Não gosto e exerço o meu direito a não
assistir a este fenómeno talvez erroneamente confundido com tradição. Tampouco
disserto sobre sofrimento humano ou animal. Adjectivar o sofrimento não me
ajuda a acabar com ele, porém não discuto o quanto ajuda a entendê-lo. Custa-me
sim ver como o que é complexo se tende a tratar com simplismo, para não dizer
absolutismo de mundivisão.
Não me imagino, nem quero, impor morais
nem costumes. Qualquer um que reflita bem sobre tal imposição, quiçá chegue a notar o peso da
mesma às suas costas. Dispenso carga extra à que tenho que levar.
Esta é a nota de um aficionado em
respeitar o que pensa o vizinho, o pai, o primo ou o desconhecido, mesmo quando
os seus argumentos não o convencem de nada, à excepção, de que estão verdadeiramente convencidos.
Não admitir a opinião do outro leva ao
conflito, à imposição de mais baixas e sofrimento (aqui vou adjectivá-lo de
desnecessário), por vezes até fratricida.
Resta-me unicamente a serenidade duma liberdade de pensamento enunciada na primeira frase deste diário. Não gosto e exerço o meu
direito a não assistir. Com o passar dos anos, tenho visto muitos espectáculos
e modas extintos por falta de público e não por imposição legislativa. Algo me diz que, com as touradas, acabará por acontecer o mesmo...
Foto do jornal "Público" |
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