terça-feira, julho 20, 2010

Saint-Jacques... La Mecque

Há coisas curiosas e fruto do acaso, como esta que vos vou contar. Não as racionalizo demasiado, mas não posso deixar de lhe achar alguma graça.
No dia em que soube que trouxe ao mundo (ainda na barriguinha da sua mamã, a saudar-nos chupando o seu polegarzinho no ecrã da ecografia) um pequeno Santiago, encontrei um filme sobre a tradição jacobeia irónico e cheio de segundas interpretações.
Trata-se da comédia francesa "Saint-Jacques... La Mecque" que se resume ao seguinte enredo:
Com a morte da mãe, três irmãos (uma professora ateia, laica e de esquerda; um homem de negócios, rico e com uma mulher com tendências suicidas; e um desempregado vocacional alcoólico, cujo lema de vida é "beber e foder"), têm conhecimento que apenas poderão herdar a fortuna da sua falecida mãe se fizerem, juntos, o Caminho de Santiago, desde Puy-en-Velay à Praça do Obradoiro.
Poder-se-á adivinhar que o lado ascético está bem longe destas personagens que se odeiam entre si, tal como o acto de caminhar... imaginem só em peregrinação...
A par destes três irmãos, temos um guia, cuja mulher lhe é infiel com o melhor amigo, e outras seis pessoas, entre elas a minha personagem favorita, um jovem francês de origem árabe que acompanha o seu primo (na realidade atrás de uma peregrina por quem se apaixonou) na esperança de chegar a Meca e de, durante o percurso, poder aprender a ler.
Longe de ser um excelente filme, foi uma obra que me tocou "as fibras sensíveis" a par de umas quantas gargalhadas, nomeadamente nessa relação fraternal (tão característica de várias famílias) e na pura inocência de um jovem muçulmano que trilha um caminho dedicado a um "santo filho-da-puta que matava mouros"!
Isto pouco ou nada terá que ver com o meu Santiago, a não ser o facto de, daqui a pouco tempo, também ele ter que trilhar o seu caminho por este mundo.

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