"Anjinho da guarda,
minha santa companhia,
guardai a minha alma
de noite e de dia."
Quando habita mais do que uma língua em ti, costumas perguntar-te qual é a que usas para rezar. Eu nunca tive dúvidas, mesmo tendo-me ajoelhado em orações que buscavam consolo noutros idiomas. Não o faço para honrar Deus (Ele não precisa de louvores poliglotas), faço-o pela minha mãe, por essa língua que me deu através das suas crenças e que continua a alimentar as minhas imensas dúvidas e as minhas escassas certezas. Ela merece que eu me dirija a algo maior do que o meu próprio pensamento nesse português infantil em que costumava gravar-me em velhas cassetes a dizer:
"Anjinho da guarda,
minha santa companhia,
guardai a minha alma
de noite e de dia."