A VELHA
A Velha tinha uma saia
de remendos de vida remendada
e um lenço branco de cabelos brancos
na cabeça cansada.
A Velha tinha uma cara
de fomes e de penas amassada,
e um corpo todo aos nós de árvore seca,
de planta mal regada.
A Velha tinha um olhar
de estrela morta, de luz apagada,
e duas mãos de terra por lavrar,
de cortiça queimada.
A Velha tinha uma voz
de fio de água, de fonte calada,
e uma boca sem dentes e sem lábios,
de estátua mutilada.
A Velha tinha uma alma
de farrapos de vida alinhavada.
A Velha tinha uma alma
e não tinha mais nada.
Fernanda de Castro
A Velha tinha uma saia
de remendos de vida remendada
e um lenço branco de cabelos brancos
na cabeça cansada.
A Velha tinha uma cara
de fomes e de penas amassada,
e um corpo todo aos nós de árvore seca,
de planta mal regada.
A Velha tinha um olhar
de estrela morta, de luz apagada,
e duas mãos de terra por lavrar,
de cortiça queimada.
A Velha tinha uma voz
de fio de água, de fonte calada,
e uma boca sem dentes e sem lábios,
de estátua mutilada.
A Velha tinha uma alma
de farrapos de vida alinhavada.
A Velha tinha uma alma
e não tinha mais nada.
Fernanda de Castro
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