sexta-feira, março 30, 2007

A ditadura segundo Agostinho da Silva


Estou a ler um fantástico livro do Fernando Dacosta, "Máscaras de Salazar", agora que está tanto na voga o "nosso" antigo ditador!
Gostaria de partilhar a genial definição que o nosso filósofo, o nosso Jean Paul Sartre português, Agostinho da Silva se pronunciou sobre a ditadura: "Portugal partiu uma perna. Ele foi o gesso. Fez comichão, irritou, deformou. Quando a fractura ficou curada, o emplastro caiu e o País recomeçou a andar".
Fim de citação. Não acham maravilhoso?

4 comentários:

Puntos de vista y ... nada más disse...

Conheci Fernando Dacosta no Ágora 2005. Falou de esterótipos entre espanhóis e portugueses. Na Crónica de Ágora 2005, escrita por J.R. Alonso de la Torre há um breve resumo das suas palavras.


Aberto o curso, o escritor Fernando Dacosta profere a primeira conferência.
O optimismo transborda no seu estilo, na intensidade da sua expressão,
nos conteúdos da sua dissertação. Começa irónico, escolhendo anedotas que
rompem esquemas.“O presidente de El Corte Inglés em Portugal é também
o responsável pela fundação Batalha de Aljubarrota”, comenta com regozijo.
Passa depois em revista outras anedotas de simbologia escondida:“Os grandes
empresários portugueses vendem as suas indústrias a grandes empresários
espanhóis. Por estes dias, a grande notícia na imprensa portuguesa é que o
grupo espanhol que edita El País quer comprar a TVI, a cadeia de televisão
portuguesa privada mais lucrativa.Na avenida lisboeta mais central, a Avenida
da Liberdade, os melhores locais comerciais pertencem a franquícias e a marcas
espanholas”. Refere-se depois ao conceito de Ibéria para lembrar a história:“
Os grandes momentos da península tiveram lugar quando os dois países
trabalharam juntos. Os dois países com as suas línguas formariam uma das
maiores comunidades linguísticas do mundo, com 645 milhões de falantes”.
Desenha o seu sonho de uma futura comunidade ibero-afro-americana.
Fernando Dacosta recorda a escritora portuguesa Natália Correia quando
esta afirmou que todos somos hispanos. Repete a frase textual de
Menéndez Pelayo:“Não há história de Espanha sem Portugal”. Ou os olhares
literários cruzados de Ramiro de Maetzu:“Sem Os Lusíadas não se pode
entender o livro de Cervantes e sem O Quixote não se pode entender Os
Lusíadas”.A sua conferência continua a aprofundar um optimismo vital que
o leva a fixar-se primordialmente nas simbioses literárias hispano-lusas, que
também julga entrever nas obras de Unamuno e Castelo Branco.

Ricardo Barbosa Paredes disse...

Fantástico comentário!!

Anónimo disse...

Não posso estar mais de acordo. É esta partilha de pontos de vista que me faz continuar a publicar neste espaço...
Já agora, um grande amigo meu, um matemático também, de nome Rui Feiteira, teve o prazer de bater contra o carro deste autor estupendo que é o Fernando Dacosta... ironias...
Já que vai bater no carro de alguém, bate em gente que valha a pena conhecer...

Anónimo disse...

"e o País recomeçou a andar".

Aos tropeções e a gatinhar (coitado do País, melhor dizendo pobre País, pobre Povo.