever e dela seria suas mãos.
(Expresso aqui a minha vontade de traduzir o poema, mas, uma vez que este apontamento é potencialmente público, e por respeito à jovem poetisa, fá-lo-ei quando o tempo não precisar de acertos, nem de mãos...)
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