Bem antes de existirem os morangos com açúcar, na minha plena juventude haia já uma novela juvenil que cativava a atenção do publico mais jovem nos finais de tarde.
Como todas as ideias do audiovisual português, a sua origem era estrangeira, e sendo uma novela, ou série, juvenil, não poderia falhar - provinha do outro lado do oceano: Brasil!
Assim como os morangos com açucar, esteve em exibição por diversas temporadas, alterando o elenco, as actividade relevantes, as musicas, mas sempre com uma escola e uma "academia" em pano de fundo.
Academia, vulgar gínasio para nós portugueses, que surge no início do "bum" deste tipo de actividades/ empresas por este canto lusitano.
"Mlhação" foi uma novela (ou série) que acompanhei por algumas temporadas, e estou certo que muitos outros jovens da minha idade, pela mesma altura.
Assim como nas novelas juvenis portuguesas a banda sonora é de importância fulcral, e vai alternando de temporada em temporada, na Malhação a situação era idêntica.
Na primeira, ou numa das primeiras temporadas, o genérico era da autoria de um dos grandes vultos da música brasileira, cantar de renome, e proponho hoje que fique por aqui, em modo de recordação.
sábado, março 26, 2011
segunda-feira, março 14, 2011
A 110 km/h
Nas últimas semanas temos assistido a um pouco de tudo por esse mundo fora. Uma Europa “à rasca” (termo tão português em todas as acepções da palavra), um Norte de África em revolução e um Extremo Oriente varrido por um Tsunami…
Todos estes acontecimentos parecem justificar a escalada vertiginosa dos preços dos combustíveis que nos fazem crer que é um dado adquirido para quem vive este presente real, que às vezes assume contornos dignos do bom surrealismo. E foi a esse mesmo argumento, à maneira de dado adquirido, que o governo espanhol de José Luis Rodriguez Zapatero se agarrou para introduzir, desde o dia 7 de Março do corrente mês, o limite máximo de 110 quilómetros nas auto-estradas espanholas.

Falar de dependência energética, quer se queira ou não, é banal e apenas serve para demonstrar que a Europa (e o mundo) pouco aprendeu desde a crise do Petróleo de 1973, apesar do vocabulário das energias alternativas e renováveis já ser uma constante no nosso léxico e respectivos dicionários.
Parece-me que esta medida é meramente um “penso rápido” mediático de tal maneira incongruente que nem vale a pena recorrer aos argumentos de que primeiro se deveria fazer cumprir os limites de 120km/h ou reduzir os actuais 100Km/h das estradas nacionais para, quem sabe, 90km/h.
Nem imagino o número de quilómetros que terá o conjunto de infra-estruturas tipo auto-estrada (com e sem portagens) nas quais ter-se-á que proceder à mudança de sinalização do limite máximo. E tendo em conta que Espanha é quase cinco vezes maior que Portugal provavelmente será um número interessante.
Como serão substituídos os sinais? Por inteiro? Ou de maneira prática, recorrendo a um autocolante? Se for em autocolante, e já que provavelmente também será em regime de “outsourcing”, era interessante ver o trabalho adjudicado à Panini que já tem provas dadas em décadas dedicadas ao cromos!
Joaquin Sabina, um célebre “cantautor” e vulto incontornável da cultura pop espanhola, tem uma música cujo título é “Pisa el Acelerador” e quando penso neste tema musical e neste tema tão actual, imagino o artista ao vivo, em plena actuação, a cantar a canção na negativa “No pises el acelerador” para poupar petróleo! Seria um hino económico-ambientalista dedicado à poupança energética à base de crude!
quinta-feira, março 03, 2011
Faz parte, é o destino... é a vida!
Nesta última semana, temos assistido a uma catadupa de noticias que nos rodeiam e nos fazem pensar (mais uma vez) no país em que vivemos. Além de todas as notícias que rodeiam o governo, a subida (não cartelizada) dos combustiveis, o impacto das politicas de Kadafi, entre outras, assistimos a algo me indignou profundamente, mas que me deixa com a sensação que sou parvo e que as minhas palavras "chovem no molhado" pela repetição de casos caricatos que existem.
Na passada semana, quando a minha esposa voltava a casa teve o infurtunio de atropelar o cão que, coitado perdeu a vida. Danificou também, a frente do carro, traduzindo-se a sua reparação em algumas CENTENAS de euros e na desorientação psicológica da minha esposa, que está grávida.
Simultaneamente, a ordem dos advogados, surge em defesa, e colocando os seus préstimos ao dispor de um recluso, que se negando a limpar a sua cela, foi atingido com uma arma de voltagem eléctrica.
Pois bem, a mim parece-me que algo está profundamente errado no que diz respeito a condenados, criminosos, serviços juridicos e à defesa dos cidadãos.
Sem qualquer culpa, foi atropelado um animal, ser vivo com direito à vida, fruto do discuido de alguém que deveria zelar pela vida do mesmo. Proteger os animais não será com esta pessoa, que não tendo o animal coleira ou "chip" de idenficação, segundo o veterinário (porque o levei pois ainda se encontrava com vida) estava bem tratado.
Conclusão - Um ser perdeu e vida (o cão), a minha esposa apanhou uma enorme carrada de nervos, e umas centenas de euros de prejuizo. O culpado - Ninguém! E se fosse o meu filho a perdar a sua curta existêcia ainda no utero da mãe? De quem era a responsabilidade? do pobre cão?
Ao mesmo tempo os serviços prisionais são acusados de "Militaristas", de não integrarem os reclusos na sociedade e não promovem a aculturização dos reclusos.
Limpar, arrumar e manter o quarto faz parte da rotina de qualquer pessoa, familia - não de um recluso, uma vez que é um atentado aos seus direitos de cama, comida e roupa lavada (e televisão e ginásio e passeios e precárias e visitas conjugais e seringas e o diabo a sete...). Como tal isto não é responsabilizar, formar, educar um ser para o integrar na sociedade, é simplesmente brutalidade!
E vem a ordem dos advogados para defender o recluso que lá está por algum motivo...
Bem, cama, comida e roupa lavada, e defesa à borla.
E eu? e o pobre cão que perdeu a vida? e se algo de mal se passasse com o meu filho?
Será que a ordem me defendia ou diria apenas: Faz parte, é o destino.... é a vida!
Algo de muito errado se passa! (Será apenas na minha cabeça?)
Perdão pelo desabafo, mas é um pouco demais para quem penbsa no futuro de uma vida que coloca neste país (ainda que não tenha direito a qualquer apoio finaceiro ou legal)!
quarta-feira, março 02, 2011
Antero Nocturno
Antero de Quental, se me lembro correctamente, é caracterizado por duas fases, dois Anteros - Apolineo e Nocturno. Este foi um dos pomas que conheci algures pelo meu ensino secundário e que não mais me esqueci. Fica aqui o açoreano nocturno.
ABNEGAÇÃO
Chovam lírios e rosas no teu colo!
Chovam hinos de glória na tua alma!
Hinos de glória adoração e calma,
Meu amor, minha pomba e meu consolo!
Dê-te estrelas o céu, flores o solo,
Cantos e aroma o ar e sombra a palma,
E quando surge a lua e o mar se acalma,
Sonhos sem fim seu praguiçoso rolo!
E nem sequer te lembres de que choro...
E esquece, esquece até que te adoro...
E ao passares por mim sem que me olhes
Possam das minhas lágrimas cruéis,
Nascer sibre teus pés flores fies,
Quie pises diatraida ou sorrindo esfolhes!
ABNEGAÇÃO
Chovam lírios e rosas no teu colo!
Chovam hinos de glória na tua alma!
Hinos de glória adoração e calma,
Meu amor, minha pomba e meu consolo!
Dê-te estrelas o céu, flores o solo,
Cantos e aroma o ar e sombra a palma,
E quando surge a lua e o mar se acalma,
Sonhos sem fim seu praguiçoso rolo!
E nem sequer te lembres de que choro...
E esquece, esquece até que te adoro...
E ao passares por mim sem que me olhes
Possam das minhas lágrimas cruéis,
Nascer sibre teus pés flores fies,
Quie pises diatraida ou sorrindo esfolhes!
sexta-feira, fevereiro 25, 2011
Pequenina - Antero
Depois desse Palácio da Ventura, um Antero mais intimo para estes Senderos...
Pequenina
Eu bem sei que te chamam pequenina
E ténue como o véu solto na dança,
Que és no juizo apenas a criança,
Pouco mais, nos vestidos, que a menina...
Que és o regato de água mansa e fina,
A folhinha do til que se balança,
O peito que em correndo logo cansa,
A fronte que ao sofrer logo se inclina...
Mas, filha, lá nos montes onde andei,
Tanto me enchi de angústia e de receio
Ouvindo do infinito os fundos ecos,
Que não quero imperar nem já ser rei
Senão tendo meus reinos em teu seio
E súbditos, criança, em teus bonecos!
quinta-feira, fevereiro 24, 2011
La dieta Okinawa, ¡el régimen para durar!
Okinawa es una pequeña isla del archipiélago japonés, reputada por la longevidad de sus habitantes. La esperanza de vida es de 82 años, tanto en los hombres como en las mujeres y el número de centenarios es de 54 por cada 100000 habitantes, lo que significa que el 15 por ciento de todos los centenarios del mundo ¡viven es esta isla! Pero lo más importante es que envejecen en plena forma.
Hay que recordar igualmente que el régimen de Okinawa no contiene productos lácteos y para evitar las carencias deberían consumirse productos enriquecidos con calcio.
En cualquier caso, no te pases a la dieta Okinawa de la noche a la mañana; es mejor que introduzcas los cambios poco a poco.
A. Sousa
Puntos clave de la dieta Okinawa
¿Cuál es el secreto de esta longevidad? Según Jean-Paul Curtay, autor de un libro sobre Okinawa, podemos distinguir varios factores que podrían explicar esta salud excepcional:- La cantidad: no es necesario comer hasta llenarse. La gente de Okinawa deja de comer cuando se ha saciado en un 80 por ciento. La idea es no sentirse pesado al levantarse de la mesa.
- Las verduras: éstas representan el 70 por ciento de la alimentación. El resto la compone el pescado. Además, se consume soja en todas las comidas, cinco tipos de verduras por día, arroz, té y especias. En cambio, las frutas son un producto de lujo y apenas se consumen.
- Más pescado que carne: además de aprovechar las virtudes del pescado, esta dieta busca limitar los aportes elevados de hierro, que aumentan el riesgo de oxidación.
- Movimiento: los habitantes de Okinawa caminan mucho y trabajan hasta que son muy mayores. Hacen Tai Chi Chuan, juegan al croquet… ¡Aquí se inventó el karate!
- Serenidad: la población de la isla se toma el tiempo para descansar, y una vez a la semana van a la playa sólo para agradecerle a la vida el seguir viviendo. Para Curtay es importante “saber parar” porque nuestra sociedad nos sobreestimula. Pero ¿cómo hacer una pausa? “Antes de comer podemos parar y respirar profundamente para sentir nuestro cuerpo. Así abordaremos el almuerzo o la cena sin estrés y evitaremos llenarnos”, propone el experto.
- La vida comunitaria: los habitantes de Okinawa están rodeados de gente. No sólo se implican en la vida del pueblo sino que pertenecen a clubes de barrio donde todos muestran su solidaridad.
Precauciones
Como todas las dietas, la de Okinawa no es perfecta y debe adaptarse a cada uno, puesto que no hay régimen que sea conveniente para todo el mundo. Así, el hecho de reducir las carnes rojas, aunque suele ser beneficioso para la mayoría de las personas, puede producir carencias en las mujeres embarazadas o en aquellas cuyas reglas son muy abundantes.Hay que recordar igualmente que el régimen de Okinawa no contiene productos lácteos y para evitar las carencias deberían consumirse productos enriquecidos con calcio.
En cualquier caso, no te pases a la dieta Okinawa de la noche a la mañana; es mejor que introduzcas los cambios poco a poco.
A. Sousa
terça-feira, fevereiro 22, 2011
O Palácio da Ventura - Antero de Quental
Sonho que sou um cavaleiro andante. Por desertos, por sóis, por noite escura, Paladino do amor, busca anelante O palácio encantado da Ventura! Mas já desmaio, exausto e vacilante, Quebrada a espada já, rota a armadura... E eis que súbito o avisto, fulgurante Na sua pompa e aérea formusura! Com grandes golpes bato à porta e brado: Eu sou o Vagabundo, o Deserdado... Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais! Abrem-se as portas d'ouro, com fragor... Mas dentro encontro só, cheio de dor, Silêncio e escuridão - e nada mais! Antero de Quental
"A Boa Vida Segundo Hemingway"
Sempre me senti atraído pela personalidade deste escritor americano e acho, quanto mais velho o tempo me faz, cada vez me identifico mais com a sua forma de ver o mundo peculiar e politicamente incorrecta.
Hotchner foi um grande amigo de Hemingway e pôs em livro alguns dos seus pontos de vistas, frases polémicas, pensamentos e mesmo aforismos. Este livro figurava esquecido no meio de magotes de papel numa feira do livro de um hipermercado de electrodomésticos, um local onde eu nunca imaginaria encontrar algo deste Nobel, mas eis a ironia das casualidades...
"O mundo é um local fantástico pelo qual vale a pena lutar, e eu detesto ter de o deixar" (curioso tendo em conta a morte do escritor...).
"O meu objectivo é colocar no papel o que vejo e o que sinto da forma mais simples e melhor". (E quem disse que não há complexidade na simplicidade?).
Oh, Hemingway! Pode ser que um dia destes nos encontremos e possamos ir à caça juntos!
Hotchner foi um grande amigo de Hemingway e pôs em livro alguns dos seus pontos de vistas, frases polémicas, pensamentos e mesmo aforismos. Este livro figurava esquecido no meio de magotes de papel numa feira do livro de um hipermercado de electrodomésticos, um local onde eu nunca imaginaria encontrar algo deste Nobel, mas eis a ironia das casualidades...
"O mundo é um local fantástico pelo qual vale a pena lutar, e eu detesto ter de o deixar" (curioso tendo em conta a morte do escritor...).
"O meu objectivo é colocar no papel o que vejo e o que sinto da forma mais simples e melhor". (E quem disse que não há complexidade na simplicidade?).
Oh, Hemingway! Pode ser que um dia destes nos encontremos e possamos ir à caça juntos!
segunda-feira, fevereiro 21, 2011
Um ciclista no sertão de Pernambuco
domingo, fevereiro 20, 2011
"Up in the air"
E se a nossa existência coubesse numa mochila? Quantas vezes já sentimos (senti) isso?
Gostei particularmente deste filme por isso, pela reflexao nómada de quem é de um sítio, sendo na realidade de muitos.
As imagens da elegância vazia das solitárias malas de viagem ilustram bem o que referi.
Bom filme, bom momento e boa companhia caseira!
Have a nice weekend!
quinta-feira, fevereiro 17, 2011
Obrigado ao Pedro Luis e para o meu amigo Luís Neves (que sei que gostará)
na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu, depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.
Poema: José Luis Peixoto
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu, depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.
Poema: José Luis Peixoto
segunda-feira, fevereiro 14, 2011
Desenrascado
Foi o meu avô, o “Ti João” para os amigos, que me introduziu na dependência alentejana das navalhas. Esta é a sua, que guardo religiosamente.
Usar navalha, verdade que é um canivete suíço e não a negra e oxidada lâmina tradicional, faz-me sentir “desenrascado” (talvez a palavra que mais gosto da língua portuguesa), quem sabe, até mesmo, um espírito à “la MacGuyver” que, com uma “naifa”, fita isoladora, uns elásticos e uns clips, livrava o mundo de terroristas e malfeitores.
Na realidade, isto não passa de uma divagação solitária, fora de horas, que me fez lembrar que já que tens a montanha no teu caminho e não a podes escalar, aprende a contorná-la…
Boa noite.
Desafiamos a gravidade do porvir
(Texto escrito a propósito da importância do "toque" nos primeiros meses de existência do Bebé, a pedido de uma pessoa muito querida...)
Desafiamos a gravidade do porvir,
Nas palmas firmes das minhas mãos.
Serenamente sinto o passado, num futuro que meu não será
Mas no qual ecoará o timbre do meu existir.
Há palavras que teimam rebentar dum grito inato
Vindo ao mundo leve de carga, cristalino, intacto…
Que a tacto percorre e aprende as minhas cicatrizes,
Como se de um mapa se tratasse…
O instinto agarra forte o meu dedo,
Nada lhe indica. Apenas me responsabiliza.
A agulha de uma bússola orienta
Para o norte magnético de um amparo apenas …
Sussurra-me ao ouvido o azimute do cúmplice
Olhar do destino que, no plural, me interceptou …
E assim,
Num peito, feito porto,
Atraco o meu filho às amarras da minha vontade.
Fecho os olhos. Aceito e em silêncio agradeço,
A qualquer Deus que possa existir,
As pequenas coisas que fazem grande esta minha,
Nossa, madrugada
De mãos, alvas,
Dadas ao mundo.
segunda-feira, fevereiro 07, 2011
“Adiós” Ramal de Cáceres
131 anos por esses carris e travessas de história não foram argumento suficiente. O ramal de Cáceres foi suprimido no primeiro e derradeiro dia de Fevereiro. Para trás ficou o eco serrano da indignação popular e autarquias do norte alentejano que pouco, na realidade nada, pôde fazer contra a posição impassível da CP.
Este itinerário entra em Espanha através do Parque Natural da Serra de S. Mamede, deixando para trás localidades tão belas como Castelo de Vide e Marvão, servido pela última estação lusa da Beirã, e enclave fronteiriço com a estação espanhola de Valencia de Alcántara.
Como antes referi, os números não foram significativos para a CP, argumentando que a média diária de três passageiros não justificava o serviço. Houvera já há escassos anos um prenúncio da morte desta linha férrea, durante os meses de inactividade para uma suposta melhoria na via, mas será que o património cultural, histórico e humano não poderiam ser uma mais-valia ater em conta? Um argumento a considerar e a potenciar pelos Caminhos de Ferro Portugueses? Utilizando e explorando as característica e especificidades dos vários ramais implementados desde o século XIX em Portugal?
Claro que não. Se o mesmo aconteceu com a mediática linha do Tua (em pleno Douro, património mundial vinhateiro), como é que o sotaque do norte Alentejo se faria ouvir? Ainda por cima no despovoado distrito de Portalegre?! Sem dúvida é, e será sempre, mais fácil suprimir que correr o risco de solucionar.
Ao poder central é-lhe efectivamente indiferente o que se passa nesta região. Quer lá saber que por esta ferrovia, durante anos, passaram vidas, negócios e histórias às quais esta indiferença votou, de maneira economicista, a “reles” memória de quem por lá, literalmente, resiste. O prejuízo não está nos cofres da CP, está no descontentamento desta região que acena desde o alto da serra ao país vizinho.
Tenho a certeza que se o Capitão Salgueiro Maia estivesse entre nós - um homem de princípios e moral, como a história atestou num ideal puro, desinteressado e apolítico da Revolução dos Cravos -, estaria na frente do protesto, no grito da indignação, ao ver a sua região natal e o ramal da sua vida, no qual o seu pai trabalhou, continuando saudoso numa reminiscência ainda viva entre habitantes, ex-funcionários da CP e, mesmo, da RENFE espanhola, caírem no esquecimento de lucros a apresentar em reuniões de conselhos de gerência.
Será que se tem em conta que por esta linha ainda passa um comboio diário fundamental na acessibilidade ferroviária ibérica? Será que o “Lusitânia Comboio Hotel” também está votado às mesmas medidas? Se já se pondera o mesmo para o “SudExpress”… não seria uma surpresa certamente.
Enfim, utilizando linguagem ferroviária, só o futuro sabe se os nossos decisores continuarão a optar pela bitola mais fácil e comum, a da supressão…
quinta-feira, fevereiro 03, 2011
terça-feira, fevereiro 01, 2011
Dia mundial sem carro - Paulo Ito
Temáticas:
Artes Plásticas,
Bicicletas
quarta-feira, janeiro 26, 2011
segunda-feira, janeiro 24, 2011
“¡Esos portugueses, hijos de sus madres son!”
Há uma boa expressão idiomática portuguesa que diz: “Quem não se sente, não é filho de boa gente!”. Na realidade, a sabedoria popular está repleta de este tipo de provérbios que se adequam a alguns aspectos da realidade que nos rodeia.
Na realidade espanhola de certeza que existe uma expressão análoga a esta, ainda que diferente na sua forma, mas com um sentido idêntico. Poderia perfeitamente ser abordada nos meios de comunicação para ilustrar o que se tem passado nos campos de futebol por onde a equipa de Cristiano Ronaldo e José Mourinho passa.
Todos sabemos que o mundo do futebol, e dos clubismos (rima com fanatismos), pouco tem de racional, estando sempre o emocional ao rubro. Também todos sabemos que estes dois digníssimos portugueses não reúnem consenso, nem adoptam posturas unânimes em termos de atitude, mas nada justifica os brados de fúria, ódio e morte que ecoam das bancadas repletas de “hinchas” que nos remetem para um racismo acéfalo e demagógico típico, mas que insiste em perpetuar-se ao longo dos anos.
Há escassos minutos terminou um jogo da 2ª volta para a “Copa del Rey”, um derby entre o Atlético de Madrid e o eterno rival Real. O mesmo terminou com um golo português para o Real Madrid e com a eliminatória ganha para os merengues. Até aí nada de especial, apenas desporto.
Mas este jogo ficou marcado por insultos da parte dos “Colchoneros” a José Mourinho (“¡Muérete Mourinho!”) e a CR7 (“¡Ese português, hijo p… es!”). Não podemos deixar de salientar que os lesados, muitas vezes, também incentivam os impropérios, alegando mais motivação. É triste e pouco digno de ambas as partes.
Primeiro, a “afición” do Atlético apupa e insulta o treinador e o avançado utilizando a sua nacionalidade, esquecendo-se que em campo tem um elemento inquestionável como Tiago. Também não se lembra que até há pouco Simão suara com dignidade a camisola “colchonera” e que fora um tal de Paulo Futre que marcara o derradeiro golo que deu a última “Copa del Rey”! Sem esquecer que Futre, para além de símbolo do clube, foi director desportivo… Enfim, incongruências perigosíssimas típicas da xenofobia.
Há uns anos, Luís Figo foi alvo do ódio “culé” dos barcelonistas, apelidado de “pesetero”, teve até direito a lançamentos de cabeças de porco no Camp Nou, mas não me parece que seja nada de especial comparado ao que se vê ultimamente nos relvados da liga espanhola.
O futebol em Espanha, em todas as ligas e divisões, gera cerca de 2% do PIB espanhol, o que evidencia a sua real importância, que vai bem além da teoria do “pão e do circo”, sendo ainda a sua influência mais determinante na mundivisão do país vizinho.
Federações, clubes e governos deveriam prestar mais atenção a estes fenómenos que, apesar de muita gente não se dar conta, influencia nas nossas relações transfronteiriças que nos últimos anos têm posto frente a frente Portugal e Espanha, contrariando a secular tendência de estar de costas voltadas para os vizinhos do outro lado da fronteira.
Motes como “Ese português, hijo p… es” podem começar a extrapolar as linhas dos relvados e a influenciar a imagem que “nuestros hermanos” têm de nós. Não é difícil, e não sei mesmo se isso não está já a acontecer.
Felizmente Portugal não se resume a chuteiras com estilo e blocos de notas futebolísticas sisudos!
Subscrever:
Mensagens (Atom)