«Uno, dos, tres... pollito inglés» é a frase que mais tenho ouvido nesta tarde relaxada em que não há trabalhos de casa nem teste no horizonte.
Andam por aqui a brincar e a jogarem ao «pollito inglés». Eu apenas observo, em silêncio adulto a ocultar morriña de infância, e penso mais uma vez em como foi possível que este patego, dum bairro operário eborense, criasse prol noutra língua. Sei que tenho pensamentos tão parvos, mas não os renego e aceito-os.
O «pintainho inglês» até existiu durante os Verões algavios em companhia do meu tio Leopoldo e da minha tia Dolores. Ser loiro e ter olhos azuis ajudava à nacionalidade emprestada entre os turistas da grande Albion.
«Tudo foi por onde tinha que ir» são palavras que tantas vezes ouvi. Têm razão, um gajo tem de ir por onde tem de ir. O tempo foi passando e eu não sei muito bem porque é que tem vindo por aqui.
Eles sabem. Os meus filhos sabem. Sabem porque brincam e usam as nacionalidades como meros adjectivos de galinácios. É para isso que servem e vão para a cama sem saberem porque é que o «pollito inglés» foi um pinto diferente no passado do seu progenitor. Não sei se os invejo por isso ou por simplesmente eu já não ser criança ao seu lado e ter de envergar este traje de progenitor.
Sei que os vou chamar para ao pé de mim e os vou abraçar como o primata que sou. Vou beijá-los tanto como o pai babado que sou mas que não gosta demasiado de falar deles aos outros. Vou contar-lhes que quando era puto brincava ao mesmo, mas que íamos mais longe, mais para Oriente, e que o nosso pintainho era substituído por um macaquinho e... «Um, dois, três, macaquinho do chinês!».
terça-feira, setembro 10, 2019
«Uno, dos, tres...»
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