Algumas estavam tatuadas pelos ladrilhos da rua, outras já estavam marcadas pela tempo e à espera de se jubilarem e, muitas delas, estavam ali há muito pouco tempo e nem deveriam ter a escolaridade obrigatória. Todos os homens, de diferentes sensibilidades, não ficam indiferentes a tal montra de carne, confesso que algumas poderiam satisfazer a minha luxúria... mas nada mais (notem o pensamento reptiliano a sobrepôr a nossa herança genética mamífera!).
Estava eu na fila quando entram duas, cuja origem creio ser sul-americana, e me pediram para lhe guardar lugar pois tinham de ir lá fora, provavelmente dar conta da clientela. E penso eu: "estas pu..., vem-me aqui chatear, põem-se à minha frente, cara..., e ainda têm o descaramento de me pedir para lhe guardar o lugar. Fod..." Assim estive uns 10 minutos, uma vez que o restaurante estava à pinha. Chegou a sua vez e elas não estavam, óbvio que fui eu atendido, trouxe o meu farnel imperialista e juntei-me à minha mãe naquele manjar de presidentes de multinacionais capitalistas e gordurosas (mas a fome era tanta...).
Ao sair, olhei em volta, mas nada das minhas amigas. Respirei de alívio e continuei o meu destino...
Hoje, concluo que este episódio, tonto e sem importância aparente, comprova que continuo provinciano (no mau sentido) e preconceituoso. Não pensei nos motivos que estão por detrás de vidas de este tipo, julguei-as perante os meus valores e esqueci-me que sou o que sou pelas oportunidades que tive...
Nada é simplista e determinar origens e fins de mal-estar social é uma anedota que cada vez tem menos graça e que se torna mais seca neste mundo consumista...
1 comentário:
Tens um prémio como Blogue que me faz pensar
Agora tens de nomear cinco blogues para o Thinking blogger award
Um abraço
http://javierfigueiredo.blogspot.com/
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