sábado, setembro 20, 2025

domingo, setembro 14, 2025

Me cruzo con un viejo subrayado...

14/IX/2025: Me cruzo con un viejo subrayado del "Tao Te Ching" de Lao-Tsé. Entonces era otro el orden mundial, pero me acuerdo bien de por qué lo hice. Hoy lo subrayaría por otros motivos:
"Atento como quien cruza un río cubierto de hielo.
Alerta como un guerrero en territorio enemigo.
Cortés como un anfitrión.
Fluido como el hielo derretido.
Moldeable como un bloque de madera.
Receptivo como un valle.
Claro como un vaso de agua."

14/IX/2025: Cruzo-me com um velho sublinhado do "Tao Te Ching" de Lao-Tsé. Então era outra a ordem mundial, mas lembro-me bem do porquê de o ter feito. Hoje sublinhá-lo-ia por outros motivos:
"Atento como quem atravessa um rio coberto de gelo.
Alerta como um guerreiro em território inimigo.
Cortês como um anfitrião.
Fluido como o gelo derretido.
Maleável como um bloco de madeira.
Receptivo como um vale.
Claro como um copo de água."

sábado, setembro 13, 2025

Por entre los guijarros ... Por entre os seixos...

Por entre os seixos 
distantes do rio, 
um sapo perdido encontra-se.

Por entre los guijarros 
distantes del río,
un sapo perdido se encuentra.

terça-feira, setembro 09, 2025

"O Zen e Andar de Bicicleta" - Crónica de Luis Leal in “Mais Alentejo”, nº 169, p. 102

"O Zen e Andar de Bicicleta" por Luis Leal

Sempre que me dirijo ao quiosque, tanto ao que resiste físico como ao que está instalado nos nossos dispositivos, lembro-me das palavras de Alejandro Jodorowsky e assumo a minha dependência: “Cada manhã, como um drogado, injecto uma dose de angústia: leio o jornal”. Necessitar física e/ou psicologicamente de determinada substância, objeto ou atividade não é o mais propício à verdadeira criatividade, ou, no meu caso, a um olhar minimamente desintoxicado. Portanto, desde há uns anos que abdiquei de informar-me através da televisão, fazendo-o apenas pela rádio e por algumas publicações tidas como de referência. Esta terapia opcional tem-me ajudado, sinto-me mais sóbrio e não tenho tido fortes recaídas. Este vício, agravado pela minha profissão e pela minha condição de progenitor, tende a levar-me a uma introspecção fronteiriça com a depressão, o que faz com que se olhem de soslaio com demasiada frequência. Admitir este facto ajuda-me e também é um dos motivos pelos quais sempre que me agarro à caneta tendo a pensar em temas sociais, políticos e até de economia! O caríssimo leitor sabe que, às vezes, caio na esparrela e, ao ler quem sabe, penso: “para que é que te pões a escrever sobre estes assuntos?”. Hoje espero não cometer esse erro e ser fiel à rubrica que o António Sancho me confia e versa sobre “Trabalhos&Paixões”. 

A significativa falta de atenção do mundo contemporâneo (agudizada pelas armas de destruição massiva que trazemos nos bolsos, os nossos smartphones, e com um mercado emergente da concentração, mas esse não é o tema) há muito fez interessar-me por filosofias como o Zen, ou seja, essa perspectiva nada religiosa da existência com um foco particular no cultivo da atenção, na vacuidade, no não fazer propositado, na higiene de pensamento, na plena presença e na sua consequente correlação de tudo o enunciado com uma maior compaixão, a qual nos leva indefectivelmente a uma sensação de paz e bem-estar. Não sou nenhum guru, muitíssimo menos iluminado, mas a verdade é que esta filosofia oriental, celebrizada através da cultura japonesa, já me pôs no meu sítio ao recordar-me um simples mantra “quando comes, comes, quando dormes, dormes” (ao qual juntei  “quando escreves, escreves”). 

    Contudo o Zen chegou quando já tinha, sem saber, uma velha filosofia de infância, o simples andar de bicicleta. Comecei relativamente cedo, numa velha Órbita, e a bicicleta mostrou-me ser o meio de transporte mais propício para a receptividade dos nossos sentidos. Se pensarmos bem, o que melhor se adapta ao “aqui” e ao “agora” são os cinco sentidos. O vento na cara, o frio nas mãos, o calor nas costas, por vezes transformado em suor, ou o sol e a sombra só possível de contemplar no Alentejo. Todo o contrário da nossa mente, entidade fundamental para a identidade, mas que teima a vaguear pelo passado e pelo futuro, arrasando a experiência do momento, esse “Carpe Diem”, derivado da visão, da audição, do olfacto, do tacto e do paladar.

    Em tempos olhei para a bicicleta desde uma perspectiva desportiva, cheguei a comprar calções de licra almofadados para a austeridade do selim e “camelbacks” para a hidratação, mas não sou pessoa de performances, vi que a roupa ajustada mostra-me ainda mais ridículo do que sou, e, naturalmente, agarrei-me a este belo velocípede sem esperar outra coisa que a mera circunstância de pôr-me em movimento contrariando algumas imposições sociais, tendências sedentárias, ou apenas ir a um determinado lugar de maneira económica, convertendo o seu uso numa forma de prática introspectiva. Há quem diga que isso é Zen puro e eu acredito. Portanto, tal como o ciclismo centrado no acto de pedalar apenas para manter o equilíbrio, o Zen não é um método, nem um dogma e, repito, não é uma religião. É um modo de encarar a vida, é uma experiência sensorial difícil de verbalizar, permitindo estabelecer um maior contacto connosco próprios e recuperar alguma da atenção perdida pelo caminho. Não elimina temores, ansiedades, reacções, hábitos, enfim, não é a panaceia, tem sim a capacidade de nos mostrar como tantas coisas alheias a nós próprios obstruem a nossa essência, tudo isto com um modesto recordatório: “Quando andas de bicicleta, andas de bicicleta”.  

Luis Leal, "Zen Fixie Guadiana I"


Luis Leal, "Zen Fixie Guadiana II"






"O Zen e Andar de Bicicleta" - Crónica de Luis Leal in “Mais Alentejo”, nº 169, p. 102

Esta crónica/ensaio está dedicada ao caríssimo Manuel Simões (“Gassho”).
Tal como o Zen, andar de bicicleta não é um método nem um dogma. É discutível, mas acredito que seja uma filosofia que remete para a atenção e para a presença, pois “quando andas de bicicleta, andas de bicicleta”. (E, se a mente fugir, o primeiro desequilíbrio - ou a primeira queda - trata de a trazer de volta.) Muito em breve, partilhá-la-ei em espanhol.

Esta crónica/ensayo está dedicada al estimado Manuel Simões (“Gassho”).
Al igual que el Zen, montar en bicicleta no es un método ni un dogma. Es discutible, pero creo que es una filosofía que remite a la atención y a la presencia, pues “cuando montas en bicicleta, montas en bicicleta”. (Y, si la mente se escapa, el primer desequilibrio - o la primera caída - se encarga de traerla de vuelta). Muy pronto la compartiré en español.


 

quinta-feira, setembro 04, 2025

Setembro amanhece...

Setembro amanhece. 
O gato lava-se devagar, tendo o horizonte como companhia. 
Indiferente ao tempo, permanece no instante.