TESEU, AO TELEFONE
Labirinto de néon e de vento,
noite por estas ruas, sob a chuva...
Na cabina telefónica procuro,
entre milhares de fios, um somente.
Com seu corpo de touro, a tempestade,
com seu rosto de gente, a tentação,
já nas esquinas lóbregas travaram,
comigo, corpo-a-corpo, tal combate
que somente encontrando aquele fio,
o da voz de Ariana, poderei
reconduzir-me inteiro ao meu destino.
E através deste círculo de números
vou tentando o acesso ao parapeito
- que daqui se não vê, porque está escuro.
David Mourão-Ferreira
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