Nunca gostei de
cábulas. Primeiro, porque nunca as fui capaz de fazer e, segundo, se as fazia,
morria de medo de ser apanhado e da vergonha que isso acarretava. Com exceção
de linguística inglesa, onde levar cábulas se tornou obrigatório pois o James
assim o promovia, abandonei os auxiliares de memória ilegais nas réguas, com a
tabuada ou o teorema de Pitágoras, lá para o quinto ou sexto ano.
Como
adulto, e na minha profissão, vejo que as cábulas, e os cábulas, com alguma
renovação e inovação tecnológica, continuam a existir e a optarem pela via
rápida do acesso à boa nota final, o que me levou a presenciar a uma situação
que apenas posso descrever como surreal.
Uma pessoa
adulta a tentar enganar todo um conjunto de mais adultos e a inquinar um
processo de concurso de altíssima responsabilidade. Foi apanhada, tal como o
coxo que decide espetar petas ao pessoal, de forma rápida, desnecessária e
ridícula. No entanto, como é tão comum nesta atualidade, tentou desculpar-se
pondo a responsabilidade em quem o descobrira, mentindo com todos os dentes que
tinha na boca.
Senti
vergonha de estar ali e assistir a tal situação. A penalização é clara e
pública para uma coisa tão descarada, porém, o Sr. Goebbels, na frieza do seu
carácter genocida, tinha razão: “uma mentira dita mil vezes transforma-se em
verdade”. Algo me diz que pessoas assim continuarão a construir o mundo onde o bom
é aquele que mente e o mau aquele que simplesmente não admite que lhe manipulem
a inteligência ou lhe passem, constantemente, certificados de parvo...
Sem comentários:
Enviar um comentário