quarta-feira, outubro 31, 2007

"Fados" de Carlos Saura


Confesso que, como português que sou, tenho uma relação de amor-ódio com aquela que dizem que é a nossa canção nacional. Talvez por, desde sempre, ter entendido o fado como sinónimo de tristeza melancólica, hereditária, castradora e com um eco eterno. Entendia esta canção como um símbolo da nossa mediocridade nacional e não como uma expressão de raízes extremamente variadas e riquíssimas. Devo admitir que isto devia-se a pura e redundante ignorância.
Ao aperceber-me deste universo musical vasto e de influências múltiplas, embrenhei-me em conhecer um pouco mais deste tipo de música e pude descobri que as novas gerações de fadistas apresentam-nos fados totalmente distintos do que estamos habituados. Mariza, para além de embaixadora da língua portuguesa através da "world music", reintroduziu o fado da Mouraria, bastante mais alegre e popular que o fado de outros autores e, como podemos comprovar com a banda sonora do filme de Carlos Saura, o fado também se transfigura em outros estilos e viaja de continente em continente... É um autêntico prazer desfrutar ao som do "fado batido" da Brigada Victor Jara, ou mais tradicional, "Um Homem na Cidade" na voz suave, sem esforço, sem o "esganiço" tipo fadista marialva, do grande Carlos do Carmo... tudo isto através do prisma de um "hermano del otro lado del rio Guadinana".
Enfim, já fiz as pazes com o fado e talvez já consiga sentir um pouco mais este peculiar destino luso (ou quem sabe ibérico?).

1 comentário:

G. Mendes disse...

Meu amigo, o fado é tudo o que tu quiseres. Só pedende ed quem o canta.
Gostos são discutiveis; não gosto da Mariza, mas a Ana Moura é brilhante. Uma voz mais baça, sensual, fantástica.Tenho toda a discogrfia, basta solicitares.
Fico feliz por estares em paz com o fado!