Demasiados dias surreais, foi o que disse para desabafar à minha mulher e a um bom amigo que está pela Bulgária nestes dias. Ultimamente é com estes óculos, que não têm um formato duma bicicleta como os do Alexandre O'Neill, com que ando a ver o meu quotidiano.
E o surreal não retira à morte o peso definitivo que esmaga a vida. Dá-lhe uns tons psicadélicos, umas tonicidades flácidas, um carácter onírico que não a deixam ser um pesadelo, mas não tem nada de prazenteiro, nem molhado de orgasmo. O surrealismo dos meus dias é uma merda de responsabilidade e de arte não tem nada. Que arte tem a notícia da morte de uma das melhores, e mais sofridas, pessoas, que já conheceste?
E amanhã há mais. Espero que seja apenas um dia real, cuja minha única responsabilidade seja respirar. Ar e nada mais...
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