Estou indignado. Repito-o a mim mesmo, indignado. Devo está-lo, pois só assim poderei assimilar este sentimento e abandoná-lo no momento certo.
Há um ano atrás, cumpri com as minhas obrigações laborais e intervim num concurso público para a carreira docente. No decorrer do processo, um candidato foi apanhado a copiar de cábula na mão. O mesmo foi convidado a sair do local do exame e apreendido o auxiliar de memória (hoje a marinar nos arquivos a administração pública). A situação foi tão surreal como escabrosamente pública, com quase duas dezenas de testemunhas. Redigiram-se actas da incidência, foram informadas as autoridades de inspeção competentes e, por uma questão de justiça, pensou-se que o candidato iria ter a correspondente sanção administrativa.
Passado um ano desta desagradável (e embaraçosa) situação, sou confrontado com a inclusão de tal pessoa nas listas de contratação, ocupando um lugar como contratado no sistema público de ensino.
O desprestigio não foi unicamente para os trabalhadores que cumpriam com as suas funções de supervisão e selecção. É-o para todos aqueles que se apresentaram ao concurso honestamente, mas, principalmente, para o organismo da comunidade autónoma que tutela o ensino público e privado.
Para além de indignação, devo dizer que tenho vergonha... pois sinto que a mediocridade da situação nos mete a todos no mesmo saco, escapando-se unicamente a consciência de que a tem tranquila. Este "profissional" uma coisa saberá transmitir ao alunos: copiar compensa.
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