quarta-feira, julho 31, 2024

El silencio...

El silencio, para mantenerse fiel a si mismo, sabe que solo puede expresarse por escrito. 

O silêncio, para se manter fiel a si mesmo, sabe que só se pode expressar por escrito.

domingo, julho 28, 2024

João Francisco Vilhena e Rui Knopfli

 


Para acompanhar esta fotografia das mãos do poeta Rui Knopfli tirada por João Francisco Vilhena, um poema de Knopfli, do seu livro O País dos Outros (1959)



NATURALIDADE

Europeu, me dizem.
Eivam-me de literatura e doutrina
européias
e europeu me chamam.

Não sei se o que escrevo tem raiz a raiz de algum
pensamento europeu.
É provável ... Não. É certo,
mas africano sou.
Pulsa-me o coração ao ritmo dolente
desta luz e deste quebranto.
Trago no sangue uma amplidão
de coordenadas geográficas e mar Índico.
Rosas não me dizem nada,
caso-me mais à agrura das micaias
e ao silêncio longo e roxo das tardes
com gritos de aves estranhas.
Chamais-me europeu? Pronto, calo-me.
Mas dentro de mim há savanas de aridez
e planuras sem fim
com longos rios langues e sinuosos, uma fita de fumo vertical,
um negro e uma viola estalando.



sábado, julho 20, 2024

Una dosis de angustia...

20/VII/2024: Últimamente, siempre que me dirijo al quiosco, tanto al que resiste físico como al que está instalado en nuestros dispositivos, asumo mi dependencia y me acuerdo de las palabras de Alejandro Jodorowsky: "Cada mañana, como un drogadicto, me inyecto una dosis de angustia: leo el periódico.". 
Ultimamente, sempre que me dirijo ao quiosque, tanto ao que resiste físico como ao que está instalado nos nossos dispositivos, assumo a minha dependência e lembro-me das palavras de Alejandro Jodorowsky: "Cada manhã, como um drogado, injecto uma dose de angústia: leio o jornal".

quinta-feira, julho 18, 2024

domingo, julho 14, 2024

Foden

Estou a ver a final do Europeu na televisão espanhola e pergunto-me como estarão os comentadores portugueses a lidar com o relato futebolístico, principalmente quando o jogador inglês Phil Foden está com a bola... Nem quero imaginar se marca golo, será que se preocuparão com a pronúncia inglesa? (Não é para me gabar, mas eu entendo muito de futebol.)
P.S. Espanha é campeã da Europa e, com um alegre sorriso, mostrou a uns quantos que este país é plurinacional e multiétnico, isto é, bem mais rico do que se apregoa.
Estoy viendo la final de la Eurocopa en televisión española y me pregunto como estarán los comentaristas portugueses lidiando con el relato futbolístico, principalmente cuando el jugador inglés Phil Foden toca el balón, ¿se preocuparán con la pronunciación inglesa? Ni quiero imaginar si marca gol... (No es para presumir, pero yo entiendo muchísimo de fútbol.)
P.D. España es campeona de Europa y, con una alegre sonrisa, ha enseñado a unos cuantos que es un país plurinacional y multiétnico, es decir, bastante más rico que lo que algunos dicen.

sexta-feira, julho 12, 2024

Un aforismo de Ramón Eder

 

De lo que se trata es de conseguir, como sea, aquel estado de beatitud que nos proporcionaba en la infancia la mezcla de la lectura de un libro de aventuras y la merienda.

Ramón Eder


Aire de comedia (2015)



quarta-feira, julho 10, 2024

Reticente...

Sempre foi reticente a usar as reticências. Dizem “isso não é coisa para a lírica, não é pontuação de poeta.”. Ponto final parágrafo. 

Deixou de hesitar, mudou de parágrafo e assumiu não se completar com o que se diz e apenas pontuar-se com a correção de uma gramática devida, de honestidade e de liberdade... essa mesma que, de maneira voluntária, omite o que quer e suspende o texto quando quiser. Aqui sim é ponto final. 

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Siempre fue reticente a usar los puntos suspensivos. Dicen “eso no es cosa para la lírica, no es puntuación de poeta”. Punto y aparte. 

Dejó de hesitar, cambió de párrafo y asumió no completarse con lo que se dice y solo puntuarse con la corrección de una gramática debida, de honestidad y de libertad... esa misma que, de manera voluntaria, omite lo que quiere y suspende el texto cuando quiere. Aquí sí es punto final.


terça-feira, julho 09, 2024

España en la final de la Europa...

9/VII/2024: No soy un gran fan del balompié, pero reconozco que hay una gran diferencia entre el fútbol de mi infancia y la de mis hijos. En mis verdes años ya era una alegría que nuestras selecciones (en mi caso la de Portugal) estuviesen en una fase final de la Eurocopa y si representasen bien el fútbol del país era fantástico. La mentalidad deportiva de la Península Ibérica cambió y las nuevas generaciones ya no lo ven así, ya se asumen como potenciales campeones. Ha sido una noche memorable, principalmente para X. que tiene una sonrisa infantil muy afín a la de Nico Williams y a la de Lamine Yamal.
Não sou um grande fã de futebol, mas reconheço que há uma grande diferença entre o futebol da minha infância e o dos meus filhos. Nos meus verdes anos já era uma alegria que as nossas seleções (no meu caso a de Portugal) estivessem numa fase final do Campeonato Europeu e, se representassem bem o futebol do país, era fantástico. A mentalidade desportiva da Península Ibérica mudou e as novas gerações já não o veem assim, já se assumem como potenciais campeões. Foi uma noite memorável, principalmente para o X., que tem um sorriso infantil muito semelhante ao do Nico Williams e ao do Lamine Yamal.


9/VII/2024: Uma pessoa de uma etnia específica, um 127 e um palhaço

9/VII/2024: Sei que à minha mãe uma vez leram a sina. Foi uma pessoa de uma etnia específica (eis um exemplo diarístico de autocensura, pois tenho medo de escrever cigana e que me chamem nomes feios...) e até previu o meu futuro, vaticinando que ia ser médico e ter meninas. Acertou como atesta a minha biografia.
No caso da minha irmã não me lembro se se atreveu a adivinhar o seu futuro, mas, apesar desta foto, não enveredou pela profissão de ler as linhas das mãos, nem andar em modo circense de terra em terra com o palhaço do irmão. Porém, também teve um 127 e, como esse mítico chaço, ainda aí anda para as curvas há 48 anos. Hoje é o seu aniversário e, mesmo que o veículo esteja enferrujado, com as juntas desgastadas, os estofos batidos e a arderem no Verão, mas a funcionar como um relógio suíço, não há gesto mais profundo de amor fraternal que nos ascendam ao panteão dos todo-o-terreno dos pobres, que nos queiram como esse carro favorito, esse mesmo sem o qual não poderíamos ser quem somos...