quinta-feira, abril 27, 2023

27/IV/2023

Guerra na Ucrânia, corrupção e má gestão na admistração pública, o sistema de saúde espanhol (e português) a colapsar, armas a circularem na Europa, um Abril a mais de 35°C, tudo isto esteve na ordem do dia na minha rotina de gajo a fazer pela vida... Mas chegou a noite e fui despedir-me à cama dos meus filhos. O mais velho, do topo do beliche, pôs-me o auricular do seu MP3 e disse-me "espera aí e ouve lá papá o que descarreguei". A qualidade não era a melhor, contudo os versos ecoaram para além dos phones baratos e chegaram onde tinham de chegar, ao meu reduto de esperança. "Grândola Vila Morena/Terra da Fraternidade/O Povo é Quem Mais Ordena/Dentro de ti ó Cidade ". A luz do quarto já estava apagada, alguma luz ainda chegava do candeeiro da sala e eu cantei baixinho uns versos com o auricular no meu ouvido esquerdo enquanto a emoção me escorreu pelo canto dos olhos. Não sei se ele viu. Creio que não. Acariciei-lhe o rosto em mudança com o verso "Em cada rosto igualdade" e apenas lhe disse "tens de dizer aos teus avós". 
Eles merecem. Talvez eu também.

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