Acho que nunca li para um público que tivesse um ministro e um secretário de estado a ouvirem-me. Não, pensando bem, definitivamente não. Para gente ilustre sim, pois são todos aqueles que decidem dedicar-me a sua atenção e obsequiarem-me com o seu tempo.
Os poemas, com mais ou menos nervosismo, lá sairam do livro e foram partilhados. Depois veio a mesa redonda na qual, alguém bastante simpático, decidiu pôr-me. Um representava o usuário diáfano das suas rodas, crítico com o urbanismo, outro uma cátedra de sustentabilidade e energias renováveis, ainda outro, representando a saúde e exercício físico, até que chegávamos à ponta da mesa, antes do moderador, e lá estava eu, um representante lírico das duas rodas. Uma vez mais, lembrei-me das palavras da Elsa: tens de ser mais formal. Como sempre, tive-as em conta, mas, sem abandonar a formalidade atrevimento, não pude deixar de partilhar com o Sr. Ministro do Ambiente de Portugal a existência de um livro chamado "El socialismo solo puede llegar en bici" de recomendável leitura. Ele contestou-me que o socialismo chegou de bicicleta. Confesso não saber bem aonde, mas partilhámos uma gargalhada e demos um bacalhau amistoso, longínquo do frio sueco, ao final da sessão.
Antes de agarrar no carro e voltar para casa, apontei a seguinte divagação no bloco de notas do telemóvel: "o socialismo só pode chegar numa geringonça". Agora, a tornar diário o que foi o meu dia, lembro-me que já não estou em Portugal e que, em Espanha, também poderia haver uma geringonça, mesmo que este território exija um pedalar com mais atenção para não perder o equilibrio...
"pedal(e)ar" no U-Bike (Universidade de Évora) |
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