Estou sentado no chão da varanda da casa que alugámos para passar fim-de-semana. Dá para uma estrada nacional que percorri centenas de vezes há menos de dez anos, sem a minha imaginação sequer conceber que um dia, um qualquer fim-de-semana duma era que me nego a pronunciar, eu estaria sentado no chão de uma varanda à sombra duma árvore e duma pérgola a necessitar um tratamento na madeira.
Estou aqui, sem imaginação e a ouvir as pessoas, de novo, a confraternizarem na esplanada.
Aqui, a natureza vive a meias com a pequena zona industrial do «pueblo». Os pássaros cantam nos ramos enquanto a rebarbadora corta o metal, o carro muda óleo e filtros e as crianças andam de bicicleta. Gosto de estar aqui e, apesar da pérgola estar a necessitar de bondex, os nós das travessas são agradáveis ao toque e agradecidos à vista.
Amanhã é dia de voltar para casa. Voltarei a contemplar a estrada que fez de mim quem sou? Não sei.
Apenas sei que quando comecei a escrever esta nota era outra pergunta que me afligia:
Serei capaz de viver à margem da actualidade?
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