
No dia em que soube que trouxe ao mundo (ainda na barriguinha da sua mamã, a saudar-nos chupando o seu polegarzinho no ecrã da ecografia) um pequeno Santiago, encontrei um filme sobre a tradição jacobeia irónico e cheio de segundas interpretações.
Trata-se da comédia francesa "Saint-Jacques... La Mecque" que se resume ao seguinte enredo:
Com a morte da mãe, três irmãos (uma professora ateia, laica e de esquerda; um homem de negócios, rico e com uma mulher com tendências suicidas; e um desempregado vocacional alcoólico, cujo lema de vida é "beber e foder"), têm conhecimento que apenas poderão herdar a fortuna da sua falecida mãe se fizerem, juntos, o Caminho de Santiago, desde Puy-en-Velay à Praça do Obradoiro.
Poder-se-á adivinhar que o lado ascético está bem longe destas personagens que se odeiam entre si, tal como o acto de caminhar... imaginem só em peregrinação...
A par destes três irmãos, temos um guia, cuja mulher lhe é infiel com o melhor amigo, e outras seis pessoas, entre elas a minha personagem favorita, um jovem francês de origem árabe que acompanha o seu primo (na realidade atrás de uma peregrina por quem se apaixonou) na esperança de chegar a Meca e de, durante o percurso, poder aprender a ler.
Longe de ser um excelente filme, foi uma obra que me tocou "as fibras sensíveis" a par de umas quantas gargalhadas, nomeadamente nessa relação fraternal (tão característica de várias famílias) e na pura inocência de um jovem muçulmano que trilha um caminho dedicado a um "santo filho-da-puta que matava mouros"!
Isto pouco ou nada terá que ver com o meu Santiago, a não ser o facto de, daqui a pouco tempo, também ele ter que trilhar o seu caminho por este mundo.
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