terça-feira, dezembro 08, 2020

Um cabide na cabeça...

Não acredito em superioridades geracionais, como a que se discutia o outro dia no meu trabalho. Quem defendia que a sua geração é mais inteligente que a actual talvez estivesse a ocultar alguma insegurança ou, até mesmo, algum sentimento de inferioridade, havia que entrar na psicoanálise. Eu estava a ouvir, cada vez falo menos nestes âmbitos e, se intervim, foi por alguma coisa insignificante ou para tentar dizer alguma piada.
Porém, confesso que o riso hoje não ecoou para além da minha estupefacção, ficou pela boca aberta e quis desaparecer, não por vergonha alheia, mas sim por sentir que não anda por aqui a fazer nada, que talvez já seja inútil tentar separar o trigo do joio, tentar discernir qualidade por entre tanta mediocridade (até já pareço a minha colega da superioridade geracional!). A verdade é que possivelmente não tenho competências dignas desta era e nem sei o que é que ando para aqui a fazer...
E não é que a tendência do momento, o "trending topic" viral das redes no apogeu Covid-19, é um meu semelhante gravar-se com um cabide (sim, esse objecto para pendurar roupa que temos no armário!) na cabeça! Isto é, uma cruzeta na mona e subir o video às redes movimentando a tola para a esquerda e para a direita, talvez para cima e para baixo...
Agora que acabo de escrever esta nota de diário, já sinto um sorriso a querer esboçar nos cantos arredondados de incredulidade da minha boca e penso que enfrentar os desafios do futuro com um cabide na cabeça até é capaz de caber na cabeça de alguém como eu. Portanto, o melhor sitio para me arrecadar é mesmo no armário, na boa companhia das traças e da naftalina.

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