sábado, novembro 13, 2010

Prefiro o analfabetismo honesto ao alfabetismo retórico e corrupto...


Há coisas que me ofendem, me indignam e me deixam com uma tremenda vontade de recorrer à violência física, no entanto a vida tem-me ensinado que os punhos resolvem poucos problemas, mas às vezes repõem uma justiça um tanto ou quanto poética...
Através da televisão apercebi-me de uma "palhaçada" na política brasileira ainda maior que a candidatura de Tiririca. Trata-se do facto de, de acordo com o que vi na reportagem, qualquer cidadão não alfabetizado não pode concorrer aos cargos políticos e públicos de deputados federais.
Haverá maior descriminação que esta? Já não falamos de credos ou raças, sim de oportunidades de aceder à alfabetização básica? Indigna-me mesmo apenas partilhando o português com o povo brasileiro. Sou professor do ensino público oficial, acredito no igual acesso à formação e sou neto de analfabetos, cuja formação humana está ao nível da cátedra comparando com alguns "nobres" legisladores e políticos. O que pensaria Paulo Freire sobre este assunto? A sua luta por levar as letras indiscriminadamente, abrindo as portas a quem por nascimento sempre as teve fechadas a sete chaves e, ainda, soldadas por aqueles a quem não interessa que as palavras libertem o pensamento!
Não sei se se recordam do discurso de José Saramago, aquando da atribuição do Nobel, em Estocolmo? Leiam as "Pequenas Memórias" e sintam o apreço que um homem como Saramago tinha pelo seu avô analfabeto...
Não há nada mais humilhante para quem não sabe ler que terem que "assinar" com um dedo, apontado por quem lhe recusou ensinar, mergulhado numa almofada dum carimbo...
Confesso, hoje é um desses dias, estava capaz de dar um par de hóstias a um desses senhores que "cagam de alto" só porque julgam que terem estudado, ou comprado diplomas, lhes confere o direito exclusivo a representarem o que quer que seja!!!

1 comentário:

Pedro L. Cuadrado disse...

Increible y alucinante.